Além da amizade

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Três anos se passaram desde aquele primeiro ano mágico em Hogwarts, e muita coisa mudou. Minha ligação com Harry, Rony e Hermione aumentou. Passamos por aventuras épicas, enfrentamos criaturas mágicas, superamos desafios nos campos de quadribol e aprimoramos nossas habilidades mágicas. Juntos, crescemos como bruxos e como indivíduos, partilhando as alegrias e as dores que a vida em Hogwarts trouxe. Ficamos um pouco mais velhos, já não éramos mais as mesmas crianças de antes. Foi no terceiro ano que comecei a me aproximar mais de Harry, e comecei sentir algo diferente por ele, além da amizade, mas não tinha coragem de contar.

Em uma madrugada desci as escadas do dormitório e encontrei Harry sentado em frente à lareira, me sentei ao seu lado e fiquei observando o livro que ele estava lendo.

- Está sem sono também? - perguntei, notando a expressão preocupada nos olhos de Harry.

- Não estou conseguindo dormir há alguns dias, tem algo me incomodando. - respondeu, parecendo hesitante.

- Se quiser falar sobre isso eu estou aqui. - falei.

- Não, Anne, tudo certo, são apenas coisas da minha cabeça. Não quero te preocupar - Harry murmurou, desviando o olhar.

- Harry, eu sou sua amiga, sempre que precisar estarei aqui para te ajudar. - insisti, percebendo a necessidade.

- Obrigada. - disse ele, segurando minha mão de maneira reconfortante. Senti um arrepio nas minhas costas com o toque dele.

- Acho melhor subirmos antes que alguém apareça. - sugeri.

Voltamos para nossos dormitórios, mas eu não consegui dormir, passei a noite toda pensando em Harry.

A luz do amanhecer começou a penetrar pelas cortinas, o novo dia em Hogwarts se iniciava, mas, enquanto os outros se preparavam para as aulas e as atividades cotidianas, eu não tirava Harry da cabeça.

Desci para o salão principal para tomar meu café da manhã junto com Hermione, no meio do caminho Draco Malfoy e seus amigos passaram por nós e ficaram me encarando.

- Bizarro. – Falei.

- Eles sempre foram bizarros mesmo. – Disse Hermione.

- Desde o ano passado Draco vem me encarando com aquela cara de bunda dele, quase todos os dias ele faz isso.

- Ignore ele, Anne. – Disse Hermione.

À medida que os dias se passavam em Hogwarts, uma complexidade de emoções tomava conta de mim. Meus sentimentos por Harry cresciam de maneira incontrolável. No entanto, esse tumulto emocional alcançou um novo patamar quando eu descobri que Harry tinha interesse em Cho Chang. A notícia atingiu como uma onda, e uma tristeza indescritível se instalou em meu coração. Tentava, de todas as formas, manter distância, procurando ocupar minha mente com atividades e interações que não envolvessem Harry, o que era difícil, pois ele era meu amigo, fazia parte do meu grupo de amigos. No entanto, não importava o quanto eu me esforçasse, a dor persistia.

Certa noite, enquanto a lareira da sala comunal projetava uma luz suave e acolhedora, eu estava perdida em meus pensamentos. Foi então que Hermione se aproximou e se sentou ao meu lado, compartilhando o calor da lareira.

- Tudo bem Anne? - perguntou ela.

- sim, só estou sem sono.

- Tem certeza que está tudo bem? Harry me falou que você vem ignorando ele e quando ele tenta falar com você, você é um pouco grosseira.

- Não é nada.

- Anne, você gosta dele? Anne, dá para notar o jeito que você olha pra ele. Você deveria falar pra ele.

Respirei fundo, sentindo a confiança que sempre existia entre nós. Decidi abrir meu coração e compartilhar os sentimentos que me atormentavam.

- Do que adiantaria, ele vive atrás da Cho.

- Vou te contar uma coisa, Cho está namorando com Cedrico, ela não quer o Harry, você deveria aproveitar essa oportunidade e falar com ele logo. Bom eu vou pra cama, você deveria ir também.

Ela se levantou e foi para o dormitório, eu fiquei mais um tempo em frente a lareira, mas logo fui para a cama também.

Naquela noite, mergulhei em um sonho que deixou minha mente atordoada. Encontrei-me em uma sala escura, onde reinava a escuridão e nem mesmo a luz parecia capaz de penetrar. O ambiente era envolto em mistério, como se fosse um cenário de um conto sombrio. De repente, uma fumaça verde começou a se materializar ao meu redor, serpenteando pelo ar e preenchendo a sala com sua presença sinistra. A sensação de tontura se intensificou à medida que a fumaça se espalhava, criando um véu turvo entre a realidade e a imaginação do sonho. Desmaiei no sonho, como se minhas forças estivessem sendo sugadas por alguma presença desconhecida. Ao acordar na manhã seguinte, a lembrança do sonho permanecia fresca em minha mente. Passei o dia todo tentando desvendar os significados ocultos por trás daquelas imagens oníricas. A fumaça verde, a escuridão opressora, tudo parecia uma metáfora de alguma preocupação ou temor que ainda não havia se revelado completamente.

A dificuldade em falar com Harry persistia, como uma sombra que pairava sobre nossa amizade. Cada encontro, cada troca de olhares, tornava-se um desafio emocional. Ficar perto dele parecia abrir feridas emocionais que eu tentava desesperadamente esconder. Sabia, em algum nível, que a conexão que buscava com Harry estava fora de alcance, pois seus sentimentos estavam direcionados para Cho Chang. A presença de Cho na equação tornava tudo ainda mais complexo. Mesmo que Harry a desejasse, ela já estava envolvida com outra pessoa. Essa realidade acrescentava camadas de tristeza e frustração aos meus próprios sentimentos. A situação tornava-se especialmente desafiadora quando estávamos todos juntos, como se as emoções não ditas pairassem no ar, criando uma atmosfera tensa. Tentava disfarçar meus sentimentos, sorrindo como se nada estivesse errado, enquanto a tristeza residia no fundo dos meus olhos.

Certa tarde, eu estava sentada sob a sombra reconfortante de uma árvore à beira do lago, imersa em pensamentos, quando Harry apareceu e se sentou ao meu lado.

- Olá, Anne. – cumprimentou ele.

- Oi, Harry.

- Hermione disse que você estaria aqui.

Maldita Hermione, por que ela não consegue manter a boca fechada?

- Queria falar com você, Anne. Eu fiz alguma coisa que te deixou triste? Queria saber, pois você nem está olhando para minha cara há dias. Se fiz alguma coisa, me perdoa.

- Você não fez nada, Harry. Sou eu quem está fazendo.

- Não entendo.

- Você não entende?

- Preciso que você me fale o que está acontecendo para eu poder te ajudar.

- É complicado, Harry.

- Me fale, por favor.

- Eu gosto de você, não é apenas amizade, Harry. Eu me afastei porque estava me machucando ver você atrás de Cho o tempo todo.

Ele ficou em silêncio por um minuto, seu olhar perdido na superfície serena da água.

- Desculpe, se eu soubesse, nunca teria falado dela pra você. Me perdoa.

- Tudo bem, Harry. Você não tem porque pedir perdão, eu sou culpada.

Ele segurou minha mão.

- Você não tem culpa de nada, Anne. Olhe pra mim. Não gosto de te ver assim distante de mim, e nem de quando você me ignora. Você sabe que sempre gostei de conversar com você.

- Eu fui uma idiota em me afastar.

- Volte a ser como era antes, por favor. Preciso de você.

- Tudo bem. – respondi.

Ele me deu um abraço, e naquele momento, senti um peso sendo levantado

AmaldiçoadaOnde histórias criam vida. Descubra agora