"Agora, pare a percussão. Eu quero ter uma discussão e é Natal, então isso vai ser um pesadelo, eu só vim para o recheio, não para discutir sobre nada. Marque minhas palavras eu estarei em casa dia 23", - The 1975, Wintering.
*
Sábado, 02/12/2023. Minha folga, então porque meu telefone estava tocando as sete e meia da manhã? Eu penso em deixar pra lá e ignorar até a pessoa do outro lado desistir, mas o telefone toca mais três vezes e quem desiste sou eu, resistindo a vontade de tocar meu celular na parede eu atendo sem olhar quem é.
- O que foi? - atendo mal humorada.
- Bom dia luz do dia -, a voz calma de Milo me saúda e eu paro de odiar só um pouquinho.
- Bom dia, me diz que alguém morreu e essa é a razão para você estar me ligando a essa hora.
- Infelizmente Cindy Lou, ninguém morreu.
- Que pena, isso significa que eu tenho que matar você.
- Talvez você tenha mesmo que me matar.
- Por que? - eu pergunto deixando meu braço cair sobre meu rosto -, o que você fez?
- Nada, mas eu preciso de você, de um favor especificamente.
- O que você precisar, Milo -, eu respondo, para ser honesta ele me ajuda muito mais do que eu ajudo ele, então parecia justo, além de eu ter ficado preocupada com o jeito que Milo falou, ele nunca pede ajuda.
- Minha mãe resolveu fazer uma visita surpresa, ela está chegando em algumas horas, como ela acha que estamos namorando e eu não vou passar o natal com ela porque vou viajar com você, ela veio me ver e te conhecer.
Eu gemo de frustração, isso não significa boa coisa.
- O que você precisa que eu faça, amor?
- Preciso que você passe o fim de semana conosco e se você puder trazer algumas coisas suas para não parecer que é a primeira vez que você passa o fim de semana comigo.
Nunca estive na casa de Milo, sei que é um apartamento bem no coração de Nova Iorque e é bem grande, como ele mesmo disse ele veio de uma família rica pai e mãe e é filho único, dinheiro não é problema e o conforto e luxo são coisas que ele está acostumado e claro que eu fiquei curiosa, mas não iria me convidar para ir para casa dele, já tinha sido demais eu praticamente arrasta-lo para o meu apartamento enquanto eu perguntava o tamanho do pau dele, Jesus isso ia me assombrar para sempre!
Fingir para a mãe dele o fim de semana inteiro parecia o inferno, mas para mim estava um pouco mais fácil do que a primeira vez que Milo fingiu que era meu namorado, três semanas atrás ele nem sabia o meu nome. Agora almoçamos juntos todos os dias, e pelo menos três noites na semana jantamos juntos e nos fins de semana maratonamos filmes e séries ou saímos. Eu sabia agora qual era a cor favorita do Milo, filme favorito, música e artista favorito, qual livro ele chorou lendo, quando foi seu primeiro beijo e o fora mais vergonhoso que ele levou. E eu sabia por exemplo, que o fato da mãe do Milo estar sempre trocando de namorado o incomoda e que o pai dele morreu no começo do ano.
Então, foda-se. Se Milo precisasse de mim eu ajudaria, porque ele me ajudou quando ele não sabia nada sobre mim e ele podia simplesmente ter me deixado morrer de vergonha e auto-piedade.
- Me manda teu endereço, vou estar aí em uma hora.
- Obrigado, Cindy Lou.
- De nada, mas posso levar o Grinch? Não posso deixar ele sozinho por dois dias e tá meio em cima da hora para achar alguém para cuidar dele.
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A Nonsense Christmas
FanfictionVocê sabe o que dizem sobre passar o natal sozinha? Algo sobre ser uma fracassada solitária, uma vez perdedora... sempre perdedora! Não exatamente sozinha, quero dizer, tenho família e amigos, mas passar o natal sem um namorado? Imperdoável! para mi...