Carne crua (Eyeless Jack)

Em menor numero

Já fazia um tempo desde que ela entrou em um supermercado. A Pete's Goods era apenas uma pequena rede em poucos estados do sul. A maioria deles era bem pequena, pelo menos quando comparada a coisas como o Super Walmart, mas a falta de multidões fez com que Anessa preferisse muito mais esse local caseiro. Isso e o fato de estar mais perto de casa. Atualmente, seus olhos castanhos estavam colados na seleção à sua frente.

Tempero velho.

Machado.

Pomba.

"Ele odeia isso," Anessa falou consigo mesma, descobrindo que seus pensamentos eram um campo de batalha neste momento com a intromissão incessante de Jack. Ele não respondeu tanto quando ela falou seus pensamentos em voz alta. Possivelmente porque ela muitas vezes falava sem pensar. Ela estava ficando muito boa nisso.

A seção masculina era algo que ela nunca ia desde que seu pai morreu. Ocasionalmente, ela comprava um pouco de colônia para Dylan - um homem que sempre reclamava de coisas que se esquecia de comprar, mas nunca fazia isso - porque era para isso que serviam os amigos. No momento, Cora não estava comprando Jack como amigo. Seria bom para ele pelo menos tentar encobrir o fedor que exalava. Aquele cheiro natural que nenhum sabonete conseguia mascarar.

"Ele usa sabonete?" Anessa murmurou. Mais provável que não. Sim, ele toma banho com frequência agora, mas nunca sente o cheiro de pomba de aveia ou espuma de coco dela. Ele sempre cheirava como ele mesmo, só que menos potente.

Por um segundo, ela sente o cheiro dele desprevenido. Droga, ela já cheirava como ele. Há quanto tempo ela estava ali na ilha de desodorantes masculinos? Muito tempo, provavelmente, porque ela ainda não tinha tomado uma decisão. Decidindo-se por Dove Sensitive, ela joga o item em seu carrinho de transporte antes de caminhar pesadamente em direção à ilha do freezer. Coxas doloridas e latejantes dificultavam a caminhada. Onde havia dor, também havia vergonha nos recônditos de sua mente. Ela ainda podia sentir o toque de suas garras roçando levemente suas coxas, o alongamento que ele lhe dava em seu núcleo, ao qual era tão difícil se acostumar, dado o quão bem dotado ele era. O cheiro dele não estava tornando isso melhor para ela. Sentindo aquela coceira em seu corpo, ela imediatamente abriu o freezer antes de mergulhar. Anessa parecia estar examinando a seleção, mas não estava. Ela estava apenas tentando se acalmar.

"Por que não posso dizer não para você...?" ela ferveu.

"Porque seu corpo está simplesmente reagindo de acordo com o de seu companheiro."

Anessa não sabia nada sobre animais. Ela não sabia como eles funcionavam, como eram seus instintos... ela sabia o básico sobre ursos e panteras, é claro. Isso era necessário para ela como guarda florestal. Mas seus ciclos de acasalamento, marcação e outros fatores. A cada dia que passava, Anessa se sentia menos humana.

Se o bastardo não estivesse com tanto tesão o tempo todo, então talvez ela pudesse andar direto durante a última semana. Concentrando-se no que estava ao seu redor, ela percebeu que estava olhando fixamente para o sorvete. Anessa nunca gostou de sorvete - então por que ela sentia tanta falta dele? Com o nariz enrugado, ela sai antes de fechar a porta de vidro. Já fazia muito tempo que ela não comprava nada no supermercado, e duvidava que o fizesse tão cedo. Nunca mais, até. Correndo pela pequena área do shopping, Anessa retorna para buscar outros suprimentos necessários. Toalhas de papel, loção, creme de barbear.

Agora que ela pensou sobre isso, quando foi a última vez que ela menstruou?

Anessa não estava mentindo quando disse a Jack que estava preocupada com a gravidez.