Curiosidade

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Idiota. 

 Ele gargalha, sua risada demente e cheia de raiva. Ele sente um cheiro, seu nariz se alarga enquanto seu corpo mergulha em arbustos e arranca pinheiros velhos e sólidos. Pés saltitantes estavam a apenas um metro de distância dele, e Jack chutou mais forte. Viajei mais rápido. 

Pregos enterrados na carne de um lobo em fuga, o uivo morrendo em sua garganta quando ele o prendeu entre suas coxas musculosas. Cada golpe, cada soco, gritava um barulho agonizante que era ensurdecedor. Isso assustou os insetos, os pássaros, os animais da região. Logo era só ele e aquilo, e nada estava vindo para salvá-lo. O sangue cobriu seu corpo – Jack nunca desperdiçou sua preciosa energia matando animais assim por diversão. Ele nem sequer passou, concentrando-se apenas no torso. Pegando-o aos poucos, rasgando a carne mutilada até que finalmente morra de choque. O dedo cavou na terra, Jack se curvando sobre sua presa para recuperar o fôlego selvagem e cambaleante. 

Você se sente melhor agora, Jack?

Outra risada desliza por seus lábios voltados para baixo, seu corpo está tão tenso que ele jurou que sentiria dor pela manhã. As veias pulsavam sob sua pele coriácea, seu corpo pingando suor. Ele fingiu que o corpo abaixo dele era Anessa, mas isso não foi suficiente para satisfazê-lo. Apenas seu cadáver dilacerado pertencia a ele e nada mais.

Mas... ele também não queria isso, não é?

Ele a queria debaixo dele, mas não sofrendo. 

Implorando.

Implorando para ele não parar.

Implorando para que ele a beijasse.

 “Não... pare...” listras enegrecidas se espalharam por seu rosto, suas mãos apertando seu crânio com força, seu corpo se curvando enquanto ele chorava silenciosamente. 

Você está sem esperança.

Durante todo o dia ele tentou pensar em outra coisa, qualquer outra coisa que não fosse ela. No entanto, isso era tudo o que ele pensava. A conexão os deixou tão próximos que ele podia saboreá-la, cheirá-la, ouvir sua voz. Jack trabalhou tanto para memorizá -la antes de tudo isso que acabou se ferrando. Agora ele não conseguia nem esquecer.  Ele se lembrava de todas as suas vítimas, mas não da mesma forma como se lembrava dela.

Você se vê nela, não é?

Claramente, essa era a única razão pela qual ele sentia pena de algo tão minúsculo quanto Anessa. 

Lá estava ele de novo – ele estava pensando demais nela. Nem mesmo se preocupando em se deliciar com os restos esfarrapados, Jack fica de pé, coberto de sangue, enquanto caminha pelos matagais de volta para casa. 

Pela primeira vez em muito tempo, Anessa sentiu frio. 

Tremendo, congelando de frio. Mas não foi o ar gelado que a fez tremer.

Foi aquela... coisa. Aparecendo. Assistindo. Silenciosamente.

Olá, minha criança indefesa. 

“O-o que é você?”

Anessa acordou às 4h37, gritando. Suor espesso cobriu seu corpo, sua respiração rouca em seu peito. Dois braços apertaram cada lado de sua cabeça. Anessa, após sua loucura, estava tentando se acalmar. 

Carne crua (Eyeless Jack)Onde histórias criam vida. Descubra agora