Palavras da alma

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13:00 PM - 21/06/2023 - segunda-feira.

No tempo me perdi
O tempo me perdeu
Todavia: o amor me esqueceu.

Ah, leitor (...) não sei como te dizer isso, acabei de terminar o almoço com Christian no colégio; e olhar o jovem rapaz dessa forma, é sem dúvidas, uma constante tentação para mim; sou louco, hediondo e pecaminoso; sinto um complexo de inferioridade perto dele; sinto como se eu não fosse nada, me sinto como um pêndulo entre o divertimento e a ignorância; seria eu, um abissal ignóbil?
     Sinto que com os dias a passar, fico mais louco; não sei... Não sei! Perto desse garoto, os minutos parecem dias, os dias parecem anos, os anos parecem eternidades; sou eu, louco, ou apaixonado?

     Sapos pulam e bagunçam a minha cabeça; sapos com ternos, bengalas e instrumentos musicais; a fantasia na qual amava, agora me perturba; pois enfim, acho que encontro o propósito que antes era perpetuado em fingimentos... E ilusões.

Somente paramos
Quando respiramos
Somente amamos
quando choramos

     Ao passar calorento do tempo, sinto me friorento, de uma forma na qual não sei explicar; é louco? Eu sou louco!
     Sentimentos que sentimos quando paramos para sentir são absurdamente sem sentidos. É como uma cebola grande em nossos olhos; é como me sinto agora, entende?

Christian e eu terminamos de comer, mas o recreio ainda não acabou.

— Quer sair daqui? - perguntei.
— Pode ser, vem comigo, eu conheço um lugar bem legal - ele respondeu.

Eu e o garoto saímos do refeitório, e saímos pelo portão do colégio em direção ao pátio; ele me levou para uma floresta, floresta essa que parecia mágica; despida de qualquer normalidade arrogante. Árvores de tonalidades diferentes de um verde, folhas caídas, poças d'água espalhadas, era como uma floresta mágica.

— Para onde está me levando, Christian? - perguntei, andando naquela floresta.
— Quando chegar você vai ver. Será incrível.

Após um longo tempo de caminhada - alguns minutos apenas, porque eu sou muito preguiçoso -, chegamos à um local abandonado por completo; tinha um pequeno portão feito de galhos e folhas.

— Mas o que diabos é isso? - perguntei.
— Hehe, você vai gostar.

Quando atravessamos o dito cujo portão, fiquei boquiaberto; era um grande e cristalino lago, com pedrinhas bonitas ao redor; era magnífico, lindo; naturalmente lindo, sem precisar de modificações; tinha beleza e essência própria.
Sem menos esperar, o garoto tirou a camisa na minha frente, pude ver o delgado corpo do garoto; era lindo, magnífico; por quê me atraiu? Seria eu, vítima do pecado? Seria este pecado, o amor? Não sei, leitor... Esse garoto me deixa em constantes confusões.

— Vamos, tira a camisa também! - disse ele.
— Ah... Então... É que eu não - o garoto simplesmente chegou até mim e tirou o meu paletó e suéter por conta própria. E enquanto meu despido corpo se encontrava no palco do hediondo julgamento - que eu pensei ter -, ele não disse nada, absolutamente nada, nada saiu de suas bocas - todavia, sua alma me disse algo; sua alma beijou a minha; travou laços entre nossos corações e consciências; armou a armada do amor; da beldade; amou-me como o devoto ama a Deus; e que misericordioso seria esse amor, se deste saísse reciprocidade. Christian segurou minha mão, e levou-me junto com ele até aquele lago. A água estava absurdamente confortável e cheirosa; era como se os divinos tivessem previsto aquele momento, como se tivessem o escrito no livro sagrado. Sentados, um do lado do outro naquele lago cristalino, com nosso corpo na água, e o vento sobrevoando romance em nossos cabelos, cabe a mim dizer:

— Gosto de você, Christian.
O momento é arriscado, mas por Deus; acho que ele é o próprio risco.
— Também gosto de você, Pierre.

O garoto e a estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora