Perfume

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05:00 AM - terça-feira -22/06/2023

— Atenção, acordem, rapazes - disse o homem, batendo palmas e abrindo a janela do dormitório; quando abri minuciosamente os olhos, pude ver quem era, era aquele padre com beleza exagerada -, vistam os uniformes e vão direto à missa, imediatamente!

— Bom dia, Christian - disse bocejando -, onde que fica essa tal de missa?

O garoto acordou com seu cabelo bagunçado no rosto, de uma forma bonita.

— Ah sim (...) - bocejou -, vamos se vestir, o local da missa é aqui do lado praticamente, é uma pequena igreja fora da escola, acho que você não a viu quando entramos aqui ontem.

   Enquanto o garoto se levantou à minha frente para se vestir, apenas observei maravilhado, ele é essencialmente único. 

— O que foi, poeta? - uma risada confortável -, vai ficar somente me olhando? Ou (...) - rapidamente pegou a blusa e jogou na minha cara -, pensa rápido! ! !
—  Você tem um cheiro muito bom, pequena estrela - comecei a me trocar, junto com ele -, essa missa, ela demora?
— Olha (...) isso depende muito de quem vai fazê-la; se for o padre Otto, ela vai demorar. E muito! Se for o padre Benício, ela não demora quase nada, porquê ele é incrível! Os outros padres aqui no colégio (...) bom, eu não os conheço muito bem.
— Quem é o padre Benício? E como assim? Você não conhece direito os outros padres?
— Padre Benício é um poeta e escritor, você vai gostar dele! Nossas três primeiras aulas de poesia são com ele! (...) bom... Eu não conheço porquê geralmente as missas são apenas entre o padre Benício e o padre Otto.
— Entendo - respondi, enquanto ajeitava o uniforme e amarrava os cadarços do sapato -, bom, você ja está pronto?
— Sim.
Idem aos outros alunos, que já estão arrumados, e seguindo o monitor para o local da missa; enquanto isso, eu e o garoto conversamos.

— Christian, posso te fazer uma pergunta? - perguntei ao garoto, enquanto andamos juntos, seguindo o monitor.
— Claro! Qualquer pergunta.
— Certo. Ontem à noite, quando perguntou-me se eu lhe amava; estava falando sério? Sente o mesmo por mim? Ou eu fui exacerbadamente emocionado? - perguntei ao garoto, em um tom meio acelerado, quase que nervoso, e enquanto isso, parei de andar, aguardando uma resposta.

     O garoto seguiu andando por pouco, parou-se, e me disse sem me olhar aos olhos:

     "Tu és essencialmente aventura; tu és amavelmente, a fantasia que cura. Tu és, senão, a única oração de que preciso; a minha única salvação."

Após isso, o garoto seguiu misteriosamente correndo pelo corredor, me deixando sozinho na porta do dormitório. Por Deus, leitor, sinto-me incendiar-me o coração sempre que partilho poemas da alma com esse garoto, ele é puramente e minuciosamente, a única dança de amor, e será por toda a minha vida; não me vejo amando outro, além dele, e não importa por quais pecados devo-me deixar a alma padecer, ele és a minha única chance de viver.

     Se um dia morrer, morrerei feliz; porquê imensamente tive a chance de sonhar; a chance de amar. Como uma criança chora ao luar, pela memória que já foi-se.

     Após correr imensamente atrás do garoto, com uma propagada ideia de amor na mente, escutei em uma porta, uma certa conversa:

— Não... Está tudo sob controle - a voz parecia ser a do maldito padre Otto, rígida, sem alma; quase que de taquara rachada; no entanto, parecia que o homem estava sussurrando -, ninguém irá descobrir o nosso caso, fique absurdamente tranquilo.

     O que o homem quis dizer com isso?! - por Deus, seria ele, um homem desprovido de identidade própria? Tendo casos com outros homens provavelmente? E se for alguém da escola? E se for um dos meninos? E se for uma criança?!
     Deixarei isso para depois, mas irei indagar; irei punir esse esdrúxulo homem, por ter encostado em meu Serafim. Ele há de me pagar.

O garoto e a estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora