Brilho apagado

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Ainda que em mágoas,
Pude ser, em lágrimas,
Feliz...
Eu te amo, pequena estrela.

Enquanto estávamos eufóricos, corríamos pelas ruas amanhecidas de Paris, uma felicidade demasiada, para dois jovens infinitos. O momento era esse, um momento eterno; uma memória à infinito prazo.

— Pierre... Te amo tanto... tu és uma chuva de chocolate com amendoim!
— Chocolate com amendoim? - perguntei sorrindo.
— Sim! Porquê eu amo chocolate com amendoim, e também te amo mais ainda!

Após andarmos por um longo tempo, chegamos na estação, estava absurdamente vazia...

O trem do imaginário
Se perde em becos isolados
Quando lhe falta o aprendizado,
De uma fantasia; de um sonho amado.

Entramos no trem, e sentamos no primeiro vagão que encontramos. Christian sentou-se ao meu lado, e enquanto debruçava a cabeça na janela, minuciosamente e acidentalmente, nossas mãos se encostaram novamente.

Pude ver nos teus olhos

O que ninguém
enxergou nos meus.

E enquanto o trem deu-se partida, continuamos a nos encarar, e de uma maneira sucinta, acho que nossas infinitas versões, ali mesmo, se apaixonaram novamente...

— Se um dia eu morrer, quero que seja no teu braço, Pierre - o garoto disse, e enquanto isso, uma pequena lágrima debruçou em suas bochechas rosadas.
— Christian... - com minhas gélidas mãos, peguei em sua bochecha levemente, e enxuguei com os dedos a lágrima...

O que não te disse
Foi que, se você morrer
Morrerei também.
Afinal, o que é uma lua sem sua estrela?

Enquanto a janela de nosso vagão estava aberta, ventos que sobrevoam segurança e esperança vieram brincar com nossos cabelos, nossas essências; nossas almas.

— Sabe, Pierre... - enquanto colocou a cabeça pra fora da janela do vagão -, quando crescermos, não serei mais sua estrela, serei tua constelação; e tu não serás a minha lua, serás a minha aluada esperança.

Não tive coragem para responder, que me perdoe Deus, mas não pude parar de olhá-lo janela à fora, com seu estonteante cabelo. Se eu morresse agora, garantiria ciúmes e inveja para todos os pintores e artistas do mundo, porquê tenho em minha frente, a mais bonita obra de arte. O sorriso que ilumina sol, e faz inveja às estrelas e constelações de todo o universo. E se um dia, leitor, um dia me colocarem no paraíso, prevejo uma eternidade baseada em tédio, porquê não há no mundo, paraíso que se iguale à ele. Em toda minha vida... Acho que, de fato, apenas peguei-me por existir; afinal, só se vive quando amas. E por Deus, esse garoto é muito mais que amor. É um contente louvor. Um sonho que nunca irá acabar! (...) às vezes, quando criança, peguei-me por pensar: "e o que sou? Porque ninguém me ama? O que fiz de errado?" E quando batia em minha própria cabeça, ecoava em minha mente, uma profunda dúvida: sou eu, o monstro da minha história? (...) Oh, pequeno eu... Como quero te abraçar agora, como quero te segurar profundamente e acariciar sua cabeça... Oh, pequeno eu... O amor é uma pequena lótus, que nasce até mesmo, do lixo! (...) mas, como qualquer outra flor, requer tempo! E como és torturante (...) Mas, leitor, acho que no fim, o tempo é o que chamam de batalha divina: sempre há luz no final do túnel. Antes, achara eu, que o tempo era um amargor; uma dor. Mas agora, com seu aprendizado em minha mente, ergo a cabeça, respiro fundo e digo: por Deus, o tempo é uma flor! Uma linda flor que desabrocha aos poucos em nossas cabeças, uma flor que, quando não cativada, apodrece. E nisso, cative o tempo! Afinal, quanto mais tempo passar: mais duradoura a amizade será.

O garoto e a estrelaOnde histórias criam vida. Descubra agora