IV

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"era como um jardineiro caminhando com uma rosa." - oscar wilde.

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O ambiente que Louis geralmente frequentava incluía milhares de bêbados fedorentos agrupados pulando ao som de algo punk. Pubs não eram assim: os bêbados eram limpos e a música era menos agressiva. Por isso, ligara para Zayn e pedira sua assistência na questão do que deveria vestir para ir até um com um rapaz chamado Harry Styles.

Agora seu amigo se encontrava jogado na cama mal montada que ficava quase no centro do minúsculo quarto de Tomlinson, vestindo calças pitorescas que causaram um sorriso sarcástico e a pronuncia do nome Aladim mais vezes do que o necessário. Uma camiseta do Arctic Monkeys completava a combinação pretenciosa de peças de roupa.

─ Você não tem uma camisa de botões? ─ Zayn perguntou com um cigarro pendendo de seus lábios rachados. Louis bufou e balançou a cabeça, negando. Ele estava de pé encarando seu corpo no espelho. Havia vestido apenas suas calças skinny pretas. ─ Tá, deixa eu pensar.

─ Você está pensando há no mínimo duas horas, Malik. ─ Resmungou, cruzando os braços na altura peito

─ Não tenho culpa se as circunstâncias estão sempre mudando. ─ Defendeu-se, tragando e depois tirando o cigarro de entre os lábios. ─ Veste aquela camiseta branca dos Stones que está um pouco destruída.

─ Isso não me parece apropriado para a grande abertura de um pub.

─ Cala a boca e põe a porra da camiseta. ─ Zayn ordenou sem alterar o tom de voz. Os seus olhos pareciam levemente mais escuros, mas era só isso. Louis pegou a camiseta do minúsculo armário e a vestiu. ─ Agora pegue aquele blazer que te dei no seu aniversário de 18 anos.

─ Não entra, Zayn. ─ respondeu como se fosse óbvio. O moreno arqueou as sobrancelhas em desafio. Louis enfiou o braço no armário e puxou o blazer preto. O árabe levantou da cama, novamente com o cigarro entre os lábios, e esticou a peça para que o amigo passasse os braços. ─ Estou sentindo minha circulação parar.

─ Eu juro por Deus que vou cortar seu pinto se você não parar de se mexer e reclamar. ─ Zayn disse, agora de frente para Louis. Ele puxava o blazer para frente e o arrumava no corpo do amigo. ─ Certo, calce aquele Vans que a gente roubou do shopping.

Louis sentia os braços um pouco presos demais, mas evitou comentar qualquer coisa. Enfiou os tênis nos pés e borrifou um pouco de perfume ─ era um Dior feminino que Niall havia pegado "emprestado" de uma ex-namorada rica que morava em Cardiff.

─ Agora, Romeu, acho melhor você correr para pegar o ônibus.

***

O pub ficava em Soho e Louis se sentiu estúpido por não ter ido de metrô até lá, porque teria sido bem mais fácil e mais rápido. Culpou Zayn e suas frases de efeito por isso enquanto atravessava a rua e encarava o letreiro luminoso por alguns segundos. The Scene.

Algumas pessoas se aglomeravam na parte de dentro e as janelas exageradamente grandes de vidro denunciavam isso. A música era do The Beatles e a cerveja parecia ser a bebida mais popular. Uma garota sorriu para ele de dentro do estabelecimento, sentada numa das mesas próximas a entrada.

Sorriu sem mostrar os dentes, virando-se de costas para ela. Antes que pudesse pegar seu celular para mandar uma mensagem para Harry dizendo que já havia chegado, foi surpreendido.

Styles estava parado de frente para ele com um sorriso no rosto, revelando suas covinhas. Vestia calças apertadas e uma camisa preta, sendo complementada por um lenço azul amarrado em seu pescoço. Os cabelos longos castanhos voavam suavemente com a brisa noturna. Ele estava incrivelmente lindo.

─ Oi. ─ Disse, educado e animado.

Uau. Oi. ─ Louis respondeu, soando mais abobado do que qualquer adolescente provavelmente soaria em seu primeiro encontro. Os olhos verdes e brilhantes de Harry estavam o desnorteando. Balançou a cabeça para os lados. ─ Bem, vamos entrar?

Harry assentiu, caminhando até a porta e abrindo-a para que ambos entrassem.

─ Você prefere mesa ou balcão? ─ Perguntou em um tom alto, já que a conversação criava uma nuvem de barulho extremamente densa.

─ Balcão. ─ Porque as bebidas chegam mais rápido, Louis pensou. E, ao ver um riso escapando dos lábios carnudos de Harry, soube que o outro havia entendido a parte implícita da frase.

Acomodaram-se em duas banquetas e o logo o barman apareceu. Após mostrarem suas identidades, pediram alguns shots de vodca.

─ Então ─ Harry começou, após virar o conteúdo de seu copo. Tomlinson havia feito o há mesmo poucos segundos atrás. ─, como é estar em uma banda?

─ Hm, bem divertido na verdade. Especialmente na The Rogue, onde nenhum dos integrantes tem dinheiro pra nada. ─ Deu de ombros, umedecendo os lábios. ─ Criamos vários esquemas ilegais para conseguir produzir música.

Harry assentiu, soltando um riso.

─ Creio que as autoridades não devam estar muito felizes com isso.

─ Fodam-se as autoridades. ─ Louis sorriu, logo em seguida pedindo mais shots ao barman.

─ Você trabalha? Quero dizer, além da banda?

─ Faço alguns cálculos para o Ted, dono do Icy Whisky. Finanças e tal. Quatro dias por semana, meio período. ─ Bebeu sua vodca com uma expressão de quem bebe água. Harry torceu o nariz ao sentir o líquido queimar sua garganta. ─ Tinha começado a fazer faculdade de Economia alguns anos atrás, mas desisti.

─ Por quê? ─ Indagou, empurrando seu outro shot para dentro do corpo.

─ Ah, não era pra mim. Esse negócio de aulas, ficar ouvindo um cara que se acha superior falar e todo o drama de provas. ─ Louis afirmou, colocando seu copo vazio no balcão. ─ E você?

─ Faço faculdade de Literatura. Como estou no último ano, estou trabalhando na minha monografia sobre a comunidade gay na Era Vitoriana e Oscar Wilde.

─ Você pretende trabalhar no quê?

─ Vou ser professor. ─ Harry disse, dando de ombros antes de pedir mais uma rodada de shots. ─ Mas, no momento, trabalho em uma boate gay de strip-tease.

Sério? ─ Louis quase se engasgou com a vodca, os olhos azuis arregalados.

Harry gargalhou.

─ Não. Eu sirvo mesas em uma lanchonete durante a tarde.

Tomlinson riu, balançando a cabeça para os lados e empurrando mais álcool garganta abaixo.

─ Aproveitando que estamos no bairro, mais tarde poderíamos passar no Broadway.

Styles sorriu com a menção do bar.

─ Seria ótimo.

The Rogue (descontinuada) (l.s)Where stories live. Discover now