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"você é rasgado em todas as pontas, mas continua sendo uma obra-prima." - halsey.

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Harry e Louis andavam apoiados um no outro pelas ruas de Soho em direção a um dos bares LGBTQ mais conhecidos da região. As boates, restaurantes e pubs estavam lotados e filas cobriam as calçadas. Luzes coloridas banhavam a pele dos dois conforme davam passos pela noite, gargalhando de coisas estúpidas e se conhecendo melhor através de um jogo de perguntas.

Apenas pararam de fazer barulhos de uma maneira animada quando chegaram até a porta do Broadway. As paredes de tijolo tinham palavras escritas em tinta spray chamativa: RESPEITO, AMOR É AMOR, QUANTO MAIS GAY MELHOR, ESTAMOS FAZENDO UMA REVOLUÇÃO, MINHA SEXUALIDADE NÃO É UM FETICHE. Uma bandeira de arco-íris era projetada com luzes sobre as diversas frases e marcações. A música que ecoava por todos os lados era pop, com uma batida animada e com letra chiclete.

Louis arrastou Harry para dentro com um sorriso enorme no rosto. As luzes rosa e azul piscavam, giravam, brilhavam. Muitos dançavam alegremente por entre as mesas nas cores do arco-íris e o balcão estava repleto de bebidas coloridas.

Ambos conheciam aquela música, por isso riram e passaram a cantar junto. Louis pediu um drink de cereja e Harry, um de abacaxi. As palavras deles se perdiam em meio ao sotaque britânico forte. O barman deixou dois copos no balcão e então foi atender outros clientes, ignorando o barulho que os dois faziam.

Louis pulou de sua banqueta, acomodando-se em pé entre as pernas longas e torneadas de Harry. Havia um sorriso em seu rosto e seus olhos azuis brilhavam quase tanto quanto as luzes neon ao redor deles. Ele bebeu um gole de seu drink e então lentamente levou os dedos até a bochecha do outro rapaz.

Harry ficou tenso, subitamente sóbrio demais. Ele viu as mãos de Louis, perto demais de seu rosto. Você precisa aprender uma lição, você não é bom o suficiente, você precisa parar de chorar, eu sou mais forte que você. Ele empurrou Tomlinson para longe, deixando sua bebida no balcão enquanto descia da banqueta.

Porra. Ele havia se preparado para o impacto. Quantos garotos já haviam tentado acariciar suas bochechas e ele simplesmente fechara os olhos esperando sentir ardência ou entrara em pânico?

Porra. Ele passou a procurar pela saída do bar.

Pessoas estavam em todos os lugares e claustrofobia o atingiu como uma bala. Não entendia o que estava acontecendo, pois já tinha se relacionado com outros garotos e sua mente não entrara no caminho. Fazia tanto tempo, tanto tempo, tanto tempo. Apesar dos flahsbacks enquanto tomava banho ou escovava os dentes, achou que tivesse se recuperado.

Olhe para mim, Harry, e pare de chorar. Você sempre faz tudo errado, então vou precisar continuar te punindo.

Talvez tivesse se enganado.

Assim que seu corpo entrou em contato com a brisa gélida noturna, respirou fundo. Lágrimas escorriam por suas bochechas e não havia nem ao menos notado. Queria se encolher em uma bola ou talvez sumir, relembrou das vezes em que observava a água na banheira de seu apartamento e ponderava sobre tentar se afogar. NÃO. Ele balançou a cabeça para os lados: já havia conversado sobre isso com seu terapeuta e todos esses pensamentos eram tóxicos.

Encostou-se no muro da loja que ficava ao lado do bar.

Havia lido um artigo sobre Estresse Pós-Traumático naquela tarde. Dizia que memórias voltavam em momentos inesperados e que a melhor maneira era simplesmente lidar com elas, encará-las. Também falava sobre pessoas que procuravam lugares para se esconder. Logo em seguida tinha um parágrafo detalhado sobre o estado de torpor que às vezes atingia quem sofria desse transtorno.

The Rogue (descontinuada) (l.s)Where stories live. Discover now