02 | paradise problems

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ANY GABRIELLY
MIAMI, FLÓRIDA.

— Problemas no paraíso?

Me virei para Alex, que comia seu almoço sentado ao meu lado. Em resposta, sorri para ele, roubando uma das batatinhas do seu prato.

— Ele não aceitou. — respondo, me sentindo frustrada.

— Assim Any, pra ele você é uma megera. — Ele diz, e eu rio. — Então faz sentido ele simplesmente não aceitar a sua proposta.

— Na minha cabeça as pessoas não negavam dinheiro fácil. — volto a falar. — Porra, ele vai me ter como "dele" por um mês, poder andar comigo como se eu fosse um troféu por aí. Quem não iria querer isso?

— Mas você é uma vadia mesmo. — o moreno diz, e eu solto uma gargalhada. Volto a atenção para a minha mesa instantes depois.

Noah estava sentado no fundo do refeitório, mas especificamente na mesa dos delinquentes. E se eu falasse que conhecia pelo menos dois daqueles caras, seria uma baita de uma mentira.

Nossa, eu sou uma megera mesmo.

Ouvi meu nome sendo chamado na mesa e voltei a minha atenção para meus amigos. Lamar falava sobre uma tal garota com quem ele tinha passado a noite, torcendo para que ela queira ve-la de novo. Liya falava sobre o gremio estudantil e o início da votação para presidente de turma.

Não tinha visto que ele havia sentado na minha mesa. Quando todos ficaram quietos, voltei meu olhar para ele. Sentado ao meu lado, usando uma calça jeans preta, e o terninho do nosso uniforme. Por cima, uma camiseta de botões aberta. O pingente do colar dele brilhava no seu peito coberto pelo tecido da camiseta.

— Duzentos dólares Dugray? — ele diz. — Só para eu ser sua vítima da vez?

— É pegar ou largar.

— Quatro e meia. — antes de se levantar, ele diz. — Você quer fama não é? Então agora vai ter.

Ele vai embora, andando pelo pátio e passando por todos. Saiu pela porta do refeitório e eu perdi ele do meu campo de visão.

— Esse garoto é estranho, Ny. — Mel disse, do outro lado da mesa.

— Mas é gostoso pra caralho. — Hina responde. Se ouve uma risadinha ao redor da mesa. — O que foi? Sorte da Claire que vai beijar aquela boquinha.

Cruzo minhas pernas por debaixo da mesa, e solto uma risadinha. Fiquei sentada ali até o sinal do final do almoço, conversando com meus amigos.

[...]

O sol do começo de fim de tarde entrava pelas janelas do Sandia. Assim que o último sinal de aulas tocou, eu fui a primeira aluna a sair da sala, sendo seguida por uma multidão atrás de mim. Fui em direção ao meu armário, o abrindo e pegando os livros de dentro.

— E aí, namoradinha do Noah Urrea?

Mando um dedo do meio para Lamar. Nour estava agarrada em seus braços, e Krystian e Hina estavam ao lado deles. Fui praticamente escoltada pelos meus amigos, indo em direção ao portão de entrada do meu castelo.

— Bom, linda, agora é com você.

Me despeço deles, começo a caminhar pelo estacionamento. Tive treino hoje de manhã, então eu usava o uniforme das líderes de torcida. O laço azul e branco balançava na minha cabeça, prendendo o meu meio rabo de cavalo.

Segurei os meus livros contra o peito enquanto me aproximava de Noah. Ele estava encostado no seu carro, um RX7 grafite.

— Você não cansa de se vestir que nem uma idiota? — ele diz, assim que eu chego perto dele. — O bom é que esse uniforme combina com você.

— Cara, não tem nada melhor pra fazer? — contexto.

— Não. — ele responde. — Você praticamente me fez ser seu garoto de programa, lembra?

— E você aceitou, seu babaca. — respondo.

Noah me agarra pela cintura e cola seu corpo no meu, me fazendo sentir cada centímetro quente da pele dele. Suspirei pesado, errando a respiração por conta da proximidade dos nossos corpos.

— Ficou nervosa, Dugray? — o sotaque dele me deixou tonta. Noah estendeu a mão, e puxou meu laço da cabeça, bagunçando meu cabelo. — Eu iria rir da sua cara se isso ficasse mais um segundo em cima de você.

Ele se afasta bruscamente, quase me fazendo cair em cima do outro carro. Olho para os lados, vendo a plateia ao nosso redor. Ajeito meu cabelo rapidamente, e entro no banco do carona.

Os primeiros cinco minutos foram tranquilos. Ninguém falava nada, e só a melodia do rap latino era presente no local. E bem, quando eu percebi que não fazia a mínima ideia de onde eu estava, resolvi falar.

— Você sabe onde eu moro, não sabe?

— No bairro de riquinho da escola, não é? — Ele pergunta, mas acaba saindo como uma afirmação. — Claro que eu sei onde você mora, Pompons. Coconut Groove, sua casa vale sete milhões e quatrocentos mil dólares.

Frustrada, virei meu rosto para a rua. Passávamos por ruas agitadas e viadutos, vendo os carros correrem ao nosso lado. Eu amava essa sensação de morar em cidade grande.

— Vamos em um local. — Noah diz, passando a marcha e virando à esquerda. — Você vai conhecer um pouquinho do meu mundo.

Eu sabia para onde estávamos indo. Era a Marina Bay, lugar onde os barcos ficavam atracados. Era um lugar que eu conhecia bastante, já que o Iate da minha família ficava estacionado em uma das docas. A melhor parte do meu verão é quando podemos andar nele.

Passamos pelo campo de golfe, onde eu dei aula para as criancinhas no verão passado. Metade do meu dinheiro em espécie eu consegui trabalhando nos dois verões passados. Pretendo fazer a mesma coisa esse ano, antes de ir para Duke.

Noah estacionou e desceu do carro. Fiz o mesmo, desamarrotando meu vestido e o seguindo. O vi tirar o terninho, a blusa de lã, e a gravata. Ele ficou apenas com a camiseta branca de botões, subindo-a até a altura do seu cotovelo.

Andamos pelo chão de cascalho até a entrada da marina, onde Noah entrou sem nem precisar. Quietos, passamos pelas partes do barco, e o garoto riu quando viu o meu estacionado na sua doca.

Uma pequena parte de mata estava por nós, e entramos por ela.

— Você está planejando me matar? — Perguntei, afastando galhos da minha vista.

— Já teria feito isso a muito tempo, não acha?

Mesmo que ele não possa ver, reviro meus olhos. E quando vi, uma lareira estava bem na nossa frente. Ela dava na parte de trás de uma área habitacional, cheia de casas bonitas.

Uma de alvenaria estava bem ma minha frente. Ele pulou um tronco de madeira, olhando para o mar no nosso lado direito. O louro se virou para mim e disse:

— Está vendo? Esse é meu paraíso.

Eighteen ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora