19 | be careful of what you're looking for.

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ANY GABRIELLY
DOWNTOWN MIAMI, MIAMI.

ERAM QUATRO HORAS DA TARDE E EU OLHAVA PARA O MEU CELULAR OBSESSIVAMENTE. Nenhuma chamada, nem mensagem de voz e nem nada. Desde dez da manhã eu não tinha notícias de Noah.

Eu falei para ele vir aqui.

O sol estava torturante lá fora. Tenho certeza que as minhas amigas estavam todas na praia, pegando o bronzeado do século. Eu conseguia escutar a música latina de longe, da avenida, e ver os viadutos da cidade bem da minha sacada. Tudo ainda parecia normal.

Menos eu, eu não parecia mais normal. Roendo as unhas andava de um lado para o outro, bagunçando o chão do meu quarto, me perguntando onde caralhos Noah estava. Nenhum sinal.

Novamente, enquanto ligava pra ele, escutava a mesma mensagem de voz. Bufando, peguei um casaco do meu closet e sai do meu quarto, descendo as escadas e indo embora daquela casa. Eu sabia onde ele estava, e nem precisava usar carro para chegar até lá.

Subi na minha bicicleta e parti para longe. Noah estava a uns vinte minutos de onde minha casa ficava, ou seja, era mais ou menos longe.

O sol já estava quase todo para dentro do oceano quando eu cheguei la. As pessoas estavam muito arrumadas, mesmo não usando quase roupa nenhuma, e era simplesmente a maior reunião de carros de corrida clandestina que eu já havia visto.
Com o capuz sob a cabeça, eu procurava por Noah. Não conseguia achá-lo por conta da quantidade de pessoas, e provavelmente pelo fato dele estar rodeado de pessoas.

Nossos olhos se encontraram no mesmo momento. Uma penca de garotas estava ao redor dele, e mesmo que o reggaeton estivesse no último volume, eu sentia como se pudesse escutar o que aquelas vadias estavam falando para ele.

Andei a passos pesados até a direção dele, e podendo ver pela sua expressão facial, Noah não estava nem um pouco feliz por eu ter aparecido ali do nada.

Bom, nem eu estava.

— O que você tá fazendo aqui? — Ele me dirige a palavra primeiro. As garotas não fizeram nenhum sinal de que sairiam dali.

— Você disse que iria para a minha casa há umas... — Pego o celular, vendo o horário. — Quatro horas atrás. Que porra deu em você?

— Eu tô meio que ocupado aqui.

— Sim, querendo traçar um monte de vadias. — Rebato, cruzando os braços na altura do peito. Noah bufa, se desencostando do carro.

Ele andou tão rápido até mim que me assustei. O olhei de baixo para cima, mordendo os lábios (não em uma tentativa de ser sexy, eu estava com medo).

— Eu não gosto de você. — Comentou, travando o maxilar a cada palavra dirigida a mim. — De verdade, toda vez que eu vejo você, conto o tempo para voltar pra porra da minha casa. Sua presença me cansa.

— Ah, é? — Eu estava com tanta raiva que nem parei para dirigir minhas palavras. Sai soltando tudo o que me vinha a cabeça. — E quando você me beijou no barco que trabalha? E quando colocou a mão por dentro da minha camisa, ou quando me levou bebada pra cuidar de mim? Ou a vez que você disse que ia dormir no sofá, mas eu acordei no meio da noite e te vi do meu lado? E todas essas vezes, hein? Vá se foder.

Lancei meu dedo do meio para ele e sai andando. Não iria para casa, mas também não assistiria. Era uma baderna muito generalizada, com alguns pontos de coordenação e nada mais. Eu simplesmente não fui feita pra isso. Sei que não.

Me recosto em uma mureta, perto de um carro hiper barulhento. As minhas palavras nem pareceram pesar em Noah, porque ele estava beijando uma das garotas, bem em cima do seu carro. Eu sabia que ele iria correr.

— Veio ver a corrida?

Pulo no meu lugar. Me viro para o meu lado direito, e vejo BabyFace ao meu lado. Na verdade, o nome dele era Jack Avery, mais conhecido como um dos melhores amigos do meu irmão. Todo mundo o chamava de Baby Face porque mesmo tendo seus quase vinte e cinco anos, ele ainda parecia ter dezenove.

— Não. — O respondo, mas não o olho.

— Qual a sua parada com o Jacob? — Curioso, ele pergunta. Sinto Jack chegar mais perto de mim. — Você gosta dele? Dá pra ele as vezes? Paga um boquete, sei lá?

— Porque você tá me perguntando isso? — Viro para a sua direção, franzindo o senho. — Tá com ciúmes de mim? Oh meu Deus! Você é gay e tá com ciúme dele!

Claramente era uma piada. Volto a me recostar na mureta, e sei que Jack não estava tão feliz com o meu comentário. Percebi isso pelo tom de voz que ele me dirigiu depois.

— Olha aqui, garota. — Começou a dizer, bem perto do meu ouvido. Eu já estava me tremendo toda de medo, mas não queria que ele soubesse. — Eu poderia descer a porrada em você, mas a irmãzinha não é problema meu. Deixo essa sua malcriação pra porcaria do seu irmão, ele já tem alguns planos em mente.

Meu irmão?

Viro para ele, um pouco chocada. Jack não era um cara assustador, mas se ele te ama olhasse do jeito certo, você poderia parar em algum desses dois lugares: Em uma vala perto da praia ou na cama dele.

— Vai se foder, Atkins. — Respondo. — Não fale comigo como se não me conhecesse desde pirralha. Tenho meus motivos para andar com ele, e você não deveria meter Bailey nisso.

— Ele não tá feliz com você. — O moreno voltou a falar, e eu não o olhei de novo. — Bailey já falou umas boas sobre você, e ele tá quase explodindo. Se eu fosse a irmãzinha dele, eu deixaria de fazer qualquer porcaria que está fazendo. Any, você não faz ideia de onde está se metendo.

O olho, apreensiva. Eu não fazia ideia mesmo, mas não queria que ele soubesse disso. Em vez disso, estufei o peito e lhe mandei o dedo do meio, sabendo que eu poderia literalmente morrer por causa daquilo. Eu estava brincando com a minha vida muitas vezes na última semana.

— Cuidado com quem você anda, garota. Muito cuidado mesmo.

Eighteen ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora