10 | losing control

190 16 1
                                    

ANY GABRIELLY
Coconut Groove, Miami

ABAIXEI A BARRA DO VESTIDO, enquanto eu andava para fora de casa. Quando disse para minha amiga que eu tinha carona, na verdade, eu estava mentindo. Só queria ter alguma razão para despistar Trevor, e agora eu ligava repetidas vezes para Noah.

"Oi, você ligou pra mim mas eu devo estar ocupado agora, deixe sua mensagem aí", era o que dizia a caixa de mensagens do garoto. Estressada, desliguei antes do Bip, e depois de alguns instantes voltei a ligar. Ele atende alguns segundos depois.

— O que foi?

— Quanta educação. — Eu digo, e logo depois, escuto um barulho estranho vindo do outro lado da linha. — Ah, isso explica o porquê de você não estar atendendo a porra do celular.

— O que você quer, Any. Estou meio ocupado aqui. — Percebe-se, eu penso. Reviro os olhos freneticamente.

— Preciso que você venha me buscar. É sexta-feira, tenho prioridade.

Any fica quieto, e a única coisa que consigo escutar vindo do outro lado da linha são alguns sussurros. Fico imaginando o que esse garoto estava fazendo e faço careta. Socorro.

— Você é uma filha da puta. — Ele resmunga do outro lado da linha, enquanto fecha uma porta. — Ia dizer que também irei roubar uma transa de você, mas aí lembrei que você é uma santinha.

— Muito engraçado. — Eu digo com desdém, e novamente, reviro os olhos. — Você é um sem noção né? Vem, não tenho a tarde toda.

Desligo na sua cara sem mesmo me despedir. Abro a bolsa, e jogo o celular la dentro, não querendo olhar para ele por bons minutos. Ao escutar passos atrás se mim, nem fiz questão de olhar, porque eu sabia que Trevor estava plantado atrás de mim desde que eu sai por aquela porta.

— Você não vai mesmo me contar para onde está indo? — Escuto a voz dele, e pela décima vez em quinze minutos, reviro meus olhos.

— Não. — Eu digo simples. — Porque eu deveria?

— Porque eu estou cuidando de você.

— Você não cuida nem de você mesmo Flintch. — Eu cruzo os braços, olhando de relance para ele. — Não sei o que está fazendo aqui. Não foi fazer faculdade não sei onde?

— Tenho assuntos para tratar. — Ele responde. Meu Deus, não aguentava mais escutar a voz dele. Onde será que Noah estava? — Todos temos, não é?

— Você ainda anda com eles né? — A pergunta sai sem mais nem menos. Minha curiosidade estava me matando. — A gangue. Por isso, Bailey foi embora assim como você.

Finalmente viro-me para Trevor. Não era novidade que ele estava metido com coisas erradas, até porque, quem se mete com meu pai automaticamente tem problemas com a lei. Sinto que o moreno ficou chocado com a minha pergunta, e dessa vez, ficou quieto.

— Eu sabia. — Digo, finalmente, fervendo de raiva. — É por isso que você tá aqui. Por isso que o Bailey vai chegar daqui a alguns dias, não é?

Não que eu seja uma santa, mas eu já havia visto os caras dessa gangue. Não são lá essas coisas, e se resumem a caras poderosos de 20 a 30 anos. Os chefões deles nunca fazem parte da organização, e sempre estão por debaixo das cortinas.
Sou o que eles chamam de ovelhinha, ou seja, só sirvo para despistar os caras. Uma ótima armadilha, não?

— Você não sabe como é bom ver que você ficou sem resposta. — Eu volto a dizer, e em seguida, escuto barulho de pneu nos cascalhos.

Sabia que Noah estava com um carro caro. Não fazia ideia de onde ele conseguia esses carros, nem como, mas sei que eu amava andar neles. Me sentia poderosíssima.

Ao entrar no carro, me deparei com um Urrea observador. O observei, enquanto colocava o sinto, e vi que ele e Trevor estavam se encarando veemente. Achei estranho aquilo, mas só quando o loiro ao meu lado saiu da residência, que eu fui comentar sobre.

— De onde você o conhece?

— Quem deveria fazer essa pergunta sou eu, — Noah diz, olhando para trás mais uma vez. — mas não duvido que você já tenha saído com outros caras daquele tipo. Você sabe quem ele é?

— Claro que sei. — Eu falo com desdém. — Conheço Trevor desde que sou um bebê. Crescemos juntos, nossos pais são amigos. Porque?

O vejo ficar branco. Noah não diz mais nada durante todo o caminho de carro até a casa, mas também não achei estranho essa sua atitude. Quando chegamos na casa, a festa já estava lotada do chão ao teto.
Sai do carro com pressa para entrar no local. E assim que eu abri a porta, me deparei com as minhas amigas no Hall de entrada. Fui até elas e cumprimentei todas.

— Você veio com quem? — Melanie pergunta.  Olho para trás, e Vincent ainda está lá. Ele me olha com cara de poucos amigos e eu faço careta.

— Noah me deu carona. — Eu falo, e ela se olham como se quisessem dizer "O Noah?" — Parem com siso! Juro que foi somente uma carona.

As garotas caem na risada, e eu faço uma careta em resposta. Viro-me para trás, e vejo que Urrea não estava mais lá. Também não consigo encontrá-lo em mais nenhum lugar no meu pequeno raio de dois metros, mas logo após um minuto de busca, desisto se achá-lo.

Contei para as minhas amigas sobre Trevor, mas nunca aprofundei muito no assunto. Então, tecnicamente, elas não sabem nem metade do que realmente aconteceu entre eu e ele, e se duvidar, sabiam muito mais que os meus pais. Ninguém saiba, a não ser eu e o próprio Trevor.

No meio da sala, em uma pista de dança improvisada, as pessoas dançavam até cansar. Me encaminhei até a bancada da cozinha, ao lado da sala, e comecei a preparar minha bebida dentro daqueles copos avermelhados.

Só sei que após o decimo gole, tudo que eu lembrava de ter feio aquela noite simplesmente se esvaiu da minha mente.
Perdi o controle da bebida, e consequentemente da minha noção. Virou tudo um borrão, e eu não sabia mais o que era verdade ou era mentira.

Eighteen ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora