09 | trevor

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ANY GABRIELLY
Coconut Groove, Miami

O CARRO DE LAMAR ESTAVA CHEIO DE AREIA.

Fiquei desesperava ao ver a mensagem de mamãe. No meu pensamento, ela e meu pai já haviam viajado, ou ido ao aeroporto, mas essa ideia foi cortada pela raiz quando ela me mandou uma mensagem dizendo que havia uma visita em casa.

Juntei todas as minhas coisas da areia e sai de lá, somente de biquíni, correndo até o carro de Lamar. Ele não entendeu nada primeiramente, mas seguiu meus passos e dirigiu até a minha casa sem eu falar nenhum pio.

Bati a mão nos pés assim que o tatuado estacionou na entrada da mansão. Respirei fundo, me esticando no banco de trás para pegar minha bolsa de praia. O moreno no banco do motorista parecia preocupado, e a única coisa que eu poderia fazer era reconfortá-lo, mesmo que levemente.

— Não deve ser nada. — Eu digo para Lamar.

— Seu pai não gosta quando eu venho aqui. — Ele diz, colocando uma das mãos sob a minha perna.

— Meu pai não gosta quando qualquer menino venha aqui. — Eu respondo para Morris, me esticando o suficiente para deixar um beijo rápido sob os seus lábios. — Qualquer coisa eu mando mensagem.

Desci do carro, e ainda com a porta aberta, coloco o short jeans. Me despeço de vez do moreno, e o vejo arrancar com o carro, saindo para longe dali. Exatamente como eu queria estar fazendo.

Entrei pela porta da frente sorrateiramente. A sala introdutória estava vazia, mas eu logo escutei vozes vindo da sala de estar, e enquanto caminhava até lá, tinha o coração na boca do estômago. Não fazia ideia do que estava esperando por mim.

Até que eu escutei aquela risada.

Não, não pode ser. Pensei nisso, enquanto entrava no cômodo, e me deparava com aqueles olhos verdes que fazia meses que eu não via. Engoli em seco, e olhei para o sofá, vendo meus pais sentados juntos na frente de Trevor.

Merda, eu estava de biquíni e short jeans. O olhar dele queimava sob meu corpo, e eu me sentia mais desconfortável que nunca. Nem mesmo quando os garotos do colégio me olhavam eu me sentia assim.

Meu deus, de novo não.

— O que ele está fazendo aqui? — É a primeira pergunta que faço. Meu pai faz cara feia para mim.

— Ele vai ficar aqui enquanto seu irmão não volta.

Arregalo os olhos. Ele vai ficar aqui? Enquanto meu irmão no volta? Ainda não sabia com qual dessas informações eu deveria estar chocada. Não vejo Trevor a meses, muito menos Bailey.

— Você não vai ficar sozinha esse mês, Any.

Queria atear fogo naquela garoto. Não conseguia me segurar em pé, porque sentia que iria desmaiar na primeira oportunidade. Respirei fundo, e olhei para os meus pés, porque se eu olhasse por mais tempo para Trevor, tenho certeza que entraria em combustão espontânea.

Ele estava tão diferente mas ao mesmo tempo tão igual. Ainda tinha aqueles olhos cor tempestade, a pele clara, coberta por tatuagens. O cabelo meio loiro, meio castanho. E com certeza, o sorriso ladino.

— Vou para o meu quarto tomar um banho.

Eu disse, não esperando para que alguém respondesse. E quando dei por mim, estava correndo pelas escadas e corredores, chorando antes mesmo de chegar ao meu cômodo preferido da casa.

[...]

Já se passava das oito quando eu sentei na cama, finalmente sem estar chorando. Sentei na cama, usando uma camiseta três vezes maior que eu, e um short de lycra por baixo. Eu estava emocionalmente exausta, morrendo de cansaço.

Meus pais definitivamente já haviam saindo de casa, e desde a hora que eu cheguei da praia, não sai mais do quarto. A única coisa que me fez ficar mais desperta, foi meu celular tocando. Olhei para o visor, e sorri quando vi o nome de Malanie brilhando na tela.

— Sim, eu juro que estou bem. — Digo para ela, depois de uns cinco minutos de conversa.

— Certeza? Você saiu correndo da praia.

— Recebi uma visita indesejada. Trevor apareceu por aqui porque meus pais não me queriam deixar sozinha em casa. — Eu suspirei pesado. — Eu juro,Melanie, eu faria de tudo para sair dessa casa o mais rápido possível.

— É seu dia de sorte, meu bem. — Eu consigo ver o sorriso de Nai através do celular. — Dylan Thompson vai dar uma festa, agora as dez, na casa dele. Você topa ir?

— Claro que topo! — Eu digo, animada demais. Estava fazendo o possível e o impossível para sair daquele lugar. — Não precisa vir me buscar. Eu já tenho carona.

Sorri de orelha a orelha, e levantei da cama, animada. Corri para dentro do meu closet, indo direto até a arara de roupas, olhando uma por uma para decidir o que eu iria usar naquela noite.

Pulei no meu lugar quando escutei a porta se abrindo. Eu vestia somente um Hobby de seda, e estava sozinha com Flintch em casa. Tudo era possível.

— O que você está fazendo aqui dentro? — Eu perguntei.

— Vim ver se você realmente estava aqui.

— Eu vou sair. — Digo, e pego um dos meus vestidos do cabide. — Não sei que horas eu volto. Na verdade, nem sei que horas eu volto. Não me espere acordado, ou sei lá o que você iria fazer. Não importa.

Ele me olhou dos pés a cabeça, e eu senti minha garganta ficar seca. Eu tecnicamente não tinha medo de Trevor, mas não estava preparada psicologicamente para a sua volta repentina.

— E com quem você vai?

— Não interessa, Trevor.

Entrei na minha suite e tranquei a porta do banheiro. Tomei banho, me maquiei e me vesti, e quando sai do banheiro, o moreno ainda estava lá, plantado no fundo do meu quarto.

— Perdeu alguma coisa?

— Você está sendo muito mal educada, sabia disso? — Ele fala, andando até minha direção. Começo a guardar algumas coisas na minha gaveta.

— É que eu não tenho paciência pra você, Trevor.

— Como não, honeymoon? Nos conhecemos desde que você é uma criancinha.

Esse apelido, ah, esse apelido não.

— Eu realmente estou nem ai cara. Eu mostro o que quiser e faço o que quiser. Sei que você sente o suficiente de raiva por você mesmo por ter pisado tanto na bola que nem me beijar você pode.

Trevor engole em seco, e mentalmente, penso que nessa guerra eu venci. Pelo menos nessa.

— Licença, meu namorado vem me buscar.

Eighteen ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora