13 | run for you life

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ANY GABRIELLY
Coconut Groove, Miami

NÃO SEI MUITO BEM ONDE EU ESTAVA. Noah ja dirigia a mais ou menos uma hora quando finalmente paramos em um lugar. Eu vestia apenas o short branco e meu biquíni, então Noah se esticou para o branco de trás e me alcançou um de seus moletons, me entregando logo depois.

Tinha o cheiro dele em todo lugar. E eu estava reclamando justamente por causa disso, porque era bom demais. Eu odiava que as histórias que as garotas do colégio contavam sobre ele fossem verdade, que ele realmente era aquele Deus, que ele era o melhor garoto que qualquer garota poderia transar.

Que transar com ele era a mesma coisa que ir ao céu e ao inferno ao mesmo tempo.

Descemos do carro, e Urrea me teve perto dele a todo momento. Outros carros e outras pessoas começaram a aparecer, amontoadas na rua, e eu olhava para tudo aquilo sem saber o que fazer.

— Esse é um dos lugares que eu sempre estou quando você me pergunta o que estou fazendo. — Ele diz, me guiando no meio das pessoas. — Tenho uma corrida daqui a pouco, mas precisava tirar você de lá.

Olhei confusa para ele e senti que o maior entendeu o recado.

— Eles são amigos do seu irmão, Any. — Noah diz, me olhando. — Estavam atrás de você. Não que eles possam fazer mal a você, mas é melhor ficar longe dessa gente.

— Então o que você está fazendo aqui comigo?

— Eu não tenho escolha, pompons. Não é possível que você seja tão burra quanto falam que é.

Olhei chocada para ele. Quem esse garoto acha que é?

Apressada, andei atrás de Noah como se fosse brigar com ele. Porém, fui impedida ao chegar em um local cheio de gente, todos rodeando um só alvo. Me atirei pelas pessoas e comecei a andar até o meio da roda, e quando eu vi, estava no pior lugar que eu poderia estar.

Eles iam fazer um racha. Correr e apostar dinheiro, ilegalmente, em uma das avenidas mais importantes de Miami. Socorro, eu não estava acreditando nisso.

Como um sexto sentido, Noah estendeu uma das mãos para trás. Segurei nela, e ele passou os dedos pela pele quente, me trazendo para perto dele. De repente, estava de frente para ele, e sentia seu peito bater em meus ombros. Ele enlaçou minha cintura com seus braços fortes e tatuados, me mantendo ali, perto dele.

Socorro, o que ele estava fazendo?

— Vou quer 2. — Ele diz, e tira o dinheiro do bolso, entregando para um dos caras a sua frente. — Ir e voltar?

— E essa princesinha com você? — Um dos outros comenta.

— Sai fora, Matias. — Ele diz pro cara. — Fora de cogitação.

Estava me sentindo pelada. O moletom de Noah não fechava, e eu sabia que parte dos meus seios eram visíveis se você ficasse encarando por tempo demais. Que nem Matiad, não muito mais velho que Noah, estava fazendo nesse exato momento.

Ele já me conhecia. Me conhecia das longas noitadas de boates que eu ia junto com meus amigos em Miami Beach. Matias já havia sentindo minha língua dentro da boca dele mais vezes do que eu gostaria de assumir ser saudável.

— Porra. — Noah sussurra para baixo, no meu ouvido. — Vocês se conhecem?

Afirmo com a cabeça. Não era novidade que Matias estava afim de me ter, finalmente, por completo. E eu não queria, isso também não era novidade. Mas todos ali estavam armados, e qualquer passo em falso era tchau tchau para mim e Noah.

Ele não poderia me proteger, muito menos proteger ele mesmo. Então, quando o mais velho disse que eu seria o seu prêmio, ele não pode fazer nada a não ser aceitar.
Todos se posicionaram em seus devidos lugares, e Noah foi para a minha frente. Ele pegou minha cabeça e me deu um beijo na bochecha, provavelmente encenando tudo.

— Tem uma 48 no meu porta-luvas. — Ele diz, em um sussurro. — Prateada. Quero que segure ela.

Noah aperta de leve meu braço e me arrasta consigo. Ele caminha até o carro que viemos, e entra no mesmo. Me instalo no banco do carona, morrendo de medo de acontecer algo comigo nos próximos dez minutos.

Coloquei o cinto de segurança, me prendendo contra o banco. Noah abriu o porta luvas e tirou a fatídica arma de lá de dentro, a deixando em cima da minha coxa. A peguei, e coloquei debaixo das pernas.

Não sabia o que estava fazendo, mas o olhando para o loiro ao meu lado e vendo a facilidade como ele agia no meio daquelas pessoas, pude perceber que não era a primeira vez que ele passava por isso.

E que provavelmente não seria a última.

Ele arrancou com o carro no segundo seguinte. Uma garota havia usado o sutiã como bandeira de largada, e quando vi, Noah havia chegado em 100 quilômetros por hora em oito segundos. Oito.

E tenho certeza que era exatamente por isso que todos os carros estavam atrás da gente.

Olhei para trás, com semblante de desespero. Eles estavam lá, enfileirados, tentando ultrapassar um ao outro, enquanto eu e Noah parecíamos estar em um mundo totalmente diferente de tudo. Voando sozinhos.

O vento batia forte no carro e entrava pela janela ao meu lado, fazendo meu cabelo balançar. Eu sabia que ele não estava olhando o retrovisor, então eu olhava trás vez para trás quando ele ameaçava ir cada vez mais rápido.

E quando eu vi, estávamos chegando.

Ao mesmo tempo que Matias.

Olhei para a minha esquerda, e ele estava lá, me encarando. Assustada, voltei meu olhar para Matias. Ele passou a marcha e pisou no acelerador. Ao mesmo tempo que Matias. Eu estava começando a ter sintomas de Arritmia cardíaca.

Comecei a chorar, que nem uma criancinha. Minhas mãos tremiam e eu soluçava, e como se fosse nada demais, o loiro ao meu lado agarrou minha mão, a entrelaçando consigo.

Ele virou para mim, olhando para frente de vez em quanto. Noah umedeceu os lábios e disse:

— Eu não vou deixar que nada aconteça com você.

Voltei a chorar, mais forte ainda.

Eighteen ⁿᵒᵃⁿʸOnde histórias criam vida. Descubra agora