No dia seguinte quando acordou o sentimento de vazio não havia passado. Sentiu uma enorme vontade de chorar, seu pai não gostaria de descobrir o que ela havia feito. Porém não conseguiu impedir que as lembranças da noite anterior deixassem a sua mente enquanto estava imersa na banheira, nem enquanto se vestia ou durante os dias que se sucederam. Pelo contrário, a cada noite em que ela se encontrava com o príncipe novas lembranças surgiam. De suas conversas até altas horas ou as composições de seu mundo que ele trazia a ela. As demonstrações de carinho e as bebidas proibidas que ela recusava, mas que se sentia tentada a mergulhar naquela liberdade.
Ele entendia os seus desabafos. Escutava e não aconselhava, apenas a apoiava. Os convites para cruzar a fronteira se tornavam cada dia mais tentadores no entanto, todas as vezes em que ela saia da floresta a culpa a tomava. E sempre que acordava sua cabeça e peito pesavam mais. Se sentia mais distante do pai e das irmãs e de repente aquele já não parecia mais ser o seu lugar. Estava triste e deslocada.
- O que você acha Eli? - Adina fez voltar a sua mente para a mesa do café da manhã
- Hã, o que?
- Estávamos pensando em ir na próxima semana para vermos os vestidos da cerimônia.
A sala inteira ficou silenciosa. As irmãs imaginavam que elas já haviam se resolvido, como das outras vezes. No entanto, vendo a expressão da mais nova das gêmeas, parecia que estavam longe de solucionar as suas divergências.
- Claro - Eliah respondeu com desgosto - marquem um dia e me avisem.
A princesa deixou o guardanapo sobre a mesa. Havia perdido o apetite. Sua irmã estava forçando uma conversa que ela estava evitando a semanas.
- E vocês poderiam me ajudar com o vestido de noiva
Revoltada com a falta de noção de sua irmã Eli colocou-se sobre os seus pés e caminhou rumo a porta.
- Você age como se fosse algo insignificante - a irmã levantou indo em direção a ela.
- Talvez seja - a mais jovem murmurou inaudível.
- O que?
- Adina... - o pai tentou interferir
- Repita o que você disse, Eliah - ela ignorou o pai
O sangue da noiva do conselheiro fervia. Estava exausta. Sabia que sua irmã, fiel companheira, parava a discussão e cedia quando a via chorar. E que depois de um tempo simplesmente a ignorava por uma hora, mas esquecia o assunto. No entanto, estava cansada. Não era um assunto qualquer. Estava farta da culpa por se sentir feliz em ter encontrado em Baruc um amor que Eliah não tinha. E desesperada por ver uma rachadura na relação tão ligada que tinha com sua gêmea.
- Eu não quero conversar agora - Eliah respondeu antes de tentar fugir de novo da sala. Porém, Adina segurou o seu braço a impedindo.
Todos estavam perplexos. Desde a infância as duas não tinham uma discussão e quando acontecia resolviam-se por si mesma. Nunca chegaram aquele ponto
- Meninas - Ariela foi a primeira das irmãs a interferir - talvez seja melhor resolver isso mais tarde. Quando estiverem mais calmas.
- Não. Eu é cansativo deixar para depois - Adina respondeu determinada a ouvir o que sua gêmea tinha a declarar.
A princesa da luz prendeu os olhos azulados nas íris verdes da outra. A única diferença que tinham estava lá. Eles não estavam claros e brilhantes como de costume. Estavam escuros e opacos. O que, ela já havia convivido tempo o suficiente com a irmã para saber, significava mágoa. Parecia realmente cansada de toda a situação. Ela achava que o tempo que tinham entre a discussão e a calmaria era algo maduro. Que era a maneira como haviam encontrado para não se machucar no entanto, só reservaram a dor para depois.
- É cansativo ouvir você falar sobre o casamento feliz que você terá com Baruc. O seu casamento com ele é insignificante para mim, Adina. E essa mania que você tem de querer que todos estejam sempre alegres como você. Isso é cansativo.- seus olhos prenderam em Nyra - ou motivados - passaram para Ariela - ou quando você tenta cuidar de todos - e por fim olhou para o pai - e quando você quer que todos sejam perfeitos. Eu não sou como vocês.
Por fim ela se desvencilhou do braço da irmã. Sentiu seu peito se rasgar e sentiu medo. Estava sozinha e com medo. Por isso apenas seguiu seu coração. Deixou que ele a levasse até a floresta. Ainda era dia, mas ninguém ousaria ir atrás dela naquele momento.
Quando chegou a região arborizada se surpreendeu a encontrar exatamente o que precisava. Ele estava lá, como se soubesse que ela viria e que precisava dele.
Do outro lado do riacho o herdeiro do Caos direcionou a ela um olhar compreensivo. Como de quem entendia e acolheria a sua dor. Aos prantos, sentindo cada parte do seu peito doer ela deixou que seus pés a levassem exatamente aonde o seu coração desejava. De encontro aos braços dele, do outro lado do riacho. Sobre a grama de um reino que ela não conhecia, mas que sabia ser diferente do seu e que lá era o lar dele.
- Respire, princesa - ele pronunciou enquanto a acolhia em um abraço reconfortante.
Respirar era difícil. Sentia como se ao invés de entrar e sair o ar simplesmente estivesse fugindo de seus pulmões. As palavras ditas do café da manhã voltavam a sua mente como uma avalanche, levando consigo o autocontrole da garota da luz.
O homem de fios negros sentia-se incomodado de ver tamanho desespero. Sua única solução foi guia-la para fora da floresta. Aquela era também sua oportunidade. Não compreendia a decisão dela de continuar do outro lado se sempre estava aflita e triste.
Aaron não sabia como se consolava alguém e odiou o fato de que não sabia como deixá-la contente com ele. No entanto, quando o mundo ao seu redor desmoronava ele procurava um lugar. Não como aquela floresta que permitia os pensamentos tristes em seu silêncio. Que trazia com o vento as péssimas lembranças, mas um lugar que proporcionava a diversão.
O príncipe pegou na mão da princesa pedindo que ela apenas confiasse nele e a guiou para fora da floresta. Em um vilarejo pequeno próximo a área arborizada. Com ruas pequenas e estreitas, no meio de casas velhas e não muito longe das fazendas encontrava-se um lugar aonde os jovens daquela localidade se encontravam para fazer o mesmo que seu herdeiro, esquecer.
— Que lugar é esse? — Eliah questionou ao se deparar com um ambiente escuro, com uma fumaça estranha com cheiro de chiclete e uma quantidade considerável de pessoas dançando uma música agitada.
— O lugar que vai te fazer esquecer e se divertir — Aaron puxou sua nova amiga para a pista, passando pelas pessoas que não se comportavam como quem vê um príncipe.
Na verdade, pareciam não ligar para a sua existência. Um ou outro acenava para ele, mas apenas isso. Todos estavam muito envolvidos na música e em esfregar seus corpos para prestar a atenção nela também.
— Como se dança essa música? — Eli soltou depois de observar a forma como os outros embalagem os seus corpos.
— Não há regra para essa dança princesa — ele começou a mexer o corpo com uma mão para cima e a outra unida a dela — você só precisa seguir o que o seu corpo e a batida mandar — soltou a mão dela e aproximou-se até que pudesse chegar com os lábios perto do seu ouvido — seja feliz.
Oii! Espero que estejam todos bem. O que vocês estão achando da história? Estava pensando aqui e quero saber as expectativas e os pensamentos acerca do livro. Primeiro, o que vocês acham do Aaron e da Eliah? E a relação dela com a família? Não exploramos muito de nenhum dos reinos, mas nesse livro vocês provavelmente vão conhecer mais apenas um deles. Qual vocês acham que é?
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Princesa da luz, Rainha do Caos
SpiritualitéEla achou ter amado antes, quando era imatura. Com ele percebeu que nem se quer chegou a gostar de alguém antes dele. Foram muitas conversas divertidas. As distrações mais malucas e alegres que poderia imaginar, em um período em que tudo era caos. O...