KARLENA - Um Milagre De Natal

Capítulo 3

Kara tinha acabado de se vestir para descer para tomar café da manhã quando ouviu carros lá fora. Ela olhou pela janela e viu Lena sair de um carro e entrar na mansão. Ela abotoou a camisa mais rápido quando ouviu uma batida na porta.

"Lamento incomodar, senhoria, mas a princesa está na sala esperando por sua mãe, mas a marquesa saiu cedo esta manhã", disse-lhe o mordomo.

"Elas tinham um compromisso?"

"Não que eu saiba."

"Estarei com ela em um momento", disse Kara e desceu correndo.

Ela encontrou Lena parada em frente à janela olhando para a neblina que pairava ao redor das colinas nevadas.

"Bom dia, que surpresa adorável", disse Kara.

"Bom dia. Eu esperava ver sua mãe."

"Ela não está aqui, mas tenho certeza de que posso ajudá-la em vez dela."

"Eu acho que você pode. Vim discutir sobre as decorações de Natal."

"Oh..." Kara franziu a testa confusa.

"Sim, sua família está encarregada da decoração há gerações e sua mãe disse que tem os planos prontos para eu ver."

"Certo, claro!" ela mentiu e sinalizou para a mulher se sentar.

"Você vai ajudar sua mãe agora que está aqui?" Lena perguntou.

"E você acredita que as decorações de Natal são tão importantes neste momento? Quer dizer, você está assumindo o trono e essa mudança abalou a economia do país, as ações caíram devido à incerteza da classe dominante. Além disso..."

"Sim, acredito que as decorações de Natal são importantes neste momento", ela interrompeu Kara, em tom de voz baixo. "Há muito para supervisionar e sua mãe fez um plano muito bom que tenho certeza que você pode seguir ou mudar se desejar algo diferente. O fato de sua família estar pagando por isso também ajuda muito no orçamento desta cidade. Além disso, peça ajuda ao James, afinal ele está aqui e... não tem muito o que fazer", disse ela enquanto se levantava.

"Prefiro ser útil de uma maneira diferente."

"Por que você não começa aqui?"

"Porque não é realmente a minha área de especialização, também não sou uma grande fã de toda a agitação criada em torno do Natal."

"E em que outros assuntos que dizem respeito a esta terra você é especialista? Você esteve ausente durante a última década e meia, apenas visitou."

"Isso não significa que eu não tenha conhecimentos que possam ser bem aproveitados."

"Isso significa que você precisa conhecer seu país novamente antes que eu possa confiar a você outras tarefas. Thorul é um pequeno país que tem raízes em tradições que você não conhece há algum tempo. A mudança é necessária para qualquer país, assim como a evolução, mas precisa acontecer num determinado ritmo. Você precisa encontrar esse ritmo. Então, novamente, você pode ser um simples cidadão desta cidade e não estar envolvido na política e na administração."

"Não, voltei a me envolver em ambos."

"Então comece com as decorações de Natal."

"Se você insiste," ela olhou longamente nos olhos da princesa.

"Eu quero," ela assentiu com um sorriso calmo. "Dê a Allura meus melhores cumprimentos", disse ela e saiu.

Kara ficou sozinha e sentou-se, esfregando a ponta do nariz, tentando acalmar sua irritação até que o mordomo bateu novamente para lhe dizer que Allura havia retornado e estava tomando café da manhã. Kara levantou-se de um salto e correu para a sala de jantar, onde descobriu que a mãe acabara de se sentar à mesa, lendo o jornal da manhã.

"Decorações de Natal?" Kara rosnou ao entrar na sala.

Allura suspirou por trás do jornal e parou por um momento antes de baixá-lo para olhar para a filha.

"Como é que eu não tinha ideia? Eu nunca soube que esta família pagava por algo tão trivial como lindas luzes e globos espalhados pela cidade!"

"Bem, você era uma criança, então não queríamos estragar a magia e então você voou para a escola e raramente voltou. Investimos em muita caridade por aqui."

"Como em tão as decorações de Natal são usadas para a caridade, mãe?"

"Querida, não use esse tom comigo. É cedo e gosto da minha tranquilidade. É uma tradição familiar que fazemos há anos. Presumo que Lena pediu para você assumir?"

"Eu não sabia que vocês duas eram tão próximas a ponto de nem usarem títulos quando falam uma da outra," Kara finalmente se sentou.

"Você nunca perguntou?"

Kara bateu os dedos na mesa, seus olhos azuis escurecendo enquanto ela olhava para a mãe.

"Esse dinheiro poderia ser usado em outra coisa, não em coisas triviais que acabam no lixo quando as férias acabam! E pensar que você estava no comando disso... e que eu tenho que assumir agora!" ela grunhiu e depois suspirou longamente. Ela sentiu sua mãe esperar que ela se acalmasse e então olhou para ela. "Você tem um plano? Um cronograma? Estamos em meados de novembro."

"Claro que eu faço! E eu ficaria feliz em enviar para você e não ter que fazer tudo sozinha este ano", ela procurou seu tablet na mesa. Allura colocou os óculos de leitura e bateu o dedo na tela do aparelho. "Enviei os planos por e-mail para você. Então, como você a encontrou?"

"Quase crescida", disse Kara enquanto pegava o tablet das mãos da mãe.

"E?"

"E o que?"

"Você não acha que ela cresceu e se tornou uma mulher bonita?"

Kara olhou para a mãe.

"Por que você insiste que ela seja linda? Por que isso importa tanto? A aparência é tudo?"

Allura sorriu.

"Quando foi a última vez que você olhou para algo e achou aquilo lindo?"

Kara revirou os olhos e se concentrou no tablet.

"Você adora simplificar tudo."

"Como você adora complicar demais."

"Bem, com certeza você não simplificou as decorações de Natal", ela largou o tablet da mãe.

"É melhor você começar a trabalhar. E já que você tirou isso das minhas mãos, é melhor eu fazer biscoitos de Natal."

"Certo", quase riu.

Lena gostava dos passeios que tinha que fazer de um lugar para outro e do fato de ter um motorista, porque lhe dava tempo para pensar sem ser interrompida enquanto olhava a paisagem que passava. Foram seus curtos momentos de sonhar acordado, de refletir e deixar sua mente descansar. Ela se divertiu com a tempestade nos olhos de Kara quando ela lhe disse para assumir a decoração da cidade. A expressão vívida de Kara despertou algo nela, um sentimento que veio acompanhado de um sorriso nos cantos dos lábios. Atormentar levemente a mulher que teria tentado seduzi-la apenas para conseguir um título e uma posição parecia bastante emocionante, especialmente porque Lena tinha um palpite de que Kara teria conseguido. Pelo menos agora ela estava em vantagem.