Capítulo 8

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Enquanto o carro se afastava, Lena viu Kara parada na neve, esperando que ela fosse embora e sentiu a mão quente. Sua pele estava queimando, enviando uma sensação ousada direto para seu estômago que a fez se perguntar quando foi a última vez que sentiu um toque tão intenso quanto este. E havia também o modo como Kara olhou para ela a noite inteira. Seus olhos eram mais suaves, mais quentes, mas mudaram no minuto em que sentiu o toque dos dedos em sua mão. O olhar de Kara tornou-se intenso, quase premente quando ela beijou sua mão.

Lena logo se encontrou em casa e finalmente em seu quarto. Ela pediu chá, tomou banho e depois sentou-se no parapeito da janela apreciando os flocos de neve calmantes lá fora. Esta era a sua estação favorita do ano, adorava a neve branca e o silêncio com que cobria a terra, as tradições e histórias natalícias, a noite passada no interior, no calor do castelo, enquanto o vento uivava lá fora. Mas ultimamente, o castelo parecia vazio, pois ela era a única que restava. Quando os funcionários voltavam para casa ou se retiravam para passar a noite, o castelo parecia quase fantasmagórico para ela, como se tivesse perdido a alma. Deveria ter sido a residência de Lex, um lugar para ele, sua esposa e todos os filhos que planejavam ter.

Agora, eram apenas ela e seus pensamentos que vagavam pelos altos muros, congelados na escuridão do inverno. Houve muitas noites em que ela se sentiu como uma estátua do castelo, em vez de uma mulher morando lá.

Esta noite foi diferente porque o toque em sua mão ainda permanecia, dando-lhe uma sensação tão quente em sua pele que foi suficiente para aquecer todo o edifício. Ela apoiou a cabeça na parede atrás dela enquanto seus olhos ainda estavam na janela e percebeu que tudo em que conseguia pensar era em Kara. Isso era um pouco inconveniente, já que ela tinha muitos outros problemas aos quais dedicar sua mente, mas, pela primeira vez, apenas deixar sua mente se concentrar em algo de que gostava era bom. Seus músculos relaxaram e suavizaram e ela viu no reflexo da janela que estava sorrindo suavemente. E, de repente, embora tivesse passado a noite inteira com Kara, sentiu falta dela.

"Você esteve muito quieta esta manhã. Você ficou sem motivos para reclamar?" Allura perguntou à filha no café da manhã.

"Nunca", ela sorriu para a mãe.

"Então, como foi sua noite no museu com a princesa?"

"O que? Como você... todo mundo sabe tudo sobre o que estou fazendo nesta cidade?" Kara protestou enquanto colocava a xícara na mesa.

"O motorista que te trouxe para casa é amigo da nossa cozinheira e, depois de te deixar, tomaram um café na cozinha. A cozinheira contou para a empregada e ela me contou. Sempre fofocamos neste castelo."

Kara revirou os olhos e voltou a olhar para o prato.

"É esta a razão pela qual você está tão quieta? Ela está em sua mente?" Allura insistiu, colocando as palmas das mãos sob o queixo.

"Há uma senhorita Sarah aqui na entrada para a senhora Kara", o mordomo entrou e anunciou.

"Quem?" Allura perguntou.

"Oh, merda," Kara esfregou a testa.

"Bem, convide-a para entrar!" Allura disse.

"Não, você não quer..." Kara suspirou, mas o mordomo já havia saído.

Sarah entrou imediatamente na sala, segurando o casaco de Kara nas mãos.

"Oh, uau, isso é como um castelo!" Sarah exclamou. "Você nunca me disse que sua casa é assim! Oh, olá, você deve ser a mãe de Kara. Você é tão linda e elegante!" Ela disse enquanto se aproximava de Allura.

"Eu sou." Allura levantou-se e Sarah apertou-lhe a mão vigorosamente.

"Sarah, por que você está aqui?"

"Você esqueceu seu casaco ontem à noite. E para dizer adeus, mas acho que mereci isso", disse ela enquanto entregava seu casaco a Kara.

"Você é Sarah, a ex-namorada?" Allura perguntou.

"Eu sou. Mas espero não ser a ex por muito tempo", ela riu. "Vim aqui para me desculpar por minhas ações, mas não tive oportunidade ontem à noite."

"Ande comigo," Kara agarrou seu braço e puxou-a para fora da sala.

"Foi um prazer conhecê-la, senhora marquesa." Ela acenou com a mão enquanto era arrastada para fora da sala e para o frio.

"Ouça. Não faça coisas assim", disse Kara.

"Como o que? Queria ver você e, francamente, conhecer sua mãe. Estamos juntas há três anos e nunca falei com ela."

"Não estamos mais juntas ou seu ano de ausência foi uma pequena sessão de soneca?"

"Eu precisava de um pouco de liberdade, mas agora sei que quero você para sempre. Para sempre, Kara. Sinto muito, você sabe que tenho problemas de compromisso. Eu fui embora quando te amei mais porquê... fiquei com medo."

"Você saiu sem dizer uma palavra. Um bilhete, uma carta, uma mensagem. Você basicamente me transformou em um fantasma depois de três anos e isso é porque você é muito egoísta para enfrentar suas próprias decisões. Eu... eu realmente não sei se posso ter você de volta na minha vida."

"Porque você precisa de tempo, eu entendo. E estou disposta a esperar e mostrar que mudei! Para você! Você vale mais do que isso. Não há mais ninguém como você por aí", ela segurou o rosto de Kara.

Kara ansiava por aquele toque no ano passado mais do que qualquer coisa no mundo, mas agora parecia estranho. Ela imediatamente pensou nos dedos de Lena nos seus e na reação que isso provocou nela, ao agarrar e beijar sua mão.

"Ok", disse Kara, pois não conseguia se concentrar nas palavras de Sarah.

"Estarei por perto e verei você em breve", ela abraçou Kara brevemente e desceu correndo as escadas até seu carro.

Enquanto ela partia rapidamente, fazendo o freio ranger, Kara parecia estar olhando-a, mas, em vez disso, ela estava olhando para o nada, pensando no que havia desencadeado sua reação na noite anterior. Ela não planejou seu gesto, ela simplesmente sentiu necessidade de beijar a mão de Lena ao sentir seu toque. Ela queria segurá-la ali um segundo mais perto e sentir a pele da mulher com os lábios. Kara ficou do lado de fora, sua mente repassava os acontecimentos da noite anterior até sentir o frio mordiscando seus ossos.

KARLENA - Um Milagre De NatalOnde histórias criam vida. Descubra agora