KARLENA - Um Milagre De Natal

Capítulo 4

Para seu desagrado, Kara passou o dia descobrindo os planos de sua mãe e se reunindo com a equipe de produção, discutindo detalhes de brilho e luzes brilhantes. No final do dia, os nervos de Kara estavam à flor da pele a ponto de ela sentir vontade de explodir. A instalação das decorações começou naquela mesma noite e Kara se sentiu exausta quando chegou em casa bem tarde. Sua mãe já havia se retirado para seus aposentos, então ela não tinha ninguém com quem conversar e reclamar.

No dia seguinte seguiu o mesmo horário, só que desta vez James acompanhou, expressando ideias e opiniões que incomodaram profundamente a mulher. Ela conseguiu se livrar dele e, no final do dia, ela se cansou e foi até o castelo. Ela encontrou Lena em seu escritório pessoal, uma sala menor com uma mesa de castanho e uma biblioteca cheia de livros de couro atrás dela.

"Estarei com você em um minuto" disse Lena de sua mesa quando Kara entrou. Ela não ergueu os olhos, ela estava escrevendo algumas observações sobre um contrato. Finalmente, ela assinou e colocou de lado. "Como estão as coisas?" ela perguntou antes de fazer um gesto para Kara se sentar em frente à mesa.

A mulher sentou-se relutante, pois não gostava da distância que Lena estava colocando entre elas. Kara sorriu, mas foi difícil para ela esconder seus sentimentos.

"Você odeia isso," Lena sorriu e Kara olhou para ela surpresa.

"Não é... não é da minha área de especialização. Tenho certeza de que poderia ajudá-la em outro domínio. Por exemplo, educação, pois tenho doutorado em educação infantil."

"E você também estudou política, eu sei. Depois você passou um ano inteiro numa cidade da África reformando algumas escolas. Viajou para o Japão por três meses para estudar como ensinar as crianças a fazer tarefas domésticas e ter habilidades para a vida, em vez de boas notas. Você mudou para crenças liberais quando percebeu que as ideias socialistas funcionam apenas no papel, mas são o fim da economia de um pequeno país. Li seu currículo e é bastante impressionante. Mas você não tem ideia das necessidades do seu próprio país."

"Ah, e as decorações de Natal são uma necessidade para este país?" Kara bufou.

"Elas são e sempre serão. Thorul é rica em tradições e as tradições são um assunto perigoso. Se não se moldam e mudam ligeiramente com o passar dos anos, tornam-se ideias extremistas. Mas se mudarem muito rápido, elas se perderão. É um equilíbrio difícil de manter. Estas tradições incluem muitas histórias que acontecem no inverno, principalmente durante as férias. Elas são a esperança deste país."

"E com esperança você quer dizer mentiras. Mentiras de famílias felizes reunidas em torno da mesa quando ninguém realmente quer estar lá. Mentiras sobre sermos melhores, até a neve começar a derreter e ficar suja. O consumismo no seu melhor, muita merda para comprar, muita merda para comer e jogar fora depois."

"Então mude", ela apoiou a cabeça na palma da mão e, por um momento, Kara viu uma sombra de cansaço no rosto da mulher.

Lena se levantou e deu a volta na mesa e depois sentou-se na cadeira ao lado de Kara.

"Envolva a comunidade, envolva as crianças. Você tem um doutorado em educação... encontre um dia, reúna-os e deixe-os decorar as árvores. Construam as árvores, pedi especificamente que não cortemos nenhuma árvore real este ano. Faça-os de papel, arame, qualquer coisa. Deixe James ajudá-la, ele é um arquiteto e descobrirá os materiais que você precisa. Se você é tão boa quanto diz, faça-o com as ferramentas que lhe dou. Mude o nosso Natal para representar a mudança que você deseja no mundo, mas mantenha as nossas tradições."

"Muito melhor."

"Minha ideia?"

"Não, você está sentado ao meu lado", ela sorriu. "Sobre tradições... você vai ceder a elas e se casar com um homem o mais rápido possível? É por isso que James está à espreita?"