7. O que nós escondemos dos outros

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     Meus amigos me descrevem como fanfiqueiro, romantizador, alívio cômico, meme ambulante, tudo voltado para ficção ou obra fora do comum. Crio situações inexistentes no meu dia a dia, como fingir quebrar a quarta parede, ou fazer uma piadinha sem graça como se estivesse dentro de uma sitcom. Gosto disso, de fugir da realidade, de encontrar caminhos mais leves para me sentir confortável. Relatar tudo isso é uma forma de buscar me entreter, enquanto coisas ruins acontecem nesse mundão afora. Esse é meu estilo de vida, buscar não só formas que me façam sorrir, mas também a todos ao meu redor.

     Não quero resumir esses parágrafos falando apenas sobre mim, então mencionarei mais ao longo do livro sobre minha autenticidade e como ela afeta tudo e todos, positivamente ou não. Finalizando minhas auto-observações, sou meio maluco e estranho, sou atrapalhado e criativo; e mesmo que não pareça, um pouco inteligente, às vezes extrovertido e, em contrapartida, bem introvertido, depende muito do meu humor.

     Ninguém deve satisfação aos prazeres da vida, nem as decisões que tomamos, mas fomos criados em uma sociedade psicologicamente programada para fofocar. Realmente somos, o que os outros pensam que nós somos? O que de fato escondemos dos outros?

     Desejo, vontade, sofreguidão... estive prestes a sair da jaula, arrancar aquelas correntes dos meus punhos. O antigo Luigi não me reconheceria, pois, a criatura que me tornei, era difícil de ser domada. Estaria livre; selvagem, mas livre... sentindo meu coração frio com um sorriso. O antigo Luigi teria vergonha da falta de seletividade de seu atual eu, vergonha das bocas desconhecidas que tinham passado pelos seus lábios, vergonha do indivíduo perigoso que havia se tornado, um pouco perigoso, sendo mais exato. O antigo Luigi me mandaria parar e abrir os olhos para todas aquelas minhas atitudes.

     Esse novo mundo não era para ele, pois tinha sentimentos e a muito tempo um bloqueio emocional se instaurou em nosso interior. Provavelmente o antigo Luigi me xingaria, de ofensas engraçadas por ser muito inocente, mas xingaria. Jogaria em minha cara todo o lixo que me tornei, toda a vulgaridade que havia desenvolvido em nosso corpo, o pobrezinho teria um ataque cardíaco se visse o número de bocas que já havia beijado. Se esse encontro realmente acontecesse, eu obviamente ganharia o duelo de sermões, ou então lhe aconselharia a não fazer coisas que nos prejudicassem no futuro, que nos prejudicaram afinal. Ninguém quer ouvir as inocentes palavras das crianças hoje em dia, e sim as mentiras contadas pelos jovens para lhes colocarem em um patamar acima deles mesmos, um combate de egocentrismo.

     As pessoas diziam que somos todos iguais, mas sabemos que isso não passa de hipocrisia, enquanto lutamos pelo poder e tentamos conquistar o reconhecimento dos adultos, que julgam nossas atitudes como se estivéssemos matando alguém, criando regras, mas não podendo nos controlar. O desejo nos barra de sermos como eles, ou sermos como nossos antigos eus, não precisamos de suas armas, pois estamos ocupados demais tentando ser alguém, para que aí sim possam se orgulhar, essa é a vontade da atual juventude.

     Nem tudo é um mar de rosas, e quando isso é percebido, máscaras caem e novas histórias são criadas. Espero que tenha entendido o shade de todos esses argumentos usados nas últimas linhas, tudo podia ser easter eggs, os pequenos detalhes e brincadeiras que podem estar escondidos por essas páginas; se atentem, queridos leitores. Meu desejo sempre esteve bem na minha frente, e provavelmente o de vocês também, então os agarrem, lhes atirando, correndo, vindo para vocês como se fosse um touro selvagem. E se lhes taxarem como uma criatura, não se deixem ser domados.

     Acredito que nos dias atuais o ego das pessoas está maior do que nunca. A vaidade tomou conta do que somos e sempre nos encontramos se comparando com o próximo. No meu caso, essa questão é ainda maior, por ser leonino e se importar muito com a minha aparência. E isso aumenta mais ainda no meu aniversário, pelo menos em tempos comuns e alegres.

     Falando mais sobre os leoninos de agosto, eu tenho uma história bem interessante, referente a esse mês que eu tanto amo. Mas antes, preciso puxar o papo para um mês totalmente aleatório, precisamos falar sobre como um imperador romano fez com que em fevereiro tivesse só vinte e oito dias por causa de sua vaidade. É uma curiosidade histórica que achava pertinente contar para vocês, e que a maioria já deve ter noção do que se trata.

     Descobri isso quando estava no ensino médio, acho essa história simplesmente fenomenal e me identifico muito com o indivíduo, pois faria o mesmo. O homem em questão era o famoso Otaviano, filho adotivo de Júlio César, que foi o primeiro imperador de Roma após conquistar o Egito. Feito isso, ele queria se auto homenagear e resolveu mudar seu nome para Augusto, que significa: o magnífico.

     Quando Augusto conquistou o Egito, ele quis celebrar isso nomeando o mês que ele tinha feito sua conquista com o nome dele, e assim nasceu agosto. Porém, como é de conhecimento de todos, agosto vem depois de julho, que recebeu esse nome em homenagem a Júlio César, o pai adotivo de Otaviano. O imperador, não muito contente e recalcado, queria ser maior que seu lendário pai até na quantidade de dias do mês, já que na época julho já tinha trinta e um dias e agosto apenas trinta... uma grande diferença, né?

     A autoestima de Augusto era tão frágil, que ele não queria que seu mês tivesse menos dias do que o mês de seu pai e exigiu que seu mês tivesse trinta e um dias também. Mas para que isso acontecesse, ele teria que tirar um dia de outro mês do ano, e de acordo com os astrónomos da época, fevereiro era o mais adequado para receber essa mudança. Sendo assim, ele ficou mais curto que os demais meses, porque o imperador lindão queria ter um mês com o mesmo número de dias do seu pai, isso explica a vaidade dos leoninos de agosto.

     Finalizando a historinha, contei esse fato a vocês para me auto comparar com Augusto, ou Otaviano, como preferirem chamar a donzela recalcada. Sempre fui muito necessitado da atenção de todos ao meu redor, queria o foco só para mim e nunca deixei de ser autoconfiante e exigente com minhas escolhas. Sempre gostei da minha personalidade, de beber e subir em cima da mesa, cantando as minhas músicas (com plateia, de preferência), fazer meus amigos passarem vergonha na rua, ou gravar um milhão de stories mostrando o quanto estava me divertindo, brilhando muito e não passando despercebido. Limites? Nunca nem tinha visto.

     Porém, isso mudou nos últimos tempos quando comecei a perceber as reais coisas que tem valor em nossa passagem pela humanidade, e que são elas as quais devemos dar nossa atenção. Me orgulho do quanto aguentei nos últimos tempos, as batalhas silenciosas que lutei e só eu sei como superei tudo sozinho, da mesma forma que você entende como é travar uma guerra dentro da sua própria cabeça, os momentos que precisou se alcançar secando suas próprias lágrimas. Sempre celebre a sua força, a nossa força!

     Realmente estou em outra vibe, tem coisas que eu não vejo mais a mínima graça. Minha personalidade confunde as pessoas, eu gosto muito de ficar sozinho, mas também gosto de ser sociável e divertido, em outro momento fico quieto, as vezes sou barulhento, às vezes não tenho nada a dizer, em contrapartida, na maioria das vezes eu não paro de falar. Sinto a energia e me adapto, consegue me entender?

     Preste atenção no que o Lui (já me considero íntimo de você para usar meu apelido) vai te falar agora. Às vezes, sua antiga vida tem que desmoronar antes que sua nova vida comece. Portanto, não hesite em deixar o passado no passado. Não se desespere, não perca o poder sobre as suas atitudes como eu perdi, não perca o equilíbrio mental e sobriedade. Mantenha-se racional.

     Tentar se encaixar fará de você um miserável. Seja você e os que ainda quiserem ficar contigo, mantenha-os próximos e sejam esquisitos juntos. Pare de esperar a honestidade de pessoas que mentem para si mesmas. É um presente muito caro, que pessoas baratas não podem pagar.

     E digo mais, a vida não é simples. Quem disse que seria? Não podemos conseguir nada se não nos sacrificarmos, trabalharmos duro e nos movermos em direção ao que desejamos. Espero que toda essa minha lacração tenha servido de algo para você.

     Enfim, aproveite o seu tempo sozinho, o tempo em que estamos sós pode ser muito produtivo e importante para a nossa vida interior, é um tempo em que podemos nos dedicar apenas a nós, aos nossos pensamentos. Aquilo que consome sua mente, controla sua vida. Não tenha medo de ficar sozinho. 

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