Dia 02 • Eu sou a Stephanie Walker

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ANOTEI TUDO O QUE A STEPHANIE disse e coloquei a agenda na mochila para eu não me esquecer de nada. Às segundas e sextas tinha os ensaios da banda do Dylan – o que já era suspeito pela conversa dele com Gregory. Às terças e quartas tempo livre e às quintas tinha o clube do livro.

Quando acordei, eram cinco da manhã, o alarme da Stephanie berrando uma melodia clássica de piano. Quase lancei o celular pela parede, mas levantei-me e decidi me arrumar para escola.

Abri o guarda-roupa e depois de não encontrar nada que combinasse comigo, procurei por material de corte e costura e graças à Deus, encontrei nos confins da primeira gaveta da penteadeira.

Stephanie me assistia, sem falar nada, até que eu cortei uma blusa verde fluorescente ao meio e ela gritou bem alto.

— Ei, tem pessoas dormindo no mesmo corredor — eu disse para ela, continuando o meu mini trabalho.

— Essa blusa foi um presente da Eliana! Quando nós as duas conseguimos os nossos primeiros corações alados! — Ela exclamou, o rosto vermelho pela sua fúria.

— Desculpa, eu não sabia disso — rebati. Peguei a agulha e cozi algumas pérolas nos acabamentos da blusa e na gola. — Quem é a Eliana?

— É a minha melhor amiga. Ela também é um cupido.

— Existem mais Stephanies por aqui? — Eu finalmente terminei a blusa e segurei uma saia branca de pregas, pronta para transformá-la.

Stephanie me fuzilou com o seu olhar e respondeu:

— O mundo está repleto de cupidos, Molly. Nós cultivamos o amor.

Eu revirei os meus olhos e cortei a saia. Fiz acabamentos na bainha e vesti-me. Me olhei no espelho e dessa vez Stephanie não estava lá. Ou pareceu isso.

Os fios de cabelo estavam lisos — efeito da prancha que usei após o banho —, os lábios cheios de gloss, peguei um guardanapo e limpei o excesso e por fim, passei o perfume doce e maravilhoso que eu encontrei ao lado de uma caixa que devia ser um guarda-joias, de onde tirei um colar de pérolas para ornamentar a blusa.

Coloquei a mochila nas costas, os all star nos pés e saí do quarto.

Desci as escadas até o rés-do-chão e entrei na cozinha. Os gêmeos estavam tomando cereais, os dois vestindo camisas iguais do Bart Simpson e o Dylan lendo um livro sobre acordes e agudos vocais.

— Uau! — Dylan gritou ao me ver, um sorriso balançando entre os seus lábios. — Quem é você e o que fizeste com a minha irmã?

Sorri para eles e sentei-me a mesa.

— Eu sou a Stephanie Walker — demorei ao pronunciar o nome e de seguida ouvimos um estrondo vindo da porta da cozinha.

A senhora Walker tinha deixado cair o cesto de roupas e olhava para mim atônita.

—Oh! Céus! Você amava muito essa blusa! E essa saia, eu… Já estou de saída.

Ela voltou a colocar as roupas no cesto e foi-se embora, apenas o som do seu sapato alto ecoava entre os corredores.

— Eu estou mesmo mal vestida? — Eu não era nada expert em costura, talvez os meus cortes estivessem desalinhados.

— Você sabe muito bem que ela não é muito adepta a mudanças —  Dylan disse. — Se não nos resta mais nada, podemos ir.

Durante o caminho até a escola, a minha cabeça funcionava a mil por segundos. Eu tinha que arranjar uma forma de falar com a Emily e ver se ela poderia me ajudar a tentar ter esse tal de final feliz. Isso tudo era estranho, mas era fácil de aceitar. Não havia outra escolha.

Trinta Dias Para Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora