24 • Os Mortos Também Amam

25 2 0
                                    

HALLOWEN NÃO ERA NADA ALÉM DE crianças pedindo doce aos vizinhos fantasiados de um super-heroi ou uma bruxa dos contos de fadas e todo mundo agia como se estivesse no melhor conto folclórico já existente no mundo.

Eu também amava o Halloween, por ser a única data comemorativa que eu passava inteiramente com os meus pais e a família da Emily.

A Mackenzie e o ateliê da minha mãe sempre lançavam colaborações comemorativas. No natal, no dia de ação de graças, na páscoa e também no Halloween.

E em todas essas ocasiões, eu podia ir aos jantares arquitetados pelas empresas e era apresentada aos melhores designers de moda, desde os que trabalhavam para Donatella Versace até aos que trabalhavam para a Chanel.

Aquilo tudo era especial. Minha amiga dormia comigo no mesmo quarto de hotel. Durante a noite, brincávamos de doçuras e travessuras e pensando nesses instantes, acho que os meus pais davam os doces aos funcionários para nos encherem a cesta. Mas não era nada mal, até que foi um gesto bastante atencioso.

Mas as coisas só melhoraram quando eu e Emily numa dessas viagens de trabalho encontramos uma loja que vendia disfarces, e quando vimos conjuntos de Glinda e Elphaba de Wicked, os nossos olhos cintilaram e nos entreolhamos já pensando na mesma coisa.

— Eu vou ser a Glinda! — Lembro-me de ter gritado de imediato e minha amiga nem contestou.

Já era uma amante de fantasia e para ela era até melhor se fantasiar de Elphaba. Pedimos ao assistente da mãe da Emy, que estava nos acompanhando, para comprar e ele nem protestou e comprou de cara as nossas fantasias.

No Halloween, nos fantasiamos e fomos assim para o desfile. O foco ficou em nós e pude ler na manchete de uma das revistas que estava no evento uma mini matéria sobre nós:

"FILHAS DOS ÍCONES DA MODA APARECEM COMBINANDO O VISUAL DE HALLOWEEN NA DECIMA QUINTA EDIÇÃO DA MACKENZIE HAUNTED, E CAUSAM O MAIOR BAFAFA ENTRE AS CONCORRENTES, POR NUNCA TEREM INCLUIDO ISTO ANTES NUM DESFILE"

Eu era nova demais para perceber, mas já grandinha consigo entender o quão icónicas nós fomos naquela época, com apenas nove anos. Toma esta!

Aquilo meio que foi nosso conceito, mas com a chegada do ensino médio, nós abandonamos tudo isto pois meio que era piroso para a nossa idade sermos comparadas com a Molly e a Emily de noves anos de idade. Foram ótimos momentos, mas também momentos de tortura psicológica nas redes sociais sempre tentando nos deixar em baixo.

Ao me olhar no espelho enquanto penteava o cabelo, eu vi que perdi muitos traços meus que eu me orgulhava de ter. Naquele instante, eu estava uma Molly diferente, uma Molly que aceitava ser vulnerável, fraca e pisoteada pelos outros em certas ocasiões que era necessário e que saberia revidar com postura e requinte. Uma Molly que reconhecia o seu valor e que aceitasse todo o mal se fosse para sair ilesa e para ajudar os outros.

Eu estava orgulhosa de mim mesma, mudei, e era satisfatório saber que mudei apenas para a minha melhor versão. Eu queria saber de mais coisas sobre mim, sobre o meu passado, e então peguei o meu celular e liguei para a minha melhor amiga.

— Emy?

— Oi, Molly, tudo bem? — Ela parecia estar se exercitando pela voz ofegante.

— Está ocupada?

— Não! Quero dizer, estou correndo com o Luke — Emily disse e eu assenti. — Queres mudar para FaceTime?

— Não, não precisa, na verdade, eu quero o diário da Stephanie — eu disse e pude ouvi-la parar de correr.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Oct 10 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Trinta Dias Para Amar VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora