Capítulo Três

12 1 0
                                    

A briga


Chegando na escola eu notei que no campo onde acontecem os treinos de futebol havia um aglomerado de gente, e corro até lá e vou empurrando todos para me aproximar para ver.

Fico paralisada assistindo Felipe debruçado sobre Bernardo e o socando. Grito por instinto.

— Felipe!

Ele se vira quando me escuta. Vou mais perto colocando minha mão no ombro dele o fazendo levantar.

— Não vale a pena — digo. — Mesmo que ele mereça.

Enquanto meu amigo se levanta, olho com de canto para Bernardo sorrindo de deboche.

— Cala boca, que você tava apanhando feio! — Exclamo, fazendo todos rirem e meu ex namorado fica sério.

Me viro para Felipe o abraçando. — Obrigada por ser o melhor amigo que eu poderia ter.

Ele abre um largo sorriso, e com um braço em volta dos ombros dele seguimos para a aula.

À medida que ia passando mais tempo com Lipe, sentia as coisas mudando, embora eu não soubesse explicar o que eram. Mas era algo bom.

Naquele dia fomos para casa dele, almoçamos com a mãe, o pai, e os irmãozinhos, depois jogamos um pouco de videogame, e eu ganhando dele como sempre. Rimos muito. Se não fosse por Felipe eu não sabia o que seria de mim. Mas, felizmente, ele existe. O melhor dos melhores.

Olho para o relógio e me viro para ele.

— Felipe, já são 19h.

Dando uma risada.

— Minha mãe deve tá doida por eu não ter mandado nenhuma mensagem ou ligado.

Pego o meu celular em cima do sofá, e vejo algumas mensagens e ligações. Encaro meu amigo, como "Falei".

— Liga pra sua mãe e avisa que eu te levo pra casa! — Afirmou ele.

Mandei mensagens para minha mãe avisando que estava com Felipe e indo para casa já.

Tento persuadir Lipe dizendo que não precisa me levar. Mas não adianta. Me despeço da família dele, que eu os adoro. Pego minha mochila que estava no canto da porta pendurada, com ele abrindo-a para mim sair, indo na frente com Felipe logo atrás.

Fomos caminhando e rindo olhando as casas e imaginando o que cada um estava fazendo naquele momento. Era nossa brincadeira favorita.

Ao chegar em frente a minha casa Felipe foi comigo me levando até a porta. Fiquei dizendo que era demais isso e ele não ligava.

— Prometi que ia te deixar em casa, e vou. — Avisa ele.

Dei uma risada dando um soquinho de leve no braço dele. Fazendo-o fazer uma careta.

Subimos a escadinha antes de ficar de frente para a porta e falei.

— Agora estou entregue.

Observei que ele me olhava de um jeito estranho. Ficamos assim por um tempo. Ele coloca uma mecha para trás da minha orelha, me fazendo estremecer. E ainda não entendia o porquê. Felipe se aproxima mais falando baixinho.

— Agora tá entregue.

Solto uma risadinha com o comentário dele. Sinto meu coração acelerar. O que é isso que estou sentindo?

Lipe fica assim durante um tempo, inclinando a sua cabeça, como se fosse me beijar. Ele vai?

Quando o movimento da porta quebra o encanto e num salto olhamos para frente. Minha mãe com um sorriso.

— Quer entrar um pouco Felipe? — diz ela.

— Não, a Sra, Martins, só trouxe a Mari. — Afirma ele, se virando para mim.

Eu não sabia o que tinha acontecido ali. Acordando dos meus devaneios dou um passo a frente entrando e inclinando meu corpo a fim de encarar ele.

— Obrigado pelo dia maravilhoso, melhor amigo da galáxia.

Nós dois rimos com a minha mãe logo atrás.

— Não tem de quê, melhor amiga da galáxia. Nos vemos amanhã, certo?

— Certo. — Sorri para ele.

Nesse instante Lipe se vira e desce as escadas com as mãos no bolso e eu entro subindo para o meu quarto e deitando na cama pensando no que tinha acabado de acontecer. Ou quase. 

Me concede a última dança?Onde histórias criam vida. Descubra agora