depois de 2086

cap 8: Humanidade.

Ricks disse que seria extravagante demais ter dois carros em bom estado tão próximos. Os saqueadores notam esse tipo de padrão, e por isso Diana teve que se desfazer do seu carro. Agora, Ricks está dirigindo pela cidade lado a lado com Diana. Eles têm buscado Nicolau há 2 semanas já, e essa é só mais uma das vezes. O motor V8 alterado pelo Ricks possui um ronco baixo, principalmente enquanto o mesmo anda lentamente, atento.

Ricks - Treze dias. Não acha que pode ser impossível de encontrar ele agora? Além do tempo, já olhei todas as cidades próximas. Ele vê Diana olhar para baixo, ela está ciente disso, e a cada dia se mostra mais desanimada. - Isso já tá enchendo o meu saco. De qualquer jeito, se ele estiver vivo, a gente vai achar.  Mas cê precisa tá pronta pro caso de ele não estar.

Diana - ... Eu entendo. Sua voz falha um pouco.

Ricks acha um mercado nesse meio tempo, e foi bem conveniente, visto que eles estão precisando de uma coisa ou outra já. Por isso ele para o carro próximo do mercado, decidido a ser rápido. - Um mercado. Não tinha visto esse até hoje.

Diana - Acha que podemos dar sorte?

Ricks - Isso que eu vou descobrir. Tomara que tenha álcool pelo menos.

Diana observa ele entrar no mercado, de dentro do carro, enquanto seus pensamentos se focam em Nicolau. Eles estão próximos de um "falso rio". É um nome, embora autoexplicativo, ambíguo. São uma das casualidades mais recentes desse novo mundo, com as primeiras aparições sendo por volta de 2067-2070. Algumas cidades, como Sacramento, que Ricks está, acabaram tendo algumas partes invadidas por pequenos caminhos de água pouco fundos. Isso ocorreu pois os Hcs aquáticos criaram caminhos "escavando". Mesmo que seja incomum, pois geralmente não há espaço para um Hc se mover livremente nesses caminhos, há vezes em que eles ficam ali esperando que alguém se aproxime. A maioria das pessoas, (exceto as conhecidas como "sombras", pessoas totalmente distanciadas de tudo e todos que acabam não tendo acesso a informações) já sabem sobre isso, graças ao meio de comunicação, embora limitado, funcional. Muitas cidades, quase todas, possuem transmissores e receptores de sinais dentro de estruturas como comércios, propriedades privadas luxuosas, etc. Esses sistemas foram colocados em prática desde 2037, e até hoje muitos engenheiros e entendedores continuam espalhando esses aparelhos que emitem e captam frequências de sinais, ou outras formas de comunicação, que por sua vez, são convertidas. Esses aparelhos possuem tamanhos, formatos e até forma de funcionamento variados, o que não varia é a conversão. Essa conversão é feita por uma ferramenta que qualquer um minimamente capacitado possui, um cabo com hardwares específicos que instalam um software no dispositivo, como um notebook ou um tablet. As informações são publicadas nesse software, que por sua vez está armazenado em um sistema como uma "internet 2", mas, limitada. 3 Vezes por mês esse software, conhecido como "Reencontro" volta ao ar durante um dia antes de ser suspenso. Durante esse dia, o software disponibiliza chats públicos e privados, e uma aba para informações, onde pessoas do mundo inteiro que seguiram os passos anteriores e estão conectados, podem conversar entre si e encontrar muitas informações na opção "descubra". É dessa forma que o mundo mantém o mínimo de contato.

Ela observa esse Falso rio que está a poucos metros do carro, e pensa ter visto algo. Curiosa, ela põe a máscara e sai do carro. Lentamente ela anda até o pequeno rio. A água é escura, contaminada. Infelizmente não há um sinal de vida ali, não uma vida boa como conhecemos. Ela vê algo se mexer na água, suavemente, e tenta ver melhor. Quando a agitação aumenta ela se afasta rapidamente, e escuta a voz de seu irmão "então vai me abandonar de novo?". Ao ouvir isso, ela paralisa, e volta rapidamente para ver a água. Enquanto ela analisava, têm a cabeça arrancada por um Hc que pulou e arrastou para dentro da água.