Capítulo 02

24 2 1
                                    

HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA!

Era o que Marie conseguia ouvir quando já estava chegando no litoral do reino do principezinho metido que ela tinha como primo.

Infelizmente, na noite anterior, ele havia lhe mostrado toda a enorme árvore genealógica da família, e lá estava o nome dela ao lado do nome dele e de todos os seus cinco irmãos, enquanto ela era a única filha de um casamento considerado inapropriado e odiado por todos.

Marie permaneceu em estado de choque desde esse momento. Não conseguia acreditar que a sua mãe já fora uma princesa e desistiu de tudo para fugir com o seu pai, antes um simples mercador, para um mundo completamente diferente e desconhecido. Ela trocou um lugar quente e aconchegante para ficar com o homem que amava, fugindo para um lugar frio e estranho, nada receptivo. Ainda assim, persistiu e viveu a vida junto a ele, mesmo que lutando contra a opressão que o país opunha sobre ela, ela não desistiu dele e nem ele desistiu dela, pois estava sendo ameaçado de morte por estar cortejando a filha do mais prezado rei Richard Sharma. Eles viveram uma vida plena e feliz até sua recente morte.

E essas duas características não definia Marie nesse exato momento, enquanto encarava aquele novo mundo que o destino resolveu envolver ela.

- Precisa melhorar essa cara, senhorita Marie - provocou Peter, segurando uma risada que persistia em sair ao ver os lábios retorcidos da recém descoberta princesa.

- Não começa - pediu, ou melhor, ameaçou Marie, sem desviar os olhos daquele reino que se erguia diante seus olhos - Por que aqui é tão colorido?

- Tá, pode parar de fazer essa cara enquanto olha para o meu país? Você nem tenta ser menos desagradável, não é? - bufou, se debruçando sobre a balaústres no navio e apontando para uma torre enorme com a sua ameia em formato de gota virada ao contrário - Está vendo aquilo ali? É o palácio - revelou ele, inspirando e expirando lentamente, aproveitando o ar salgado proporcionado pelo mar - É para lá que vamos. 

Marie, realmente, não estava acostumada. Toda a estrutura daquele reino era peculiar para ela, que veio de um país completamente esquecido e ignorado no mapa, por suas enormes geleiras pesadas. Portanto, qualquer um que tentasse chegar perto de lá com barcos, estava procurando uma morte, morte essa que era adquirida sem nenhum escrúpulo. Para o movimento de entrada e de saída de qualquer coisa lá, só era possível por aeromóveis, muito bem aquecidos, para não correr o risco de congelarem e acabar afetando as engrenagens, fazendo com que o móvel caísse e matasse todo e qualquer ser vivo que estivesse lá.

É, a vida de Marie sempre foi cercada pela sombra da morte escura e persistente, sempre querendo perfurar a bolha de um mundo cor-de-rosa que os pais haviam proporcionado a ela até o dia da morte deles. Agora, mesmo em frente àquele esplendor de cor e vida, ela se sentia incompleta e triste.

Ela se permitiu roubar um pouco daquele ar salgado que expandiu os seus pulmões, a fazendo ter sensações que nunca imaginou experimentar. Aquele ar era completamente diferente do ar gelado e cortante que ela era obrigada a respirar na sua terra natal, que, se não tivesse cuidado, a mataria, com certeza. As ondas batiam no navio, as gaivotas soavam um som estranho e diferente para os ouvidos de Marie. Seu agasalho, agora, era inútil e só fazia ela sentir um calor extremamente exagerado.

Um novo mundo se abria para ela. Ela só não tinha noção de o quanto isso era encantador.

Quando desembarcaram, foi como se o mundo inteiro explodisse em cores pastéis e brilho, o que combinava com a paleta de roupa de Peter, que estava de terno e calças rosa e camisa branca, logo colocou um sorriso no rosto e passou a acenar para todos que ele podia, pois eram muitas pessoas juntas. Todos pareciam estar em festa porque ele havia chegado.

Coração de PrataOnde histórias criam vida. Descubra agora