O que aconteceu na sala do trono causou uma avalanche em todo o castelo, que precisou paralisar os preparativos para o casamento com a finalidade de proteger os membros da realeza presentes, com um foco especial no rei Richard, que sofreu o principal atentado contra a sua vida. Isso se tornou um fardo infeliz para o rei, que teve que atrasar a data do casamento para uma semana mais tarde.
Nesse meio tempo, Marie mal viu Peter, que pareceu estar tão ocupado quanto ela, que era a noiva e tinha que responder perguntas que podemos considerar estarem a beira da estupidez. Ou, talvez, ele só estava mesmo atrapalhado com a grande quantidade de coisas que iam e vinham para o casamento.
A arquitetura do castelo em si já apresentava uma aparência abundantemente exagerada, com mais aqueles adereços, o local se tornaria um perfeito e grandioso carro alegórico.
Por outro lado, o vento frio e as nuvens escuras se espalhando pelo céu apontavam uma tempestade se aproximando. Suas gotículas, provavelmente, seriam os penetras na festa. Dessa forma, os preparativos se montaram completamente voltados para esse fato, que não foi capaz de atrasar mais ainda o evento.
Quando o tão esperado e temido dia chegou, antes mesmo do sol lançar seus primeiros raios sobre os montes, Marie já estava posta de pé, percorrendo um caminho repetitivo e constante de vai e vem, que deixaria alguém tonto se acaso a observasse.
Enquanto roía as unhas e repetia mentalmente para si mesma o plano que armara para fugir, Marie parou onde estava quando ouviu algumas batidas delicadas na sua porta, como se elas fossem só para a mesma escutar, não mais outro alguém.
- Sou eu, Marie. Peter - se revelou, logo em seguida a sua anfitriã o recebeu com uma respiração ofegante, demonstrando o quanto estava nervosa - Nossa, você virou o próprio “nervo” em pessoa! Quem não te conhece, acharia que está louca para se casar.
- Felizmente todos já sabem da minha opinião quanto a isso. Ninguém irá cometer esse ultraje, apesar de fingirem não se importarem com tamanha idiotice.
- Caramba, você é difícil de se surpreender, não é? - notou Peter, finalmente entrando no quarto e se virando para Marie, que fechou a porta - De qualquer forma, ele não me parece ser uma pessoa ruim. O seu maior defeito revelado até agora é não gostar de chocolate.
- Nossa, que pecado - debochou Marie, se jogando na cadeira da penteadeira com um suspiro.
- É sério! Ele, provavelmente, não será um mau marido. Não sei… Ele é tão certinho que dói - Peter fez careta e não se limitou a se jogar de costas na cama ainda desarrumada de Marie, que o encarava com os olhos semicerrados.
- Você diz depois reformula toda a sua frase, deixando evidente a sua pequena dúvida! Afinal, ele é bom ou não é?
- Garota Polar, você acha que dá para conhecer bem alguém com semanas de convivência? Logo nessas situações que nos encontramos, onde é um jogo de poder e ambição. Ele é, certamente, um soldado, príncipe rendido às necessidades do seu povo. Claro que isso o motiva, mas não sei até onde isso é bom.
Sem nenhum aviso, Marie, por um momento de estresse, pegou o frasco de perfume e o atirou contra a parede, com uma força capaz de transformar aquele objeto em pequenas partículas de vidro, entoando um aroma forte e doce causado pelo líquido esparramado pelo chão.
- Eu não quero isso! - esbravejou ela, se levantando e começando a caminhar pelo quarto, como fazia antes - Não gosto dele e não importa o que ele faça, nunca gostarei! Que ele vá para o inferno junto com esse casamento, sua família e, principalmente, o seu maldito pai! Que carregue tudo e vá! Se eu tivesse ao menos um direito de escolha…
- E o que você escolheria? - interrompeu Peter, se levantando e indo de encontro a garota, que mantinha um olhar perdido para um ponto fixo no chão, tentando controlar a sua raiva e revolta.
- Eu escolheria… Ir para um lugar longe daqui. Livre de sofrimento, onde eu possa aproveitar o sol, longe do frio em que eu vivia antes. Livre da tirania, somente eu sendo dona de mim mesma.
Peter logo colocou suas mãos sobre os seus ombros, o que a fez levantar a cabeça só para seus olhos acabarem se encontrando com os olhos brilhantes âmbar dele, que não desviaram ou tremeram a aquela troca de olhares. Eles, ali, se conectaram.
- Acho que eu, se tivesse direito de escolha, pediria a mesma coisa - a voz dele se encontrava baixa, quase num sussurro. Marie ouviu o seu coração bater ao fundo da voz dele, enquanto o mesmo falava - Então… Podemos ir juntos.
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Coração de Prata
FantasyNove pedras. Nove reinos. Mas, somente uma verdade. Marie é levada da sua cidade natal por um príncipe que se revelou ser parte da sua família que, antes, sustentava uma relação instável e inexistente. Agora, todos se unem para jogar o xadrez da pe...