╰ 𝗖𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖨 ⏑

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Como mencionado no capítulo explicativo, todas as vezes que julgarmos necessária uma intervenção para melhor compreensão, haverá uma nota inicial.

Este capítulo retratará o episódio "A Casa de L", entretanto, há mudanças no decorrer da narrativa que serão devidamente explicadas. A título de informação, para este e demais capítulos, todas as vezes que a fala estiver entre aspas, - "desta maneira" - significa que ela está sendo dita em russo. Conversamos a este respeito, e para fins de dinamismo, preferimos desta maneira ao invés de colocar a fala na língua citada e ter de traduzir sempre em seguida.

No mais, boa leitura!

Kaznia

Branco. Era tudo que havia, em todo lugar. A mente confusa e o corpo despido não ajudavam a formular nada coerente para explicar o motivo pelo qual ela estava naquele local. A incapacidade de articular pensamentos coerentes apenas aprofundava o mistério que a mantinha ali. Afinal de contas, onde era ali? Nada parecia fazer sentido, sua própria existência estava incluída naquela equação.

Janeiro costumava ser o mês mais frio naquele país, as temperaturas iam num disparate desde a máxima de 9 graus negativos, até a mínima que beirava incríveis 42 graus negativos. Sob essas condições brutais, a neve sobrepunha as paisagens gerais, e o frio abalava até mesmo as grossas camadas de roupas térmicas e casacos de pele. Ventos cortantes, atingindo velocidades de até 25 km/h, assumiam a tarefa de congelar, literalmente, qualquer superfície de pele exposta, transformando o ambiente em um reino gelado e desafiador.

Isso não parecia abalar a mulher cuja única proteção contra o frio extremo se dava por um pequeno cobertor fino de fibra sintética. Sua caminhada errática a levava a lugar nenhum, a floresta que a rodeava parecia ser suficientemente densa, e grandiosa. Os pés marcavam a neve acumulada no solo, gerando uma trilha de pegadas por onde ela passava. Seus dedos mantinham o tecido preso a seu corpo, impedindo-o de cair conforme andava.

Apesar do mover rítmico de seu corpo, sua mente permanecia empenhada em decifrar o enigma que a envolvia, cada floco de neve caído parecia carregar consigo mais perguntas do que respostas. Os pensamentos vagueavam em meio à brancura infinita, buscando pistas que pudessem dar um significado à sua presença naquele lugar desconhecido. O próprio silêncio que permeava a paisagem contribuía para a atmosfera surreal, ampliando o mistério que a circundava como um manto gelado.

As luzes chamaram sua atenção, estavam distantes, mas devido a amplitude da escuridão fornecida pelos galhos altos e retorcidos, a mínima luminosidade se equiparava a um farol.

Seus passos titubeantes mal geraram uma linha reta, quando a floresta por fim virou algo passado. A sua frente erguia-se uma enorme estrutura, chamativa o suficiente para cativar sua curiosidade, as paredes de concreto se diferiam do tom esbranquiçado que ofuscava sua visão. O silêncio era incômodo, a força do vento proporcionava um choque contra as superfícies incoerentes dos muros, o que gerava um alto, e até assustador, uivo. Mal pôde compreender que não estava mais sozinha até que inúmeros homens se materializaram à sua frente, apontando coisas em sua direção e gritando palavras que não lhe chegavam ao entendimento. Uma luz forte posta sobre seus olhos fez com que ela se encolhesse, as pálpebras se apertando sobre as orbes azuis enquanto as pupilas tentavam se adequar ao excesso de exposição.

Quando os homens agarraram seus braços e a levaram para dentro, com sua permissão inconsciente, tudo ainda era um borrão. Uma sequência de eventos consecutivos que não eram processados por seu córtex cerebral. Eles a levaram a uma sala, onde lhe deram objetos de vestir, um enorme que ia até seus tornozelos e ponta dos braços, e até mesmo um de enfeitar a cabeça. Tudo que ela precisava era descanso, mas isso não parecia que lhe seria cedido nem tão cedo. Em meio a falas e ações, ela se viu sentada em frente a um grupo de homens que a olhavam com as mais variadas expressões. Havia algo em suas mãos, o cheiro era bom e não custava se aventurar a provar. Levando o objeto à boca, ela experimentou o líquido, os olhos demonstrando sua surpresa pelo sabor agradável.

𝐼𝗇 𝐵𝖾𝗍𝗐𝖾𝖾𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora