╰ 𝗖𝗁𝖺𝗉𝗍𝖾𝗋 𝖨𝖨𝖨 ⏑

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Planeta C-53 — Terra.

A culinária, de fato, transpõe fronteiras culturais, transformando-se na linguagem universal que todos compartilhamos. Os alimentos, especialmente aqueles ricos em carboidratos, desempenham um papel único nessa narrativa gastronômica. Estes são dotados com a fascinante capacidade de elevar os níveis de serotonina, que é o neurotransmissor responsabilizado pela regulação das sensações de prazer e bem-estar, e podem apresentar-se de diversas maneiras.

Danvers imergiu nos afazeres gastronômicos do Complexo A com dedicação. Apesar de não conhecer nada da arquitetura e design local, contava com o auxílio de Sexta-Feira, que a instruía numa dança silenciosa através do abrir e fechar de armários e geladeira. Os ingredientes foram dispostos sobre o balcão meticulosamente, e pouco a pouco, ela começou a dar forma a seu imaginário. Duas torradas, cuidadosamente postas sobre um prato, e todas as opções de recheio que ela pôde achar na geladeira, adornavam a agora pronta bandeja. Uma xícara de chocolate quente fervilhava, cortesia de seus poderes, e estava no canto esquerdo superior, posicionada de maneira pensada, sua asa para o lado exterior da bandeja. Por fim, uma pequena tigela com frutas variadas, cortadas habilmente em pequenos pedaços, aderia uma variedade de cores à paleta alimentar.

Estagnada em frente ao balcão, Carol pousou suas mãos fechadas em punhos na cintura. Em sua mente havia uma concorrência entre duas decisões. Não queria invadir o espaço pessoal de Kara, não após a sobrecarga emocional a qual lhe submeteu. Contudo, deixá-la só em um momento tão sensível também não parecia ser a melhor das opções. Seu olhar estava sobre o alimento, mas não era ele que lhe tumultuava os pensamentos.

Senhorita Danvers? Encontrei mais algumas informações sobre Kara Zor-El como havia solicitado, e também apaguei todas as filmagens que continham sua presença.

     Obrigada, Sexta-Feira. Olharei em um instante.

Soltando uma longa lufada de ar, agarrou os pegadores laterais da bandeja, inflada com um bombear de cinco segundos de coragem insana. Seus passos eram cuidadosos, andares acima, em direção ao quarto que comportava a garota. Se surpreendeu quando notou a porta aberta, e a viu sentada da exata maneira que estava na sala. Seus dedos se apertavam ao redor de seus joelhos, como se estivesse tentando controlar-se emocionalmente. Era uma sensação dolorosamente compreendida por Danvers.

Pensei que pudesse estar com fome. - Forçou um sorriso, erguendo a bandeja quando teve sua presença notada. Esperou por alguma reação e quando avistou um mínimo aceno, adentrou o quarto. - Eu não sabia o que você gostava de comer, então trouxe todas as opções possíveis.

     Ainda não sei do que gosto. - Repetiu o mesmo que falara a Alex quando ele a perguntou se ela gostava de seu quarto em Kaznia. Agora que tinha um quarto aqui, percebeu que não gostava daquele.

     — Mas acho que reconhece esse. - Apoiando a bandeja sobre a mesinha na lateral da cabeceira, ela pegou a xícara e a estendeu quando viu o olhar interessado sobre o conteúdo em seu interior.

     — "Primeira coisa que bebi." - Explicou, desistindo do inglês por hora.

Carol estudou a maneira como ela envolvia a xícara em suas palmas, sem se importar com a temperatura, e levava o líquido à boca, não havendo a menor menção de resfriá-lo antes. Assistiu as feições se tornarem mais leves e até ligeiramente contentes com o sabor.

Sabe o nome? - Puxando a poltrona atrás de si, ela sentou-se, recebendo uma resposta negativa em forma de acenar. - Chocolate quente. - O nome soou em inglês, enquanto a garota parecia o processar.

𝐼𝗇 𝐵𝖾𝗍𝗐𝖾𝖾𝗇Onde histórias criam vida. Descubra agora