A cerimônia é linda. Após a entrada dos padrinhos e das damas de honra, as petalistas — minhas primas —, em sincronia, jogam pétalas de rosas-brancas no tapete vermelho para a passagem da noiva. Dessa forma, Jéssica não demora em aparecer no fim do corredor. Ela não atrasou nem um minuto.
A marcha nupcial tem início e, de braços dados com tio Rodolfo, minha prima começa a caminhar em direção ao altar, ostentando um lindo sorriso no rosto. Não são apenas seus olhos que brilham de felicidade; Jéssica está envolvida em uma áurea de luz. Seu vestido de noiva é delicado, feito de renda, a saia com armação suficiente para deixá-la parecendo uma princesa. O véu é longo, arrasta pelo chão e está preso em uma tiara de pedras prateadas.
As pessoas suspiram, assobiam, batem palmas e tiram fotos conforme ela passa. É lindo vê-la realizando o seu sonho. Mais lindo ainda ter acompanhado de perto o relacionamento dela com Maurício e ter certeza de que ele é o homem certo para ela. O homem que a amará e a respeitará até o fim de suas vidas.
Respiro fundo, tentando não deixar lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Jéssica e Maurício fazem seus votos. Cada um à sua maneira, declarando um para o outro o amor inestimável que sentem. Eles trocam as alianças e o juiz de paz os declara marido e mulher. Então, os dois se beijam. Batemos palmas com a união, nossas famílias fazendo muito barulho para eles.
Sem me dar conta, meu olhar procura Andrei, que já está olhando para mim. Ele sorri, batendo palmas e eu sorrio de volta, sem parar de olhá-lo. Não consigo deixar de imaginar que se fosse o nosso casamento, nossas famílias estariam felizes com a união. Claro, não fazíamos planos de nos casarmos, mas sabíamos que o nosso final seria no altar.
A cerimonialista me tira do transe em que me encontro quando pede para fazermos a saída em fila, assim como fizemos a entrada, só que agora com os noivos caminhando na frente, como marido e mulher.
Assim que chego na ponta do corredor, encontro Andrei me esperando com o braço estendido. Ele me entrega um lenço branco.
— Agora pode chorar, se quiser — diz.
— Casamentos me deixam emotiva — confesso. Aceito seu lenço, passando com cuidado abaixo de meus olhos e entrelaço meu braço ao seu logo em seguida.
Caminhamos para o local da recepção, onde será servido o bufê. Todos os convidados esperam pelos noivos, que chegam por último. Assim que Jéssica e Maurício entram, jogamos arroz para o alto. Dentro de mim, mentalizo uma prece para eles, para que eles sejam muito felizes.
A festa transcorre como deve: música alta para todos os gostos, fotos com os noivos e comida. Muita comida. Jéssica está radiante e passa de mesa em mesa para cumprimentar os convidados. Maurício, ao seu lado, a ajuda com a saia longa do vestido, segurando para ela.
— Estou tão feliz por você. — Abraço minha prima, nosso abraço de urso. Uma tentando esmagar os ossos da outra.
— O próximo casamento será o seu — ela sussurra no meu ouvido, fazendo menção com a cabeça para Andrei, que conversa com o seu, agora, marido. — Vou jogar o buquê na sua direção.
Balanço a cabeça negativamente, mas com um sorriso no rosto.
Em dado momento, decido deixar a recepção e dar uma volta pelo local, pelo jardim que fica próximo ao altar. Enquanto caminho, observando as flores dispostas no lugar, acabo encontrando Cecília sentada sozinha num banco de madeira, atrás de uma grande árvore, passando quase que despercebida.
— Ceci? — chamo. — Está tudo bem?
— Sim, claro! — ela responde sorridente. — Apenas precisava de um pouco de paz. Sabe como é, muita gente num lugar só, a minha bateria social meio que acaba.
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Donna & Drei
RomanceMaria Donnatela leva uma vida monótona, mas que não acha ruim: está acostumada a trabalhar de segunda a sexta e a assistir suas novelas turcas preferidas aos finais de semana. Tudo transcorre normalmente, até que sua mãe - como sempre - acaba invent...