Quando eu e Andrei nos despedimos dos noivos e de nossos parentes, a festa ainda não havia chegado ao fim. A recepção duraria mais umas boas horas, mas como tínhamos que voltar para Uberlândia e pular cedo da cama no dia seguinte, próximo às seis da tarde, voltamos ao hotel para pegar nossas malas e partir.
Caminhamos de mãos dadas por toda a distância até o prédio e, quando o elevador chega e suas portas se fecham, Andrei segura meu rosto e me beija. Ele me beija dentro do elevador e quando saímos dele, no corredor a caminho do quarto.
— São anos de saudade — Andrei sussurra, assim que fechamos a porta do cômodo em que estamos alojados.
— Muito tempo perdido — concordo.
— Eu não quero perder nem mais um minuto longe de você, minha Donna.
Andrei volta a me beijar, mas somos interrompidos por seu celular, que começa a tocar sem parar.
Relutantemente, Andrei me solta e tira o celular do bolso.
— Preciso atender — diz, franzindo o cenho.
— Vou trocar de roupa — falo. Preciso mesmo acalmar os ânimos.
Pego o short e a camiseta que já tinha separado para ir embora e entro no banheiro, recostando-me na porta fechada, de frente para o espelho. Meu coração está acelerado no peito, minhas bochechas coradas e a boca um pouco inchada. Acabo sorrindo para o meu reflexo. Parece que estou flutuando em nuvens de algodão. O olhar sonhador que há muito tempo não via, volta para o meu rosto.
Começo a puxar o zíper do meu vestido quando escuto a voz de Andrei vinda pela janela do banheiro. Ao que parece, ele está do lado de fora, na sacada do nosso quarto.
— Sim. Certo, Flávio.
Flávio? Por que o nosso chefe está ligando para Andrei no início da noite de um domingo? Será que aconteceu alguma coisa?
Coloco atenção na conversa, mesmo que seja errado. Bem, nem tão errado, afinal, sou a secretária da empresa e qualquer coisa posso ajudar. Mesmo que seja domingo e eu esteja fora do meu horário de serviço.
— Não sei, Flávio. — Andrei soa cansado, como se o assunto já tivesse sido discutido diversas vezes. O nosso chefe é bem insistente quando quer.
A voz de Andrei fica um pouco abafada, impedindo que eu escute a conversa, até que fica próxima novamente. Parece que ele está andando de um lado para o outro.
— Sei, a promoção.
Promoção?
Meu coração dispara, mas, desta vez, por outro motivo.
— Sim, pode ser. Aceito.
Espere.
— Até amanhã. — A ligação é finalizada.
Aceito?
Minha cabeça fica confusa tentando entender o que acabou de acontecer do outro lado da parede. Promoção? Andrei será promovido?
Primeiro, fico feliz por ele, um sorriso ameaçando a despontar em meus lábios, até que...
— Ah, meu Deus! — sussurro, meus pensamentos se alinhando.
Há uma vaga para advogado da empresa na filial de São Paulo. O cargo é mais alto, o salário maior ainda, pois quem for trabalhar lá cuidará dos casos mais importantes da companhia. Claro que Andrei seria o mais indicado para a posição, ele é o melhor que temos em diversos aspectos.
E essa é a única vaga disponível para promoção na empresa.
Andrei vai embora.
Eu não quero perder nem mais um minuto longe de você, minha Donna. Suas palavras vêm a minha mente. Como não perderemos os minutos se ele vai embora?
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Donna & Drei
RomansaMaria Donnatela leva uma vida monótona, mas que não acha ruim: está acostumada a trabalhar de segunda a sexta e a assistir suas novelas turcas preferidas aos finais de semana. Tudo transcorre normalmente, até que sua mãe - como sempre - acaba invent...