Miguel bate palminhas, todo sorridente, enquanto nossos convidados — a maioria família — cantam os "parabéns pra você" em uníssono. Tento bater palmas da forma que posso, já que Miguel está em meu colo.
— Parabéns pra você, nesta data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida. Viva o Miguel!
Assim que a música termina, eu e Andrei nos abaixamos com o pequeno perto do bolo para que ele "assopre" a velinha, a primeira velinha de muitas. Depois de tirarmos algumas fotos, minha sogra pega Miguel do meu colo e ajuda Andrei e minha prima Jéssica a servirem bolo nos pratinhos de plástico.
Enquanto todos estão concentrados em ganhar um pedaço de bolo, vou até a mesa dos salgadinhos para guardar alguns para Samantha, que não pôde estar na festa. Estou tão distraída com o que faço que não reparo quando tia Carmen para ao meu lado.
— Oi, tia — digo. — Obrigada por ceder a casa para a festa do Miguel.
Quando eu e Andrei decidimos fazer a festa de aniversário de um ano do Miguel, queríamos que fosse perto dos nossos parentes, para que todos pudessem comemorar, afinal, nosso menininho é o primeiro bisneto das nossas avós. Como a casa de vovó estava fora de cogitação e a de dona Lúcia em reforma, tia Carmen disse que não haveria problema em usar a casa dela.
— Ah! Não tem o que agradecer. — Ela sorri para mim e olha para frente, para onde Miguel e Andrei estão. — É uma linda família, não? — pergunta.
— Sim. — Sorrio também, sem desviar o olhar da família que construí. Da família que estou construindo.
Andrei está vestindo uma camisa cor de vinho, bermuda cinza e tênis. Para combinar com o pai, vesti Miguel com as mesmas cores de roupa, mas com uma calça, no lugar de bermuda. Por minha vez, optei por um vestido preto rodado de alcinhas na altura das coxas e um tênis branco. Soltei meus cabelos e não coloquei nada de bijuterias, já que Miguel aprendeu a puxar do meu corpo toda e qualquer coisa brilhante que vê. Semana passada foi meu brinco de bolinha, um que Andrei me deu de aniversário de casamento.
— Já está enchendo o ouvido da minha filha de asneiras, Carmen? — É a voz de mamãe, que para ao lado de sua irmã.
— Não estou falando nada de mais, Cida. Apenas dizendo que a família de Donnatela é linda — minha tia retruca.
As duas irmãs trocam um olhar cúmplice e sorriem uma para a outra.
— Perdi alguma coisa? — questiono.
— Conte para ela Cida — tia Carmen diz.
— Acho que está na hora. — Minha mãe pisca. — Já faz três anos mesmo. — Ela dá de ombros.
— Aconteceu alguma coisa? — Quero saber.
— Lembra daquela história de que sua tia havia jogado na minha cara que a Larissa estava melhor do que você? — mamãe pergunta. — Dizendo que ela estava namorando, com planos para a casa própria e blá, blá, blá... — Ela revira os olhos.
— Sim, lembro — respondo sem entender aonde ela quer chegar. — Era mentira? A tia Carmen não disse isso?
— Ah, minha filha, eu disse sim — minha tia responde, balançando a cabeça afirmativamente, sem nem um pingo de vergonha na cara. — Você estava mesmo ficando para trás.
— Não estou entendendo — falo. Decido ignorar a parte que tia Carmen me ofendeu um pouquinho.
— Bom, eu e sua tia tivemos uma discussão feia, mas, no final, tivemos uma ideia — minha mãe conta.
— Uma ideia brilhante. — Titia sorri.
— Acho que a melhor ideia que tivemos desde que eramos adolescentes e decidimos trocar nossos namoradinhos.
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Donna & Drei
RomanceMaria Donnatela leva uma vida monótona, mas que não acha ruim: está acostumada a trabalhar de segunda a sexta e a assistir suas novelas turcas preferidas aos finais de semana. Tudo transcorre normalmente, até que sua mãe - como sempre - acaba invent...