Capítulo I: Escola

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Mya

Acabei de acordar. Está frio. Visto minha roupa, um par de calças, uma camisa, um casaco e por fim calço meus sapatos. Saio do quarto e vou para a cozinha, para beber café. O calor da bebida me esquenta por dentro e acaba com o frio que eu estava sentindo. São 6:54, tenho que me preparar para a escola. Coloco todos os livros de hoje na mochila: matemática, português, história da América, química e geografia. Eu odeio a escola. Meus únicos amigos de verdade são Brandon e Sophia, os outros só falam comigo para eu os ajudarem com as tarefas e trabalhos. Aliás, meu nome é Mayara, mas todos os meus íntimos me chamam de Mya.

Saio de casa e meu gato vem me cumprimentar. Na verdade ele só quer entrar pra dentro, mas meu pai não deixa então digo a ele:

_Você sabe que não pode. Agora volte para seu canto.

Como se entendesse o quê eu havia dito ele sai para longe. Ele dorme numa pequena sala fora de casa, onde guardamos as ferramentas. Ela sempre está aberta pra que ele possa sair de lá se quiser, além do mais ninguém iria querer roubar o quê há lá. Saio para a rua e começo a andar em direção a minha escola. Mas no meio do caminho uma voz bem conhecida chama meu nome, ou melhor meu apelido:

_Mya!_É Sophia, fico surpresa pois ela sempre chega antes de mim na escola e nós nunca nos encontramos no caminho_ Espere um pouco!

Começo a andar mais devagar para que ela possa me alcançar. Ela corre em minha direção e me alcança. Ela esta usando uma jeans e um sobretudo rosa. Ela sempre está tão linda. parece uma princesa as vezes. Ainda me pergunto por quê ela anda e fala comigo, a menina que é a nerd da turma e ninguém conhece, a menina que nunca fala nada e sempre anda com as mesmas pessoas.

_Você se atrasou. Por quê?_pergunto a ela_Você sempre chega antes de mim na escola.

_Eu preciso te contar uma coisa. É importante, e eu preciso te contar antes de você chegar a escola.

isso é muito suspeito,mas acho que é melhor se eu ouvir.

_ O quê foi?_pergunto, imaginando o quê é. Do jeito que Sophia é pode ser até uma coisa boba, ela sempre fica preocupada com qualquer coisa.

_Eu não devia contar, mas você é minha amiga. Promete que não vai contar pra ninguém que fui eu que te contei?_Faço que sim com a cabeça. Agora até eu fiquei preocupada, ela nunca fica tão ansiosa com nada._Tudo bem, eu vou contar. O Dennis e os seus amigos vão fazer uma pegadinha com você, eu ouvi eles falando disso ontem no almoço.

_O quê? O quê é que eles vão fazer?Quando?_Pergunto. Como se eu já não fosse anti-social o bastante pra ser humilhada na frente dos meus colegas. Porque as únicas pegadinhas que o Dennis e seus amigos fazem são daquelas feitas para humilharem e fazerem as a pessoas passarem vergonha._ O quê você sabe?

_ Eu não sei muita coisa, mas eu acho que tem alguma coisa a ver com o banheiro. Mya, não vá ao banheiro hoje, por favor.

_ Tudo bem! Se souber de alguma coisa fale comigo na hora do intervalo._ Falo quase imediatamente depois de ela terminar de falar. Estou tão nervosa agora. Lembro de algumas pegadinhas de Dennis: teve uma vez que ele afundou a cabeça de um menino na privada, também teve uma aluna que ficou toda molhada e pegou gripe depois disso. Ninguém, em sã conciencia gostaria de ser vitima de uma dessas pegadinhas.

Por que essas coisas sempre acontecem comigo. Eu nunca fiz nada pro Dennis. Por que ele iria querer fazer isso comigo? É claro, a garota super quieta que não fala com ninguém, o alvo perfeito. Todos vão rir de mim. Todos menos Sophia e Brandon.

Estou tão absorta em meus pensamentos que nem noto que já estamos a uma quadra da escola. Dennis e seus parceiros, esperam no portão da escola. Eles estão conversando animadamente quando me vêem e começam a dar risada. Devem estar pensando em como eu vou ficar quando cair na pegadinha deles, mas o quê eles não sabem é que eu também ja sei da sua pegadinha pra mim. É eu não ir no banheiro que vai ficar tudo bem, digo a mim mesma.

Passo pelo grupo de meninos com Sophia enquanto eles dão mais risada, pensando que eu não sei de nada. Vamos para a sala de aula e andamos para nossas carteiras. Brandon já está lá, sentado no canto direito bem ao fundo. Sophia senta na frente dele, e eu a seu lado. Logo depois que sentamos entra na sala a patricinha da turma: Clarice. Ela senta no canto esquerdo da sala no meio da fila de carteiras e ao lado de Dennis, que está lá fora. Ela apenas veio colocar sua mochila aqui e já saiu. Mas eu percebi no momento em que olhou pra mim, um sorriso se formar em seu rosto. Ela sabe de alguma coisa.

Clarice e eu nunca fomos amigas, eu nunca falei com ela e nem ela comigo, mas eu acho que ela tem mais aversão a mim do que eu tenho dela. Eu nunca faria nada de mal para ela. Pelo contrário, ela não hesitaria em me causar o mal. Isso fica mais evidente agora, com esse sorriso. Ela sabe da peça que Dennis vai pregar e não fez nada. Ela e Dennis são namorados, então, se ela quisesse era só falar com ele e ele cancelaria a pegadinha. Mas ela não fez nada. Eu nunca fui com a cara dela, mas agora estou queimando de raiva por dentro.

Mas eu preciso me acalmar, a aula já vai começar e eu não vou conseguir prestar atenção nos professores se ficar pensando nela. Além do mais, é só eu não ir ao banheiro. É eu não ir ao banheiro, é eu não ir ao banheiro... Repito pra mim e fico repetindo até eu me acalmar.

São 7:27 quando o professor de matemática entra. Ele começa a distribuir as provas da aula anterior. Eu tirei 9.5. É uma ótima nota considerando que o resto da sala tirou 6.5 na média. Aqui no país onde moramos, a Nova América, as notas que você tira na escola definem no quê você vai trabalhar. Depois de as pessoas terminarem a escola eles nos aplicam uma prova para decidir qual o trabalho certo para nós, e depois de selecionado o trabalho, nos devemos exerce-lo pro resto da vida. Por isso eu me esforço ao maximo para tirar notas boas. Mas parece que o resto da sala não tem a mesma preocupação.

Em seguida o professor começa a passar a prova a limpo no quadro. Todos devem anotar seus erros e corrigi-los, e é o quê eu faço. Nem acredito no quê eu errei. Um sinal de menos no lugar errado. Como eu pude errar isso. Matemática é minha matéria preferida, não tinha como eu errar. Olho para o resto da turma. Sophia está olhando atentamente para frente e Brandon está anotando algo no caderno. Olho de relance para Clarice: ela está rindo de uma piada contada por Dennis que está sorrindo.

O professor chama a atenção deles. Eles estão sempre fazendo bagunça. Mas quem se importa? É o futuro deles que está em risco, não o meu. Por que deveria me preocupar?Eles são uns idiotas. Tomara que fiquem com o pior emprego de todos. Sinto minha pele esquentar conforme penso nisso. Será que é por que sei que estão tramando pra mim? Ou eu só não gosto da atitude deles? Me sinto mal de repente por desejar o mal a eles. Eu não sou assim. Acabo justificando meus pensamentos por causa da pegadinha. Quem não desejaria o mal pra alguém que faz esse tipo de coisa com você? Deve ser isso. Volto a me concentrar na aula. Agora o professor está passando um trabalho em dupla.

_Vou sortear as duplas_ Diz ele_Para não ocorrer brigas.

Como se isso resolvesse. Acho até mais provável ter brigas com sorteio do que sem.

_Matheus e Anna. Bruno e Maicon. Sophia e Rebeca..._ ele continua falando. Brandon faz dupla com um outro menino da sala. Mas então ele chama meu nome_ Mayara e... Clarice.

O quê? Não pode ser. Como eu posso ser tão azarada.

_ Professor, não posso trocar de dupla?_ Falo assim que ele termina de anunciar as duplas.

_ Lamento, Mayara. Não pode, eu já anotei as duplas aqui. Você vai ter que fazer com quem foi sorteada._ Olho pra Clarice, ela está tão irritada quanto eu. Bom, pelo menos, agora, nisso a gente têm algo em comum, nós nos odiamos.

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