Capítulo XIII : Novo tutor

17 2 0
                                    

Mya

Não tive escolha senão contar tudo para o Brandon e para Sophia. Tive eté mesmo que contar sobre a calca na gaveta de Melissa, uma coisa que eu queria guardar só pra mim, mas foi preciso fazer isso. Eles são meus melhores amigos e sem minha tutora eles é quem vão melhor me ajudar a resolver as coisas.

Nós três conseguimos terminar o trabalho de matemática e eu não coloquei o nome de Clarice nele, afinal ela não merece já que não fez nada e não é minha amiga. Foi um alivio termina-lo. Eu estava ficando louca com a preocupação de não fazer ele e ter que depender da Clarice pra isso, seria apenas mais humilhação.

Em casa e sem Melissa, sem nenhuma outra preocupação, sei que vou ficar entediada se não fizer nada. Ligo a TV pra ver se há alguma pista de alguma coisa sobre a propaganda de hoje. Não há, mas deixo a TV ligada mesmo assim. Perambulando pela casa tento achar algo pra fazer, mas conforme o tempo passa só consigo pensar no que eu me meti por causa dessa propaganda.

Lembro de quando Melissa teve seu primeiro ataque. O choro dela, os olhos arregalados, a calca. A calça, penso. Vou para o quarto de Melissa e tento abrir aquela gaveta, mas ela está trancada. Não tem como abrir. Levanto e saio do quarto decepcionada.

Não tenho nenhuma pista do que pode ter acontecido, a não ser pela minha visão da calça, que pode muito bem ter sido um engano meu. A curiosidade, a vontade de saber o que está acontecendo me agoniza. Eu preciso fazer alguma coisa.

De repente ouço alguém batendo na porta. Quem pode ser? Vou lá abrir e encontro dois homens e uma mulher parados na minha frente. Um dos homens e a mulher estão vestidos com algum tipo de uniforme, e o segundo homem, que é mais novo, usa vestes normais.

_ Posso ajuda-los?_ Pergunto num tom formal, tentando disfarçar minha desconfiança.

_ Creio que sim. Você é Mayara Santos?_ Fala a mulher, também num tom bem educado. Quando digo que essa sou eu ela pergunta._ Podemos entrar para explicar tudo?

_ É claro_ Digo e dou espaço para que eles passem.

Depois de entrarem eles se dirigem para a sala e sentam nos sofás.

_ Querem alguma coisa? Comida ou bebida?_ Pergunto, me esforçando para demonstrar bons modos.

_ Não, nós agradecemos. Vai ser rápido._ Dessa vez quem fala é o homem uniformizado._ Mayara, como você já sabe sua tutora foi hospitalizada e vai ficar assim por algum tempo ainda, já que o médico dela quer tentar uma terapia para melhorar o estado mental dela.

_ Nós estamos aqui por dois motivos. Primeiro, para lhe apresentar seu novo tutor, Marcos._ Diz a mulher e aponta para o homem com vestes comuns. Sorrio e reparo melhor nele. Ele tem cabelos negros e uma pele muito pálida e seus olhos são castanhos escuro._Segundo, para recolher as coisas que pertenciam a sua antiga tutora, Melissa. Pode, por favor nos mostrar onde fica o quarto onde ela ficava?

_ Por aqui._ Levanto e os levo até o quarto de Melissa e fico prestando atenção no que eles tiram do quarda roupas. Por enquanto só o que eles retiram são roupas, acessórios, e alguns outros pertences dela, mas então eles chegam na gaveta da calça e minha curiosidade dispara.

_ Infelizmente, agora vamos ter que pedir para que você saia um pouco do quarto Mayara._ Diz o homem uniformizado_ e você também_ ele fala para meu novo guardião.

Como assim? Por causa da gaveta? O que eles sabem sobre isso e como eles sabem que tem coisas lá que eu não posso ver? Vou percebendo o que isso significa quando saio do quarto: Melissa deve ter contado pra alguém o que há na gaveta. E agora? Eles sabem do segredo dela, que ela sabe de alguma coisa. O que vão fazer com ela? Será que vão fazer a mesma coisa que fizeram com aquele aluno hoje, seja lá o que for que eles tenham feito?

Começo a ficar preocupada com Melissa. E se fizerem mal a ela? Um mal pressentimento passa pelo meu corpo. Olho para meu companheiro em busca de ajuda, mas como ele poderia me ajudar se ele nem sabe de tudo o que aconteceu? Então digo a ele:

_ Vou beber água, com licença._Passo por ele e vou em direção a cozinha, mas não pego um copo ou a jarra de água na geladeira. Em vez disso, vou até a porta dos fundos e corro para a janela do quarto de Melissa.

Pelo mesmo lugar da última vez, espio o que está havendo lá dentro. A gaveta está aberta e há varias coisas lá dentro. Em uma caixa de papelão ao lado está a calça de exercito. Agora tenho certeza do que vi aquele dia. Olho para a gaveta de novo e consigo identificar alguns objetos como um rádio, um distintivo, uma arma e uma bandeira. Espera , que bandeira é aquela? Eu já vi essa bandeira em algum lugar, só não lembro aonde.

_ O que você está fazendo aí?_ O susto ao ouvir essas palavras me derrubam do tijolo em que eu estava em cima. Pensei que fosse alguém de dentro do quarto, mas quando olho ao redor vejo que quem pronunciou as palavras foi meu mentor. O desespero toma conta de mim. Se ele contar que eu estava espiando eu estou frita. Estou começando a inventar uma desculpa para minha rebeldia quando ouço a fechadura da porta de Melissa se abrindo. Os dois funcionários estão saindo do quarto e logo vão descobrir o que fazia até agora a pouco.

Sem dizer nada levanto e corro de volta para a cozinha agarrando o braço de Marcos e puxando ele comigo até a cozinha. Pego um copo e encho de água o mais rápido possível, mesmo derramando água pela pia inteira. Começo a tomar o conteúdo do copo quando os funcionários de uniforme chegam e perguntam:

_ O que está acontecendo aqui? Nós ouvimos barulhos estranhos vindos daqui._ Tento me alcalmar, mas isso parece impossível no meio disso tudo. Lanço um olhar para meu tutor depois de tomar toda a água do copo.

_ Nada, só viemos tomar um pouco de água, mas derrubamos um pouco de água na pia, por isso o barulho._ Improviso. Os dois parecem convencidos e por sorte não fazem mais nenhuma pergunta.

_ Bom, obrigada pela sua atenção, Mayara. Marcos, por favor venha conosco, ainda temos que apresenta-lo para outras pessoas. Amanhã vocês se vêem de novo._ Diz a mulher. Eles já estão na porta quando me lembro que quero fazer uma pergunta.

_ Com licença, vocês sabem se Melissa já pode receber visitas?

O homem e a mulher se olham como se em dúvida do que falar, mas depois de um tempo assim o homem diz:

_ Não, ela não pode. O tratamento que está recebendo não permite que ela faça contato com ninguém além dos médicos._ Assim que ele termina a frase a decepção me atinge. Eu queria tanto visitar ela.

***

O alívio de nada ter acontecido e a preocupação de o novo tutor me denunciar se mesclam dentro de mim e formam um sentimento diferente e confuso. Tenho que agradecer muito a Marcos por não ter dito nada na hora, mas ainda assim vou ficar de olho nele.

Enquanto isso me ocupo pensando em Melissa, minha ex-tutora. Talvez eu nunca mais veja ela, agora que ela está nesse tratamento e daqui a um mês eu me mudo para outro setor. Por que não posso visitar ela? Qual é o problema? Que tipo de tratamento estão fazendo com ela?

Não consigo engolir essa historia de tratamento e terapia de jeito nenhum. Há algo de muito errado nisso tudo. E eu ainda vou descobrir o que é. Mas agora é melhor eu descansar, mesmo que seja cedo pra isso.

_________________________________________________________________

Olá, leitores!!! Estão gostando? Se sim votem e comentem.

Até logo boa leitura a todos!

☺☺☺

CONFUSIONOnde histórias criam vida. Descubra agora