Capítulo XVII : a verdade?

14 1 0
                                    

Mya

Depois da conversa com a diretora nem sei mais o que fazer. Tudo parece tão confuso na minha mente, como se eu estivesse num sonho maluco.

O portão da escola está aberto. Passo por ele e automaticamente vou em direção a minha casa. Mas tem alguma coisa diferente no ar. Não sei como, mas sinto que está vai ser a última vez que eu vou fazer essa trajetória para casa. Olho para tudo com carinho, tentando absorver o maximo de informações e imagens que eu conseguir sobre essas ruas, essas calcadas e essas casas.

Lá está minha residência. Uma casa média e branca. Branca como a neve quando se mistura com a terra e fica com um tom meio sujo. Essa casa já deve ter abrigado quantas pessoas antes de mim? Quantas historias se passaram nela?

Tiro do bolso da calça a chave e entro no lugar. A atmosfera aqui é a mesma que lá fora. Com pesar no coração me despeço da casa, visitando cada cômodo uma última vez antes de partir.

Antes de sair arrumo minhas malas com roupas e pertences pessoais. Tudo o que eu preciso está aqui, nessa bolsa. O resto ficará para trás para sempre, assim como a escola, meus amigos, meu tutor... MEU TUTOR. O quê ele vai pensar quando chegar aqui e não houver ninguém em casa? Qual será sua reação quando assimilar isso com a visão de minha espionagem? O que vai deduzir disso?

Bom, não importa. Quando chegar eu vou estar bem longe. Longe o bastante para que nada me aconteça. Mas e os seus amigos? E se o seu erro for descontado neles? E Melissa? Como ficam essas pessoas?

Droga, não tinha pensado nisso. Como vou proteger as pessoas que amo estando longe delas? Como vou ter a certeza de que elas estão seguras?

Tenho que dar um jeito nisso. Tenho que dar um jeito de não levantar suspeitas para nenhum deles. Mas como? Se o tutor deduzir que eu fugi, provavelmente ja vai saber o porquê e meus amigos correrão risco caso ele conte alguma coisa a alguém.

Já sei. Só o que eu tenho a fazer é fazer com que ele fique de bico calado. Vou escrever uma carta dizendo o quão importante é para mim que ele permaneça mudo quanto a esses assuntos.

Corro ao meu quarto e pego um papel e uma canetra. Com as mãos trêmulas, escrevo:

Caro Marcos.

Isso que estou a escrever para ti é de extrema importância. Ninguém além de você pode ler esta carta, por isso a deixarei em seu quarda-roupa, o dos tutores.

Quando achar essa carta, você deve ler ela o mais rápido possível e depois queima-la, por que não quero que haja nenhuma prova de que esse pedaço de papel jamais existiu.

CONFUSIONOnde histórias criam vida. Descubra agora