Ricardo sentia uma dor absurda na cabeça, abriu os olhos lentamente, os ouvidos zumbindo enquanto se acostumava com a claridade novamente. Dessa vez não havia nenhum alarme para o despertar...
Estava confuso, não se lembrava o que havia acontecido. Grunhiu de dor, levando a mão direita para a parte de trás da cabeça... um curativo? Não apenas isso, mas ao mover a mão, notou um som de metal... havia algo em volta dos seus pulsos e tornozelos. Quando conseguiu cair em si... aquele era o quarto de Sandro onde havia acordado mais cedo. Estava em sua cama.
Estava acorrentado.
Conseguia se movimentar mas definitivamente não conseguiria sair dali.
— Que porra-?!
— Bom dia. De novo.— O paulista entrou com uma bandeja de café da manhã.
— Sandro que porra é essa?— Questionou assustado.— Se isso é algum roleplay, eu real não tô afim-
— Aqui... ovos fritos, gema mole... torrada francesa com bastante manteiga.— Os dois fizeram uma pausa enquanto se encaravam, o menor parecia de bom humor.— É seu café favorito, não é?
— Que porra é essa?!— Repetiu pausadamente, o espanto crescendo ainda mais, tentando se afastar na cama... sem sucesso. Não havia para onde ir agora.— O que tá acontecendo? Por que eu tô amarrado?!
— Eu só queria que você ficasse um pouco mais.— Disse simples, se sentando ao lado do carioca.— Se você fosse embora... eu tinha medo de nunca mais te ver.
O cérebro de Ricardo estava a mil. Quem era aquele? Aquele paulista que não parecia nada com o que conhecia? Medo de nunca mais o ver? Aquilo não fazia sentido, nada fazia sentido. Ainda estavam se conhecendo, eles ainda poderiam se ver, o que estava passando na cabeça daquele doente?!
— Mano, me deixa sair-
— Não. Eu já tomei a minha decisão, Rick. Você vai ficar aqui.— Dizia enquanto pegava os talheres e oferecia uma garfada da comida.
— ... tem veneno nessa merda, não tem?
— Eu jamais colocaria veneno na sua comida.— Respondeu meio ofendido.— Eu só quero que você tome seu café... depois podemos fazer alguma coisa juntos-
— EU NÃO VOU FAZER PORRA NENHUMA!— Gritou, chutando a bandeja para longe.— O que caralhos aconteceu com você?! O que aconteceu comigo?!
— ... eu demorei muito tempo pra acertar o ponto dos ovos...— O paulista murmurou meio triste.— Eu não gosto de desperdício.
— Qual é a porra do seu problema, Sandro?!— O carioca se agarrava na cabeceira da cama, assustado com a calmaria na expressão do outro homem enquanto limpava a sujeira... diante daquela situação toda, Paulo estava completamente impassível, irreconhecível.
— Eu sei que é estranho... eu tive tempo mas... não me preparei como deveria.— Suspirou, enfim sentando-se de frente para o carioca.— Eu realmente não queria te assustar... eu só queria... ficar com você.
— Por que você tá fazendo isso comigo? Por que eu? Caralho Sandro, a gente tava indo tão bem-— Dizia desacreditado.
— Sim... tão bem... mas você precisava ir.
— Tu achou que a gente ia ficar junto pra sempre?!— Gritou.— Porra a gente acabou de se conhecer! Eu tá curtindo você, não é um pedido de casamento!
O paulista sorriu.
— Você estudou na UFF, não é?
Nesse momento Ricardo pausou. O fato do carioca ter estudado na Universidade Federal Fluminense, não era algo que ele saia contando para todo mundo. Era meio que uma decepção dizer que estudou Relações Internacionais quando tinha seus dezoito... vinte anos, e preferiu seguir sendo um músico falido.
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Trem das onze - SPXRJ
FanfictionRicardo, cantor de uma banda de rock brasileiro, sempre teve dificuldade em se manter em relacionamentos por causa do seu ciúme, o que resultou em muitos anos solteiro. Após um show em barzinho famoso, o carioca conheceu Sandro, um jovem encantador...