Coisas estranhas

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O que era para ser uma noite entre Ricardo e Julia, terminou com Sandro dormindo no quarto do hotel do carioca, o tal havia até se esquecido da menina quando o paulista branquinho o levou ao céu, nem ao menos pensou ou se preocupou em mandar mensagem para a garota. Ela nem estava mais em sua mente.

Por volta do meio dia, Renan acordou tateando os lençóis brancos do hotel, procurando a figura esguia que havia adormecido consigo, após abrir os olhos lentamente, enxergando pelo quarto semi-iluminado, não via mais Sandro. Soltou um suspiro denso, procurando pelo próprio celular. Confirmou o horário, logo mais encontrando uma mensagem do próprio paulista, que dizia que os amigos do carioca o haviam chamado para sair, e também algo sobre não querer interromper o sono.
Havia também uma mensagem do potiguar, uma foto do próprio e os outros quatro. Estavam em algum restaurante, e Rafael tinha um dos braços por cima do ombro de Sandro, o tal parecia descontraído e nem sequer olhava para a câmera.

"Tá faltando só tu, mas n sei se ele sentiu falta não"

Renan sabia que era brincadeira, o nortista adorava o encher o saco e normalmente até responderia de acordo àquela mensagem... mas receber aquela provocação logo de manhã já o havia deixado de mal humor, se segurou para não xingar genuinamente até a décima quinta geração de Rafael. Apenas desligou o celular e o jogou sobre a cama.

Precisou de mais alguns minutos para enfim sair da cama e limpar o rosto. Viu que Buco o mandou a localização do restaurante, Ricardo apenas mandou um "já vou", e saiu de casa após se arrumar. Primeiramente precisava era passar na farmácia, não apenas para comprar mais camisinhas, mas também algum remédio para dor de cabeça... na noite anterior havia bebido com Sandro até não poder mais, e a ressaca já estava revirando ele inteiro de dor.

— Vinte e um e quarenta e nove.— A mulher do caixa disse com uma voz monótona, após passar os dois produtos. O carioca logo pagou, estava prestes a sair da farmácia, mas acabou vendo um rosto familiar pegando algo em uma das estantes perto da saída.
Ricardo ergueu a sobrancelha, percebendo que era Júlia, com uma cara meio cansada comprando alguns produtos para a pele.

— Ju?— A chamou, a voz fez a menina dar um pulo de susto e o encarar assustada.— Porra tu sumiu ontem, o que aconteceu?— Questionou com certa preocupação mas também meio irritado, afinal ela havia apenas sumido e deixado uma mensagem mal escrita como aviso.

— Não fala comigo. Vaza daqui.— Pediu com a voz meio trêmula, se virando devagar de volta para os seus afazeres.

— Que? Que porra cê tá falando, garota? O que aconteceu-

— Ricardo eu tô falando sério. Me deixa em paz. Nunca mais conversa comigo.— Disse em voz baixa ainda sem olhar pra ele.— Eu nunca mais quero ver a tua cara.

O maior uniu as sobrancelhas em uma expressão frustrada e confusa, porém não insistiu. Apenas deu uma risadinha sarcástica.
— Já é então, menina esquisita do caralho.— E virou as costas.

Tentou esquecer da conversa estranha, não pensar sobre como ela parecia assustada, e sempre que se pegava tentando entender o porquê de ela estar sendo tão evasiva, bloqueava o raciocínio. Não queria se frustrar ainda mais, já estava de saco cheio demais e sua cabeça já doía o suficiente.
No final o Renan apenas pegou um uber para o restaurante onde seus amigos estavam, a fim de distrair a mente e passar um pouco mais de tempo com o paulista mal humorado que parecia estar aprendendo a gostar cada vez mais.

Mesmo já estando lá há algum tempo, não parecia haver sinal de que os cinco queriam ir embora. Quando o RJ chegou o grupinho estava gargalhando por conta de algo que Sandro disse. Do pouco que havia visto o humor do mais velho, Renan sabia que era seco e com certeza do tipo que apesar de estranho tirava gargalhadas… e aí estava a prova.

— Pô, tão se divertindo pra caralho sem mim né?— Anunciou a chegada, já colocando uma cadeira ao lado de Sandro. Mais especificamente entre ele e Rafael.

— A gente tava pensando em te substituir como vocalista.— César brincou.— O Paulo é mais legal.

— Tá, mas ele canta bem?— Nada discretamente colocou um braço sobre os ombros do paulista.

— E tu canta?— Rafael alfinetou, em resposta o carioca deu um sorriso de canto, o encarando confiante:

— Falando em substituir, cê sabia que a boneca aqui toca guitarra? Toca melhor que você.

— Pra você ele deve tocar melhor mesmo.— Pedro soltou essa frase e já começou a rir alto da própria piada.

Os únicos que não riram tanto foram Sandro e Ricardo, que se encararam com sorrisinhos de canto, de certo modo levando a piada mais a sério do que deveriam.
Assunto vai, assunto vem, em certo momento o assunto “Júlia” voltou à tona, quando Esther comentava sobre uma Júlia diferente da atual, que quase havia entrado para a banda lá no comecinho.

— Porra, falando nisso eu encontrei ela hoje.

— Ela disse o que aconteceu?— Pedro perguntou, deixando seu copo de chopp sobre a mesa. Ricardo apenas negou com a cabeça.

— Ela só sumiu ontem, mandou uma mensagem esquisita falando que tinha que ir do nada, e hoje quando fui falar com ela, faltou só me xingar mandando eu deixar ela em paz.

— Que esquisita…— César comentou.

— Estranha mesmo, será que aconteceu alguma coisa?— Pedro murmurou, pensativo.
Quase que imediatamente o paulista interrompeu qualquer comentário, dizendo:

— Tendo acontecido ou não, ela poderia ter dado uma explicação melhor do que “me deixa em paz”.— Deu de ombros.— Odeio quando as pessoas fazem isso, é tipo, uma puta desconsideração do caralho.

— Bem merda mesmo… mas pelo menos eu pude passar mais tempo contigo, né gracinha?— O carioca sorriu.

“Gracinha…” <3

— Pff, idiota.— Foi tudo o que o paulista respondeu.

— Tem muito peixe no mar, né Renan?— Rafael perguntou, foi quase imediatamente que o carioca tirou o braço dos ombros do mais velho e concordou com a cabeça.

— Mas tem muito mesmo. Eu tô solteiro, tô de boa, e não é uma mina aleatória que vai me deixar tristinho não.— Declarou, pegando o copo para fazer um brinde. A mesa toda parecia alegre.

Com exceção de Sandro. Ninguém havia percebido, mas a expressão comum do rosto do paulista havia caído por meio segundo, dando lugar a um rosto assustador, de puro ódio, que durou apenas meio segundo antes de se estabilizar novamente. Seus olhos porém, ainda pegavam fogo, se esforçava para não ranger os dentes… e então…

Então Paulo deu um sorriso. Um daqueles cativantes e bonitos que o tal quase nunca dava, daqueles que Ricardo havia começado a gostar cada vez mais.
Principalmente quando estava voltado para si.

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Oi lol.
Eu demorei, foi mal por isso, mas as coisas tão meio difíceis. Com o trampo e as 3 peças de teatro que eu to fazendo, e eu sou protagonista em duas delas então tá foda, sem contar os outros compromissos de família e amigos e rpg e procurar faculdade e etc, mas eu consegui, e tá aqui pra vocês.

Também tá curtinho mas ainda assim eu espero que tenham gostado, essa vai ser uma longfic e vai ter mais ou menos 30 capítulos, então sejam pacientes.

um beijinho pra vocês e inté o prox cap. adios :)

Trem das onze - SPXRJOnde histórias criam vida. Descubra agora