TW: Idealização de Suicídio
O olhar de Sandro parecia cheio de raiva. Ricardo já havia até se arrependido de ter dito aquilo, principalmente quando viu o paulista se aproximando assustadoramente devagar na sua direção, sem desviar os olhos em momento algum, como se encarasse no fundo da alma dele.
Sandro não fez muito, ergueu a mão direita, colocando sobre a bochecha do carioca ainda sem dizer uma palavra. Renan não tinha ideia de o que estaria passando na cabeça dele, estava completamente congelado sob aqueles olhos gelados que apenas o faziam ficar travado, sem saber como se mover.
O olhar de Sandro sempre havia sido daquele jeito? Tão cheio de uma fúria calculada, obsessão gélida e dura?— Nunca mais... diga que eu tenho um problema.— Falou perigosamente baixo, descendo os dedos de modo a quase fazer cócegas no pescoço do maior.— ... porque se eu tiver mesmo um problema, Ricardo... o problema é você.
Sentiu os pelos da nuca se arrepiarem, o modo como os lábios de Sandro se moveram para formar aquela frase foi de certa forma, cheio de luxúria. Apesar disso sentiu-se ameaçado, mais do que já se sentia antes.
Começava a se perguntar quão longe iria essa obsessão do paulista... sabia que ele estava disposto a mantê-lo preso mas... o que mais? Renan se sentia desconfortável até de pensar.O menor se levanta da cama e sai do quarto sem mais nenhuma palavra, deixando o carioca sozinho com os próprios pensamentos. O que ele estava fazendo? Por que o havia deixado ali sozinho?
— Que merda...— Murmurou para si mesmo, voltando a se deitar na cama. Não sabia o que fazer. Gritar por ajuda? Tentar achar uma saída?
Sabia que precisava sair dali, mas não havia nada que pudesse o ajudar em vista.Todas as decorações daquele quarto eram tão minimalistas, não havia uma gaveta, e com certeza nenhum canto para estar escondido qualquer ferramenta útil. As mesas de cabeceira eram apenas bancos chiques, a única mesa além dessa era uma branca que havia uma única plantinha claramente de plástico, não havia mais nada em cima. As janelas que cobriam toda a parede de um lado do quarto, tinham insulfilme... e mesmo se conseguisse abrir, estava alto demais para pular, ou para qualquer um ouvir. A única saída era a porta.
Talvez houvesse analisado o quarto por tempo demais, visto que após encarar a única saída por poucos segundos, Sandro já entrava por ali carregando a mesma bandeja de antes. Havia um prato de café da manhã, uma faca, luvas e um celular.
— Não desperdice a comida dessa vez... se não quiser comer só me devolva o prato.— Disse, colocando o objeto nas mãos do carioca. E deixando a bandeja sobre a mesa branca.
Ricardo não podia negar, estava com fome. Suspirou profundamente, aceitando comer o café da manhã que Sandro Paulo havia preparado. Não estava ruim na verdade, estava muito gostoso... torradas francesas e ovo frito com gema mole.
Era assustador como ele sabia até seu café da manhã favorito sem tê-lo dito nenhuma vez.Enquanto comia, seus olhos estavam vidrados no telefone, era claramente o seu telefone... se perguntava por quê Sandro o havia trazido junto com seu café. Quando abriu a boca para o questionar, o paulista apenas disse:
— Termine de comer.— Renan já ia fazer isso, mas receber essa ordem desse jeito o fez terminar de mastigar contrariado.— ... eu imagino que você queira conversar com as pessoas importantes pra você.— Dizia enquanto colocava as luvas de látex. Em seguida, pegou o telefone em suas mãos.— Você tem dez minutos, eu vou estar aqui a todo momento.— Logo, o viu segurar a faca.
— Se eu pedir ajuda, você vai me matar?— Deu uma risada, porém recebeu uma encarada do menor.
— Não. Você não merece morrer.— Deu um sorrisinho.— Eu vou me matar.
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Trem das onze - SPXRJ
FanficRicardo, cantor de uma banda de rock brasileiro, sempre teve dificuldade em se manter em relacionamentos por causa do seu ciúme, o que resultou em muitos anos solteiro. Após um show em barzinho famoso, o carioca conheceu Sandro, um jovem encantador...