Entre Palavras e Silêncios

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Pov:Karol

A manhã chegou após uma noite de silêncios compartilhados no quarto de hóspedes. Ruggero apareceu na casa de Valentina, buscando uma conversa que há muito tempo estava pendente entre nós. Cautelosos, nos retiramos para o quarto de hóspedes, onde a atmosfera pesada era apenas um reflexo do que pairava em nossos corações.

— Karol, eu... não sei como lidar com tudo isso. — Ruggero começou, sua voz carregada de uma dor que atingia profundamente.

Meus olhos encontraram os dele, e eu o escutei. Ele compartilhou os detalhes dolorosos da noite no hospital, da perda que ambos enfrentamos. A tristeza permeava cada palavra, e enquanto ele falava, meu coração se apertava em simpatia e compaixão.

— Ruggero, eu estou aqui para você. — Disse, oferecendo o conforto que podia em meio a um momento tão devastador. Seus olhos encontraram os meus, e não eram apenas lágrimas que compartilhávamos, mas também uma conexão que resistia às tempestades.

Conversamos por horas, compartilhando memórias, lágrimas e, aos poucos, conseguimos construir uma ponte sobre o abismo que se abriu entre nós. Aos poucos, a dor cedia espaço para uma compreensão mútua, uma aceitação de que, mesmo nas tragédias, podíamos encontrar apoio um no outro.

À medida que a noite avançava, Ruggero, exausto emocionalmente, acabou adormecendo em meus braços. Seu rosto, normalmente tão expressivo, agora refletia uma tranquilidade fugaz. Deixei-o descansar, observando-o com ternura antes de me levantar e sair do quarto.

Valentina e Michael estavam na sala, esperando notícias. Contei a eles sobre a noite difícil que Ruggero havia enfrentado e como tínhamos compartilhado suas dores. Juntos, decidimos ser um apoio constante para ele, uma rede de conforto enquanto enfrentávamos o luto.

Na manhã seguinte, enfrentamos uma coletiva de imprensa como elenco de "Soy Luna". O ambiente tenso e as perguntas incisivas dos jornalistas eram quase palpáveis. Karol sugeriu que Ruggero ficasse em casa, mas ele optou por ir à coletiva.

Os jornalistas, ávidos por informações, lançaram perguntas diversas. Ruggero, no entanto, permaneceu em segundo plano, preferindo a reticência à exposição. Percebi sua necessidade de reclusão, e, em um momento de pausa nas perguntas, me aproximei dele.

— Ruggero, se quiser sair daqui, eu te entendo. — Ofereci, buscando seus olhos em busca de uma resposta.

Ele ponderou por um momento, mas decidiu ficar. As perguntas continuaram, e eu me esforcei para guiar a coletiva enquanto mantinha um olhar de apoio para Ruggero.

Ao final, quando as câmeras se apagaram e os jornalistas se dispersaram, Ruggero permaneceu em silêncio. Era evidente que a coletiva o deixara emocionalmente exausto.

— Karol, eu só... preciso de um tempo. — Ele murmurou, os olhos refletindo uma tristeza profunda.

Concordei com compreensão. O caminho para a cura era um processo delicado, e eu estava disposta a acompanhá-lo em cada passo.

Após a coletiva de imprensa, voltamos para casa, e a atmosfera era carregada de uma tensão que flutuava no ar. Ruggero permanecia em silêncio, absorvendo as emoções que haviam se desenrolado diante das câmeras.

Ao chegarmos à sala, ele se sentou, e eu me aproximei, buscando estabelecer uma conexão, mesmo que fosse apenas por meio de palavras.

— Karol, eu só queria proteger você de toda essa confusão. — Ele murmurou, e eu pude ver a angústia em seus olhos.

— Ruggero, estamos juntos nisso. Você não precisa carregar tudo sozinho. — Afirmei, segurando suas mãos em um gesto de solidariedade.

A tarde avançava, e a tensão persistia, mas cada palavra trocada era um passo em direção à cura. Ruggero expressou seus receios, suas inseguranças e, aos poucos, a barreira que se formara entre nós começou a se dissipar.

— Karol, eu sinto muito pela forma como as coisas aconteceram. Eu não queria que isso afetasse você dessa maneira. — Ele confessou, os olhos buscando os meus em busca de compreensão.

— Ruggero, estamos enfrentando isso juntos. O importante é que estamos nos apoiando. — Respondi, esperando que minhas palavras oferecessem algum conforto.

À medida que a noite caía, decidimos ir para o quarto. Ruggero, visivelmente cansado, deitou-se na cama, e eu me sentei ao seu lado.

A noite avançou entre confissões e consolos. Ruggero, finalmente, cedeu ao cansaço e adormeceu. Deixei o quarto para compartilhar com Valentina e Michael as complexidades do momento que estávamos enfrentando.

A noite se estendeu mais calma. Conversei com Valentina e Michael sobre os acontecimentos, compartilhando não apenas as dificuldades, mas também a esperança que ainda residia em nossos corações.

Dias se passaram, e a comunicação com Ruggero estava limitada. Eu respeitava sua privacidade, mas a incerteza pairava no ar. Preocupada, decidi mandar uma mensagem.

"Ruggero, eu sei que as coisas estão difíceis. Quando estiver pronto, estarei aqui para conversar. Não estamos sozinhos nessa jornada."

A resposta veio mais tarde, breve, mas com um tom de gratidão. Era evidente que Ruggero ainda navegava por águas turbulentas de emoções.

Sem notícias de Cande e com a situação delicada, evitei mencionar o ocorrido publicamente. Nossos amigos mais próximos sabiam da gravidez, mas a perda recente permanecia em segredo.

Uma noite, recebi uma mensagem de Ruggero, indicando que estava pronto para conversar. Encontramo-nos em um lugar tranquilo, longe dos olhares curiosos, e ali ele compartilhou as profundezas de sua dor, o luto silencioso pela perda que o consumia.

— Karol, eu sinto tanto... — Ruggero começou, as palavras presas na garganta.

— Ruggero, não precisa se desculpar. Estamos juntos nisso, lembra? — Disse, colocando uma mão gentil em seu ombro.

Conversamos por horas, partilhando a dor e as lembranças. Ruggero, vulnerável, permitiu-se expressar as emoções que mantivera guardadas.

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