Capítulo 10

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— Cleo, aqui! — escuto a voz de Audrey me chamando assim que desço do táxi.

Ela está me esperando em frente a uma cafeteria. Hoje é o dia em que vamos conhecer o apartamento que o pai dela arrumou para minha mãe.  A vizinhança parece ser calma e isso me conforta muito, se esse bairro fosse um pouquinho mais agitado, já pensaria que é um péssimo lugar para trazê-la.

Enquanto me aproximo dela, aproveito para dar uma olhada em volta. É uma localização boa e a rua não está nada movimentada, mesmo sendo um fim de tarde.

Audrey me abraça e me dá um longo beijo estranhamente amoroso na bochecha, antes mesmo que eu possa reagir.  Só percebo a presença de seu pai sentado na mesa. Ele levanta para me cumprimentar com um aperto de mão formal.

— Senhor Barnes, é um prazer revê-lo — falo.

— É bom revê-la também.

— Obrigada por estar fazendo isso por mim.

Ficamos alguns minutos jogando conversa fora até que ele me convida para subir. A tour pelo apartamento não demora mais do que dez minutos.

O lugar é arejado e espaçoso, grandes janelas fazem o apartamento parecer bem iluminado durante o dia. No corredor de entrada tem um lavabo bem prático. A cozinha é conjugada com a sala. São duas suítes espaçosas e com móveis planejados. É o apartamento perfeito, mas não me parece tão barato quanto Audrey havia mencionado.

— E então, o que achou? — Pergunta, com um ar de dever cumprido.

— Perfeito. É a única palavra que consigo encontrar para descrever esse apartamento.

— Eu sabia que você ia gostar — comenta Audrey, entrelaçando nossos braços.

Estranho.

— Se fecharmos o contrato rápido, consigo fazer um preço bem bacana.

— E quanto seria isso?

— Mil euros.

É caro, mas devido a localização desse lugar o preço está ótimo. Eu poderia visitar minha mãe sempre que pudesse, já que a casa de Amélia fica a menos de dez minutos de distância. Tenho vontade de perguntar qual é a pegadinha, porque um apartamento desse tamanho não seria tão barato.

— Precisa de alguns minutos para pensar? — Pergunta ele.

— Podemos olhar outros, se quiser.

Só que a verdade é que não tenho tempo para isso. Minha mãe já chega na próxima semana e se eu não fechar esse contrato, terei que pedir para Amélia um favor nada agradável, e eu não me sentiria bem com isso. Uma coisa é eu morar com ela, outra coisa totalmente diferente é eu levar minha mãe para casa dela.

— Por mim o negócio está fechado.

— Fico feliz em saber disso. Mandarei os papéis amanhã mesmo para você.

Ele aperta minha mão forte.

— Obrigada pelo seu tempo, senhor Barnes.

— Imagina, tudo pela minha nora.

Nora? Ele acabou de me chamar de nora? Olho para Audrey totalmente surpresa e ela me dá um sorriso que quer dizer praticamente "só siga o plano". Olho para o pai dela outra vez, forçando um sorriso largo. Tenho certeza que qualquer pessoa que me visse agora pensaria que eu estava tentando um papel para um filme de terror.

O senhor Barnes checa o relógio em seu pulso e pega a maleta no canto da sala.

— Tenho uma reunião daqui a pouco. Pode ficar com essa chave, querida, depois envio outra cópia — Ele dá um beijo no topo da cabeça de Audrey — Até mais tarde, docinho.

Madame Amélia | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora