Capítulo 13

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A parte mais irritante de trabalhar no lugar onde você mora é que, quando você não está trabalhando, sente que deveria estar fazendo algo e era exatamente assim que eu me sentia quando as crianças não estavam por perto. Ao invés de focar nas minhas coisas, eu focada em coisas que eu poderia adiantar para a próxima semana.

Eu estava tentando escolher alguns móveis para o apartamento da minha mãe, apesar de não gostar de escolher essas coisas pela internet, fazer isso sem sair de casa era mais prático. 

— Eu só não consigo escolher. — Resmungo frustrada para o celular.

Eu até pediria ajuda para Flora, mas ela já havia me dito que tinha planos para o fim de semana com sua família. Fanny tinha um compromisso com uma ONG responsável por abrigar mulheres vítimas de violência doméstica. Pensei em pedir ajuda para Mia também, mas a verdade é que eu ainda estava um pouco chateada com ela por ter me deixado de lado na festa do Adam.

Sei que talvez eu esteja sendo um pouco egoísta por pensar dessa maneira, só que se o plano de Mia era ficar agarrada em Adam a noite toda e me jogar para os leões na primeira oportunidade, deu muito certo. Por mais que eu seja grata por ter a oportunidade de estar em uma festa desse porte, ainda tenho o direito de ficar chateada.

Tentando não pensar muito nisso, troco de roupa e desço até a garagem. Eli e Ross, o motorista pessoal de Amélia, estavam passando uma flanela no vidro dos carros enquanto jogavam conversa fora. Os veículos pareciam novinhos em folha.

— Boa tarde.

— Boa tarde, Cleo — responderam juntos.

— Eli, você está livre? Preciso de uma carona até o centro da cidade.

O homem olha em minha direção e solta um sorriso gentil.

— Estou sim.

— Se quiser pode pegar carona com a gente. — Oferece Ross, colocando a flanela de lado. — Vamos no centro e Amélia sai em cinco minutos.

— Não acho que ela vai querer dividir o carro comigo.

— É, Ross. Você conhece sua chefe — concorda Eli. — Estamos na paz, não tente arrumar dor de cabeça.

— Não estou tentando arrumar problemas — diz Ross, com as mãos na frente do corpo em sinal de rendição — Só estou dizendo. Cleo pode ir na frente comigo. Amélia não vai se importar.

Massageio minha têmpora, esperando que isso me ajude a ter um pouco mais de paciência. Ainda acho que é uma péssima ideia, mas se eu quiser receber minha mãe no apartamento novo, eu realmente preciso comprar os móveis hoje, caso contrário não terei mais tempo para isso no meio da semana.

De todos que trabalhavam na casa, eu não tinha conversado com Ross ainda. Eu sabia quem ele era porque ele estava sempre acompanhando Amélia para todos os  lados e me lembro muito bem de Darcy falando que Amélia tinha seu motorista particular. Ross não é muito velho, deve ter entre 35-40 anos. Ele parece ser tão comunicativo quanto Eli.

— Acho que posso pedir um táxi — falo.

— Não sou um bicho de sete cabeças, Cleo. Você já deveria saber, a esse ponto.

Todos nós olhamos em direção a porta da garagem e permanecemos calados. Amélia não estava toda produzida e muito menos vestia suas roupas que pareciam valer mais do que meu salário. Ela parecia uma mulher normal, com um moletom básico e óculos de sol no rosto. 

Ross e Eli trocaram olhares, assim como eu, eles pareciam estranhar ver Amélia desse jeito. Não que ela estivesse desarrumada, ela só parecia uma pessoa comum.

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⏰ Última atualização: Feb 02 ⏰

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Madame Amélia | lésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora