Madame Amélia | lésbico

Capítulo 5

— Vocês já estão indo? — Pergunta Mia, parada no último degrau da escada.

O fim de semana chegou e as crianças já estão de mochilas prontas para ir para a casa do Devin. Angelina mal consegue ficar parada de tanta felicidade e Carina está com a expressão neutra, como sempre. A garota segura a mão de Diego, esperando que eu acabe de arrumar a mochilinha nas costas dele.

— Papai disse que vai nos levar no London Eye — responde Angelina, entusiasmada.

— Uau, espero que vocês tirem uma foto bem bonita e me mandem.

Devin não deu as caras depois da festa, e também não vi Amélia depois daquele episódio vergonhoso na cozinha. Pelo menos consegui sobreviver a cinco dias sem pedir demissão, um passo de cada vez.

— O pai de vocês está na porta — anuncia Darcy, indo em direção a porta para abri-la.

Dou um beijo no topo da cabeça de Diego e ele sorri. Angelina me dá um abraço tão apertado que parece que estamos nos despedindo para ela partir para uma viagem de no mínimo seis meses. Mia se aproxima para se despedir também, e a primeira que ela abraça, — contra a vontade da garota — é Carina.

— Não vai abraçar a Cleo? — Pergunta Mia. — Como pode você ser tão parecida com sua mãe desse jeito?
Carina apenas me olha, mas não se move para me abraçar. Ela não gosta de toques físicos e nem muita conversa, eu respeito isso. Dou um sorriso para ela e a garota corresponde com um breve aceno. Se estamos mesmo falando de um passo de cada vez, eu diria que esse foi um grande avanço.

— Papai! — Grita Angelina, assim que Devin aparece na porta.

Ele abraça cada um de seus filhos e nos cumprimenta.

— Podem ir para o carro, Darcy vai ajudar a colocar vocês na cadeirinha.

As crianças saem correndo em fila e ele se aproxima da gente.

— Então, deu certo com o Savick? — Pergunta, curioso.

— Digamos que tenho um jantar essa noite — conta Mia, entusiasmada.

Ela não parou de falar sobre isso desde o dia da festa. Mia fez com que eu me sentasse e a ajudasse a escolher a melhor roupa de seu closet. Foram quase duas horas. Ela só parou quando Darcy me arrancou de seu quarto dizendo que eu não estava sendo paga para ser sua estilista pessoal.

— Pelo visto você terá um longo dia — falo, rindo.

— Sim, inclusive tenho que ir para o salão agora e depois passar em alguma loja para comprar o vestido perfeito. Bye, bye — se despede, às pressas.

— Eu sabia que isso aconteceria — diz Devin, apontando em direção a porta — Os dois foram feitos um para o outro.

— Fico feliz por ela.

— É, eu também — ele me olha e cruza os braços — Então, você não voltou mais para a festa.

— Eu estava exausta — minto. — Seus filhos são uns anjos, mas dão muito trabalho.

Ele ri.

— Eles dão um bom trabalho mesmo — comenta. — Então, você tem algum plano para o fim de semana?

Não que eu seja convencida, até porque Devin deve conviver com mulheres dez vezes mais bonitas do que eu, mas geralmente, esse tipo de pergunta vem seguido de um convite. E sair com Devin tem dois problemas. Primeiramente, Amélia me mataria. E segundo, eu não gosto de homens.

Acho que Devin acaba percebendo o desconforto em meu rosto, pois apenas fico parada, sem saber o que responder.

— É que minha babá está doente esse fim de semana e vou precisar de uma ajudinha com as crianças no London Eye — Devin se apressa em explicar.