-Flowers-

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Mais tarde, logo após um almoço que pareceu mais uma pausa tensa na busca pela verdade, tomei a decisão de retornar à casa da minha tia berta.

Mesmo com os acontecimentos recentes, meu pensamento ainda se voltava para Carlos. Uma sensação de culpa pairava sobre mim por não ter enviado uma mensagem.

Me peguei diversas vezes com o celular aberto no contato dele, perdido na contemplação de sua foto. Cada clique era uma tentativa de compensar a ausência de uma mensagem, como se a imagem pudesse preencher temporariamente o vazio deixado pelas palavras não enviadas.

***

Sentando sobre a poltrona confortável da sala de estar na casa da tia Berta, eu me perdia em pensamentos profundos em relação ao diário, que agora carregava comigo a todo momento.

Ele se transformara em uma espécie de refúgio, um portal para desvendar os mistérios que permeavam minha mente. Cada página era como uma janela aberta para um passado enigmático, e eu me via imerso em um mundo de intrigas enquanto a poltrona abraçava meu corpo, proporcionando um ambiente propício para a busca incessante por respostas.

Fui resgatado de meus pensamentos pela suave campanhia que tocava; havia alguém na porta.

Minha tia havia saído mais cedo, mencionando algo sobre alguém vir buscar alguma coisa. No entanto, eu estava tão imerso em meus próprios devaneios que mal prestei atenção no que ela falava.

A chegada inesperada interrompeu temporariamente minha jornada mental pelo enigma do diário, trazendo-me de volta ao presente repleto de incertezas.

Levanto ainda meio aéreo, e na porta, a presença de Carlos esperava para ser atendido. Fiquei incrédulo ao vê-lo. O destino, por vezes, revela surpresas inesperadas.

"Carlos!?" exclamei surpreso. "Não me interprete mal, mas o que você veio fazer aqui?"

"Haaam... Por que eu e sua tia temos um caso! Ela não avisou que eu vinha?"

O choque se apossou de mim por um segundo. "O que?" respondi, levando a sério suas palavras.

"To brincando! De onde você acha que são as flores dos arranjos da cafeteria?"

Soltei uma risada de alívio.

"Eu vim buscar as flores! Mas que bom que eu te encontrei! A gente não se fala desde aquele dia", disse ele meio abrupto.

"Eu sei que eu te devo um pedido de desculpas! Eu queria ter te mandado uma mensagem, mas todas as vezes em que eu pegava no meu telefone, eu perdia a coragem!"

"Tudo bem! Você não tem que se desculpar! Eu imaginei que você precisaria de um tempo para processar o que aconteceu!"

Eu fiquei olhando para ele por alguns segundos.

"E então?"

"O que?"

"Minhas flores?"

A quebra de tensão no ambiente fez com que ambos soltássemos risadas, dissipando um pouco do peso que pairava no ar. As flores, aparentemente esquecidas no meio da narrativa, agora traziam um toque leve e bem-vindo àquele encontro surpreendente.

Sweet LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora