-Romeu & Romeu-(Parte 1)

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Eu e Cris ocupamos nossos lugares, lado a lado, ansiosos pela narrativa que se desenrolaria diante de nós. Minha tia, antes de começar a falar, cuidadosamente organizou a mesa de centro, colocando um bule de café fumegante ao lado de outro, repleto de chá. O aroma delicioso permeou o ambiente, aumentando ainda mais a expectativa. Para acompanhar, havia um bolo tentador e alguns biscoitinhos, proporcionando uma atmosfera acolhedora e convidativa.

"O Rômulo era um jovem de família abastada, pertencente aos Domingues, uma linhagem de notável prestígio aqui em Serra Azul," minha tia começou à narrativa que estava prestes a compartilhar. Os detalhes da época começavam a tomar forma, e nossas mentes se transportaram para um passado distante.

"Tudo aconteceu no ano de 1885, quando o Jovem conheceu o grande amor de sua vida, um rapaz chamado Algusto!"

Minha tia virou as páginas do diário, revelando um trecho que detinha esse momento especial:

"15 de Julho de 1885

Hoje, pela manhã, eu estava caminhando pela praça acompanhado de minha graciosa irmã!já havíamos cumprido nossos horários nas aulas de Piano e pintura.

Observávamos o movimento quando avistei um jovem rapaz. Nunca havia visto algo tão gracioso em toda a minha vida!

Ele era como uma bela pintura, obra de um pintor muito talentoso! Sua pele clara e seu cabelo tão liso quanto um tecido. Meu coração batia mais forte, e uma sensação inexplicável percorreu-me dos pés à cabeça. Fiquei em transe, observando o belo rapaz ao longe.

Era um sentimento esquisito mas ao mesmo tempo bom. Parecia que nossas almas estavam de alguma forma conectadas!"

A revelação final de Rômulo deixava no ar um toque de mistério e uma promessa de um capítulo inexplorado desse romance proibido.

Minha tia, envolvida nas páginas do diário de Rômulo, continuou a tecer a trama do romance proibido que florescia entre os protagonistas daquela história distante.

"Não demorou muito para que Rômulo encontrasse uma maneira de se aproximar de Algusto, afinal, ele não suportava a ideia de viver longe da presença do jovem. Uma amizade floresceu!"

Minha tia leu com uma expressão que transmitia a emoção do encontro que mudaria as vidas dos dois jovens.

Virando as páginas com cuidado, ela compartilhou outro trecho do diário que revelava mais sobre o desenrolar dessa conexão proibida:

"20 de Julho de 1885

Hoje, finalmente consegui descobrir seu nome! Algusto! Um nome tão lindo quanto o dono que o carrega!

Reuni coragem para me aproximar, para tentar estabelecer uma amizade. Não foi fácil despistar minha irmã do meu real interesse, mas consegui!

Ao me aproximar, senti seu calor, meu coração quase pulando para fora do peito novamente.

A conversa fluía como uma pena jogada ao vento! Dialogamos por alguns instantes; ele é um homem educado e inteligente. Cada palavra que saía de sua boca era ouvida com atenção, enquanto eu tentava não me perder em meus próprios pensamentos.

Marcamos um próximo encontro! Acho que nos tornamos amigos!"

Minha tia, com destreza , continuou a folhear as páginas amareladas do diário.

Sua voz doce preenchia a sala enquanto ela compartilhava mais um fragmento dessa história cativante.

"22 de Julho de 1885

Hoje, meu dia foi diferente do que deveria realmente ser!

Durante a aula de piano, mal conseguia me concentrar. Meus pensamentos estavam distantes, envolvidos pela clara e sinuosa imagem de Algusto que habitava minha mente! O Sr. Blanc precisou chamar minha atenção algumas vezes!

Enfim, a aula terminou, e eu não podia esperar nem mais um segundo para encontrar-me com Algusto! Que dia extraordinário! Ele me levou para andar a cavalo perto do bosque! Passamos muitas horas juntos hoje! Cada momento que vivenciei ao seu lado só reforçava o que estava sentindo! Será amor?"

Cris, com um sorriso travesso, comentou: "Meu Deus, Pedro! O Rômulo é romântico e dramático igual a você!" - trazendo um toque de humor ao perceber as semelhanças entre a narrativa do jovem Rômulo e a minha personalidade.

Após a breve intervenção de Cris, Tia Berta, com uma delicadeza que denotava respeito pela história que se desdobrava nas páginas do diário, folheou cuidadosamente as antigas folhas, guiando-nos precisamente ao ponto desejado.

"01 de Agosto de 1885

Hoje, descobri o que é o amor! Finalmente, após tantos encontros com Algusto, compreendi o que realmente estava sentindo.

Pude organizar a confusão que existia nos meus sentimentos. A verdade é que me apaixonei por ele, sem mesmo conhecê-lo completamente! E hoje, tive a prova de que ele também me ama.

Ele me conduziu até o bosque, onde passávamos a maior parte do nosso tempo. Debaixo daquelas árvores, o vento soprava suavemente em nossos rostos, e um desejo inquietante dentro de mim mal cabia no peito.

Embora parecesse apreensivo, era evidente o quanto ambos desejávamos a mesma coisa. Aconteceu; um beijo entre Algusto e eu selou os nossos sentimentos amorosos um pelo outro!"

Sweet LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora