-Romeu & Romeu-(Parte 2)

77 36 39
                                    


Tia Berta, ao folhear as páginas amareladas do diário, introduziu uma reviravolta na narrativa, adicionando um toque de melancolia à história que até então parecia pintada por tons românticos.

"Pode parecer que Rômulo e Algusto viveram felizes para sempre, mas nem sempre o destino é amigável" disse Tia Berta, sua voz carregada de conhecimento sobre os altos e baixos da vida."

"Aconteceu que um dia, o pai de Rômulo arquitetou um casamento arranjado para o filho. O jovem logo se recusou, alegando que não existia amor entre eles."

"05 de Setembro de 1885

Hoje me encontrei com meu amado! Temos passado muito tempo juntos.

Confesso que não tem sido uma tarefa fácil despistar os membros de minha família! Na noite passada, quase fui pego ao dar de cara com a governanta! Mas, no final, consegui sair sem ser visto!

Hoje ao retornar para casa, recebi uma notícia que acabaria com o resto do meu dia. Meu pai arranjou um casamento para mim, e eu logo neguei! Não posso me casar com alguém que não amo, pois meu coração já pertence a outra pessoa!"

Minha tia, ao revelar os próximos acontecimentos no drama vivido por Rômulo e Algusto, acrescentou uma dose extra de tensão à história que se desdobrava nas páginas do diário.

"Como vocês devem imaginar, Rômulo logo se propôs a armar um plano para fugir com Algusto! Mandou a ele uma carta através de um cúmplice. É um mistério, mas esta carta está aqui!" Com extremo cuidado, minha tia deixou o diário sobre a mesa, preparando-se para dar voz às palavras escritas com paixão.

"Amado Algusto!

Hoje, escrevo a ti com meu coração despedaçado! Meu pai não está bem de suas faculdades mentais! Ontem, ao retornar de nosso encontro, recebi a notícia que acabaria com minha vida! Ele quer que eu me case com uma jovem em troca de dotes! Claro que o confrontei, dizendo que não me casaria! Mas não sei quanto tempo temos até ele conseguir marcar a data do casamento! Por isso, vamos partir de Serra Azul ainda hoje! Quando cair a noite, me espere no bosque, no mesmo lugar de sempre! Leve apenas uma mala com o necessário! E, por favor, tente ser discreto ao sair! Não podemos chamar a atenção! Pedi a Joaquim que preparasse o cavalo. Quando todos em minha casa estiverem em seus aposentos, irei ao seu encontro!

Com ternura e infinito amor,
Rômulo"

"A leitura da carta trouxe à tona a urgência e a emoção presentes na decisão desesperada de Rômulo de fugir com Augusto para escapar de um casamento indesejado. O amor proibido agora se transformava em uma busca frenética por liberdade.

A notícia do relacionamento clandestino chegou aos ouvidos do patriarca, desencadeando sua fúria. No dia marcado para a fuga, No bosque, onde o amor florescia, Algusto aguardava ansioso pela chegada de seu amado.

Em um crepúsculo envolto em segredos, Rômulo cavalgava em direção ao local marcado, oculto sob uma capa que dançava ao vento.

Ao alcançar o ponto de encontro, sorrisos espontâneos iluminaram seus rostos, antecipando o encontro que prometia ser o ápice de sua história compartilhada.

No entanto, a atmosfera de expectativa foi abruptamente rompida pela presença inesperada. O pai de Rômulo, silenciosamente seguindo os passos do filho, emergiu das sombras.

O rosto austero e carregado de determinação, ele portava consigo uma arma, não para proteger, mas para destruir.

Sua intenção sombria era eliminar Algusto, o obstáculo para o casamento arquitetado.No auge do desespero, o patriarca, cegado pela fúria, empunhou a arma e disparou em direção a Algusto.

Sweet LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora