1

110 7 0
                                    

Park Seonghwa odeia ser príncipe.

É um pensamento meio mimado para quem não o conhece, como vocês meus leitores.

Ele não foi um bebê comum visto que seu nascimento foi esperado por uma nação inteira. O seu dia é considerado um dia feliz, o dia que a dinastia Joseon descobriu que não teriam um, mas dois príncipes. Os primeiros.

Deus salve a Rainha!

Seonghwa é o filho mais velho do Rei. Não citarei seu nome já que ele não merece tamanho crédito. Palavras tem força e os nomes mais ainda.

A vida de Seonghwa não seria fácil, é claro, mas não precisava ser tão difícil.

Aqueles que olhavam de fora achavam que sua vida era perfeita.

Ele tem uma aparência etérea, é belíssimo como diziam os burburios que percorrem o reino. O príncipe tem pele clara e seus cabelos curtos são pretos como o breu, o nariz marcado era um charme e seu olhos eram arredondados e escuros como grandes jabuticabas.

É difícil descrevê-lo, eu admito.

Ele com certeza tem, melhor, tinha bastante capital. Sua riqueza era abundante, o que incluía inúmeras terras, animais e coisas de gente da realeza.

Seonghwa apenas não podia, em hipótese alguma a não ser a morte, deixar de ser o príncipe, o herdeiro do seu Reino. Sei disso pois ele mesmo me contou em detalhes a sua história.

Sei que no futuro não acreditarão em minhas palavras e sei que tentarão apagá-lo da história, mas todos sabemos a verdade.

O que contarei a partir de agora não é de minha autoria, é apenas fato. E começa quando Seonghwa estava esperando sua coroação, que chegaria dali a pouco mais de um verão, quando ele completasse 21 anos.

O príncipe não estava preparado para ser O Rei, e ele treinou para isso toda a sua vida. Não tinha como ele se sentir o suficiente para o cargo quando havia milhares de vidas em suas mãos e outros reinos que queriam guerras pelos mínimos motivos e sem finais.

Ele ficava profundamente triste por saber que seu irmão, o príncipe Park Sujong, minutos mais novo que ele, queria com todo o seu coração uma chance de mostrar ao povo que seria um rei leal e amoroso. Diferente de Seonghwa, Sujong tinha tomado gosto pela vida corrida da realeza, ele tinha estudado e tinha planos. Ele seria o braço direito do príncipe herdeiro quando este se tornasse rei.

Uma pena que cabeças tão pequenas insistam nessa tradição de que o mais velho seja o sucessor principal.

Toda a vida de Seonghwa foi acompanhada de perto por diversos olhos. Seu nome significa "Tornar-se uma estrela" um belo nome. Mas isso significava mesmo que ele deveria iluminar seu povo?

A história mostra algo diferente.

Não havia escapatória para este menino que se tornava um homem. Ele não conhecia algum lugar para fugir. O que o abriga são as frias paredes do castelo, o lugar onde seus maiores medos se escondem.

E não estamos mais falando de seu futuro e responsabilidades. Falar sobre isso ainda lhe traz profunda tristeza e pesadelos.

Seu maior medo era o seu próprio pai.

Aquele homem frio e analítico. Não parecia amar a ninguém além do poder. Sabemos que ele lutou em várias guerras e algo pode ter se quebrado dentro dele, mas nada justificava suas ações. Seonghwa tentou amá-lo, afinal ele era o seu pai. Ele tentou, tentou e tentou mais uma vez, e falhou miseravelmente em todas as tentativas. Mesmo com cada marca que ficava em seu corpo por um mísero erro, mesmo com cada grito de dor que vinha de si e do seu irmão, mesmo assim, ele tentou.

Sua mãe, a rainha sempre fora uma pessoa amorosa. Ela era a fonte de consolo de seus filhos. Mesmo depois de adolescência, era para ela que eles corriam sempre que choravam.

Mas chegou aquele fatídico dia, em que o céu chorou junto com todo o Reino. O dia em que a vida da rainha Myeongseong foi tirada de si. Da noite para o dia, sem chance de despedida. Os relatos mostram que ela foi assassinada por um espião de um reino vizinho que queria aquelas terras, que queria guerra.

Seonghwa perdeu uma das poucas pessoa que realmente amava. Ele perdeu aquele abraço amoroso, perdeu os olhos calorosos, a voz suave e gentil que cantava para ele até que os sonhos chegassem. Aquela que sentava ao piano ao lado dele até vê-lo sorrir.

Seonghwa queria fugir. Não queria ser o Rei, não queria ser príncipe. Ele aguentou tudo por ela, e ela já não estava ali.

Mas ele tinha um medo que o sufocava e selava seu destino.

Ele aceitou as cicatrizes, a dor da saudade e até a dor física. Aceitou que seu futuro fosse escrito por outras mãos.

Ele se odiava.

Mas em um baile, tudo começou a mudar.

Enchanted - Seongjoong Onde histórias criam vida. Descubra agora