I‐ O assassino de terno

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— Quais são suas últimas palavras?— perguntou, o cara de terno.

Eu não sei como vim parar nessa situação. Só pode ser um mal entendido, ele deve estar brincando ou algo do tipo, não? É claro que não, acorda pra vida Malu.

Engoli seco.

Totalmente rendida com as mãos pra cima.

— Você não tá entendendo, eu nem conheço essa garota.

A pequena estava agarrada em mim. Era uma gracinha, mas me meteu em uma enrascada.

Ele encostou a arma na minha testa.

Caramba. Nunca que eu devia ter ido ao banheiro sozinha, se ao menos tivesse com Julia ou Ana...

Estava começando a aceitar que morreria aqui e agora.

— Sinto muito, em ter que fazer isso.

Ele estava prestes a destravar a arma, quando abrem a porta e escuto chamarem meu nome. Era Julia.

O engomadinho assassino, virou e apontou a arma na direção dela que estava desnorteada.

Era minha chance, eu tinha que fazer algo.

Pulei pelas costas dele, e travamos uma pequena briga.

Minha mãe sempre dizia que dar um chute no saco do homem deixaria ele fraco, e foi o que eu fiz.

— Julia, pegue a garota.

Com a arma em punho, apontava para a direção do homem que estava ajoelhado.

— Porque essa demora toda... Puta que pariu. O que aconteceu aqui?— Karol exclama, estava entendendo tanto quanto eu.

Com o grupo todo reunido, amarramos o cara com o cinto do meu vestido.

Ashe, trancou o banheiro do restaurante e  encarava o rapaz.

Na minha opinião era jovem demais para ser pai dela, deveria ter no máximo 25 anos. Mas hoje em dia tudo é possível, não deixa de ser uma possibilidade.

— Você está bem?— perguntei para a criança que estava no colo de Ana.

Ela só acena a cabeça em sinal de afirmação.

Encontramos um corpo que achamos ser da mãe da menina, em uma das cabines.

Esse cenário todo estava ficando assustador demais para mim.

— Você fez aquilo com ela?— perguntei, ao cara— Diga!

— Você é idiota demais para perceber o que de fato aconteceu?

Mas que filho da mãe.

— Você está em uma grande confusão, idiota.

— Vocês não acham melhor ligar para a polícia?- Moony, perguntou.

Porra, isso foi acontecer logo no meu aniversário? Eu nunca fui a mais sortuda, porém, isso aqui é de estourar a boca do balão.

— Malu, você tá bem?— Karol, perguntou.

— Me dá isso aqui.— disse, Ashe, pegando a arma da minha mão.

Karol me deu um abraço de lado.

— Acho melhor ligar logo para a polícia, Malu. Eles vão saber o que fazer.

— Se acham que eles vão ajudar, estão muito enganados.— o assasino, rebate.

— Ah, vê se cala a boca.— começo dizendo— Hoje era pra ser um dia feliz, é a primeira vez que estamos todos reunidos, e logo no meu aniversário... Essa... Essa merda acontece.

— Ah, me desculpe, feliz aniversário moça.— Ele disse em total ironia.

Que babaca.

Não consegui me conter e acertei a cara do desgraçado.

— Filho da mãe! Diz agora quem você é, e o que fez com aquela mulher?

— Malu, tem gente vindo para cá.— Moony, avisou.

— Ashe, esconde ele no banheiro, por favor?— peço.

— É pra já. Entra aí, seu merda.

O que faríamos agora? Pagar a conta e fazer esse cara sumir do mapa?!

Duas mulheres entram e conversam entre si, nem parecem notar nossa presença no cômodo. Após retocar a maquiagem, elas saem e Moony novamente fica de vigia na porta.

— Ana... Pegue o cartão, pague a conta. Julia e Catherine, vão com você. Karol e Bruna, vocês pegam os carros. Sally, você e a menina devem ir com Karol.

— Tá, mas... vamos para onde? Não podemos entrar no hotel com esse cara.

— Ele vai entrar... como nosso convidado, não é 'amigo '? Resumindo o plano, sairemos do restaurante e nos encontramos beco, e vamos diretamente para o hotel.

— Não vamos mesmo ligar para a polícia?— Julia questiona— E o corpo no último box?

— Uma hora alguém vai descobrir.— disse— Por enquanto, não falamos nada pra ninguém. E Ana, isso inclui sua mãe.

Ana era a única do grupo que ainda era menor de idade, e ela tem um futuro muito promissor. A maioria de nós mal terminou a escola, alguns ainda estão no ensino médio e ser incriminado por algo que não fizemos não é algo com que sonhamos no momento.

Ashe, Moony e eu, saímos pela janela do banheiro que dava em um beco. É claro que nosso 'amigo' serviu como amortecedor da nossa queda.

O cara estava tão calado que eu tinha a sensação de que algo errado iria acontecer. Ele tinha aceitado sua derrota tão fácil assim?

Meu Deus, Malu, deixa de paranoia.

Como se estivesse lendo meus pensamentos, o tal assassino me encarou.

— Continua quietinho se não corto sua garganta.— Ashe ameaçou.

Uma parte de mim estava com tanta raiva, e a outra estava decepcionada e triste. Parece que coisas ruins gostam de acontecer na minha vida. Eu não sei por quem e porquê tô pagando essa dívida, sabotaram minha horta, certeza.

Finalmente, as meninas chegaram com os carros. Entramos no carro que Bruna estava dirigindo. Tinha pouco tempo que tinha tirado a carteira, e nesse momento eu botava bastante fé nela para ser nossa motorista de fuga.

— Vou dirigir rápido, mas não a ponto de criar um acidente... ou talvez, sim.— a garota, disse e deu um sorriso maléfico.

𝗞𝗠𝗕 𝘀𝗲 𝗮𝘃𝗲𝗻𝘁𝘂𝗿𝗮𝗻𝗱𝗼 𝗽𝗲𝗹𝗼 𝗺𝘂𝗹𝘁𝗶𝘃𝗲𝗿𝘀𝗼 Onde histórias criam vida. Descubra agora