𝘾𝘼𝙋𝙄𝙏𝙐𝙇𝙊 5 ─ Seu pai sendo simplesmente seu pai

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MADDY AGARROU A SACOLA SAINDO DO CARRO O MAIS RÁPIDO QUE PODE, nem ao menos olhou para trás, apenas focou sua visão na entrada da casa, e bateu seus pés até lá. Terrence, por outro lado, bateu a porta do carro, encarando a nuca da filha se distanciar, sobrancelhas contraidas, lábios resecados sendo cobertos pela palma da mão do mesmo, que esfrega a boca.

─ Medaline ─ ele a chama, seu tom direto, o primeiro aviso. 

Ela continuou seu caminho, sem ligar para o que seu pai dizia. 

─ MEDALINE ─ o mesmo grita, batendo a mão no teto do carro, que emana um barulho alto na rua.

Por um momento, um arrepio corre sua espinha, escutar o grito de seu pai ainda estava vivo em sua memória, claro que estaria, as ondas sonoras quase grudaram em sua carne ao longo dos anos, era o que ela pensava quando estava irritada, que grita igual a ele, porém, se lembrar de como seu nome sai dos lábios do pai tão irritadamente não é a mesma coisa de se escuta novamente.

Maddy para no meio do caminho, apenas para sentir suas mãos suando, porém, a mesma não deixou seu pai falar o que queria, apenas voltou a andar, tal como uma criança com medo, fugindo do inevitável. Ela não poderia escutar a aproximação violenta do pai, os batimentos cardíacos de seu coração parecem gritar em seus ouvidos, abafando o barulho da porta da frente sendo aberta tão desesperadamente por suas mãos. 

Ela tenta normalizar sua respiração, sentindo os raios de sol de fim de tarde entrarem pela janela, batendo em seu rosto, com as mãos tremulas, ela abre o congelador, jogando a sacola de picolés dentro, fazendo um barulho leve, Terrence gritou em sincronia com a batida do congelador.

─ MEDALINE O QUE TE FAZ PENSA QUE PODE ME IGNORAR ASSIM? 

Maddy estremece com o barulho da porta da frente parecendo se quebrar no meio, os passos fortes de Terrence pelo corredor até a cozinha, ela suspira, jogando uma mecha da frente de sua cabelo, para trás da orelha. 

─ E sair assim, na frente dos outro, é falta de educação ─ o tom de Terrence abaixa, soando mais calmo, enquanto ele joga a chave do carro agressivamente encima da mesa de jantar.

Todos poderiam pensar que os gritos do mais velho cessaram, porém, Maddy sabia que esse é só o começo, e ele ainda iria arranjar um jeito de brigar com a filha até a mesma desejar arrancar as próprias orelhas.

─ Posso ver como Zoe te deu uma ótima educação nesses dois anos. 

O insulto a sua tia desceu cortando sua garganta, arranhando as paredes internas de seu coração, Zoe foi a melhor coisa que aconteceu depois da morte de sua mãe, ironicamente, isso simboliza quando Maddy abandonou seus irmãos. 

─ Ela me deu uma boa educação nesses dois anos ─ ela da de ombros ─ não precisa acreditar em mim se não quiser. 

Terrence suspira, olhando através da alma da filha.

─ Tão boa que você parou na delegacia essa tarde.

Maddy pode ver os dois pares de olhos espiarem encostados no batente da porta, ela suspirou, óbvio que Finney e Gwen não iriam demorar para aparecer. 

─ Eu já disse que eu defendi aquele garoto, o policial te disse isso, POR QUE NÃO PODE ACREDITAR EM MIM? 

Seu tom de voz se eleva, os olhos de Finney se arregalam, e imediatamente, como um instinto, cobre os olhos de Gwen. Maddy sabia o que fez na hora que fez, gritou com o pai, nunca se devia gritar com Terrence Blake, mas ela o fez, e sua face não se tornou branca igual a papel como costumava a ficar, ela continuou firme, com as sobrancelhas levemente curvadas e a boca como uma fina linha reta. 

𝓥𝓸𝓬𝓮 𝓷𝓪𝓸 𝓮 𝓸 𝓺𝓾𝓮 𝓮𝓾 𝓟𝓮𝓷𝓼𝓮𝓲                             ᴠᴀɴᴄᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora