𝘾𝘼𝙋𝙄𝙏𝙐𝙇𝙊 2 ─ Coca-Cola

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A TARDE DE DOMINGO ESTÁ COMPLETAMENTE ENTEDIANTE, em um domingo normal ela estaria fora de casa, saindo com seus amigos para fazer merda, ou estaria em casa com sua tia, assistindo novelas chatas enquanto comem sorvetes, mas aqui, Maddy está no quarto, deitada enquanto olha para o teto. Ela já tinha ligado para a Mia, as duas conversaram brevemente até a mesma desligar porque iria ao shopping com o namorado.

Maddy apenas existe dentro desse quarto, dois anos se passaram e ela não desenvolveu seus gostos, não sabe tocar nenhum instrumento, não toca em um livro a séculos, não canta muito menos costura, ela é completamente dependente de seus amigos nesse sentindo, eles a divertiam, não a deixava se lembrar de sua mãe ou dos irmãos que deixou para trás, eles apenas faziam e falavam muito besteira, ao ponto de Maddy apenas rir.

Mas aqui, ela não tem ninguém, claro que ela já teve amigos, Tatiani é um ótimo exemplo, foram amigas desde o primário, seguindo com sua amizade até Maddy se mudar para a Califórnia, onde a cada semana os telefonemas diminuíram, até pararem de uma vez, talvez a amizade delas só funcionasse porque moravam perto, depois que esse laço se quebrou, não tinha como essa amizade se manter de pé. 

Maddy se levanta, encarando o quarto, ela precisa sair um pouco, um ar fresco deve fazer bem, ou pelo menos é isso que falam. Ela pega o maço de cigarros no meio das calcinhas, colocando de qualquer jeito no bolso do casaco que pegou, um largo e xadrez marrom. Antes de sair, Maddy se encarou no espelho, para conferir se não parecia uma puta.

Talvez para as pessoas dessa cidade ela possa parecer uma puta, a calça longa e larga juntamente do casaco não é o problema, mas sim o cropped que está usando, ele é curto, parecendo talvez de longe um sutiã, mas afinal, o que as pessoas tem haver com isso? Nada, absolutamente nada. Maddy se convence disso enquanto desse as escadas em alta velocidade.

Ela agarrou o batente da porta assim que viu o pai, sentado na mesa da sala de jantar, com um jornal esticado a sua frente, em puro e constrangedor silencio, pelo menos não parecia ter nenhuma bebida alcoólica ao seu lado, apenas uma xícara de café, que ainda pode se ver a fumaça saindo. Maddy se aproximou com cuidado, encostando os dedos de leve na mesa.

─ Pai...

Foi tão estranho como essa palavra saiu depois de tanto tempo. Terrence levantou o olhar, os olhos vazios de sempre.

─ Eu pensei em comprar alguns picolés para todo mundo, deve vender no grab and go né.

Terrence voltou o olhar para o jornal, murmurando "deve mesmo". Maddy bufou, não é possível que ele não entendeu o que ela quis dizer.

─ Eu não tenho dinheiro.

O homem revirou de leve os olhos, pegando a carteira no bolso, tirando uma nota e batendo na mesa.

─ E esse sutiã?

Maddy contraiu as sobrancelhas, sentido a queimação no peito.

─ Não é um sutiã, é um cropped, a tia Zoe me deu no meu último aniversário ─ ela diz pegando o dinheiro, contando quanto ela deu.

Terrence se manteve em silêncio, analisando mais uma vez a roupa da filha.

─ Sempre tem que ser sua tia ─ ele diz suspirando.

Sempre foi bem claro que ele e Zoe nunca se deram bem, porém, depois da morte de Néssa, tudo pareceu piorar, ao ponto de ambos não aguentarem ficar perto um do outro, sempre se alfinetando e jogando coisas na cara um do outro, como se a culpa da morte da mulher fosse de um dos dois. Maddy olhou feio para o pai, é claro que Zoe daria algo assim para ela, ambas moravam em uma cidade de praia, era normal na região delas ver meninas usando esse tipo de roupa, talvez em Denver não, mas Maddy não liga para isso.

𝓥𝓸𝓬𝓮 𝓷𝓪𝓸 𝓮 𝓸 𝓺𝓾𝓮 𝓮𝓾 𝓟𝓮𝓷𝓼𝓮𝓲                             ᴠᴀɴᴄᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora