CAPÍTULO 07

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— Edson! Você está aqui! — disse eu animada
Mamãe e Dave ficaram me olhando surpresos e então nos sentamos juntos no sofá para conversarmos.
— Ollie, quanto tempo — disse Edson dando um leve aperto de mãos com Ollie
— Vocês se conhecem? — perguntou minha mãe
— Sim, ela foi quem cuidou de mim no hospital quando estava internado — disse Edson
— Sério? Que bom... Não sabia disso ainda — disse minha mãe
— Sim mãe, eu fui quem acompanhei Edson e graças a Deus ele se recuperou
— Isso é bom, e você Dave, estava passeando com Ollie? — pergunta minha mãe olhando para Dave
— Não, eu apenas a encontrei na avenida e trouxe ela aqui — disse Dave
— Afinal mãe, eu vim buscar agasalhos para essa temporada de frio...  — disse eu
— Ah sim, Dave, vá com ela no quarto e peguem as roupas
— Está bem — concordou Dave
Eu e Dave nos levantamos do sofá e subimos as escadas indo para o meu quarto no segundo andar. Entramos e fechei a porta, abri o guarda roupas e coloquei algumas peças sobre a cama, blusas de acrílico; moletom; jaquetas e meias. Dave vendo as roupas espatifadas na cama, juntou todas elas e dobrou colocando-as na beira da cama. Me olhei no espelho e dei alguns passos até a janela, que dava uma bela vista da cidade no alto. Sem querer tropecei no pequeno baú no chão e caí em cima de Dave na cama, meu coração acelerou e fiquei sem reação no momento.
A pupila dilatada de Dave não negou que ele estava extremamente apaixonado por mim, em poucos instantes ele encostou os lábios nos meus e beijou suavemente por alguns minutos. Me dei conta do que estava fazendo e me distanciei de Dave, mas ele não concordou e segurou em minha mão. O trinco da porta se abriu e minha mãe entrou, com um sorriso no rosto e um olhar surpreso.
— Então, vocês estão namorando?
— Não é isso mãe, é um mal-entendido — disse eu tirando a mão de Dave da minha.
— Não se preocupe Ollie, vocês são uma dupla perfeita — disse minha mãe sorrindo
— Não é isso mãe! O Dave é meu amigo, eu gosto de outra pessoa...
Suspirei e pensei que havia falado demais, até Dave se levantar da cama e pegar as roupas.
— Ollie está certa Sra. Jack, eu gosto dela, mas ela gosta de outra pessoa — disse Dave
— Desculpe Dave... Pensei que vocês estavam juntos — disse minha mãe
— Sem problemas, nós somos bons amigos — disse ele
— Mãe, eu estou indo já — disse eu saindo do quarto.
Dave me acompanhou e subimos na moto, ele me levou ao meu apartamento e ficou me olhando alguns minutos.
— Desculpe alguma coisa Ollie...
— Está bem Dave, esquece isso
— Eu agi por impulso naquele momento
— Eu entendo, sem problemas, obrigada por me ajudar hoje
— Por nada, se precisar me ligue
Balancei a cabeça concordando e entrei para o elevador, subindo até meu apartamento.

Duas semanas depois...

Estava no hospital com Peter e ele já estava reagindo bem, abriu os olhos e não estava mais conectado ao aparelho de oxigênio. Passei pomada e troquei as faixas de sua perna, dei um pouco de água para ele e passei o restante da tarde ali.
O sol já estava se pondo e Peter começou a tossir um pouco, ele olhou para mim e dei água novamente para ele.
— Você está melhor, Peter?
— Sim... — disse ele em tom baixo
Meu coração ficou tão confortado ao ouvir sua voz e dei um leve sorriso para ele, que sorriu de volta para mim.

Dias depois...

Depois da segunda discussão com Pedro, ele e a mãe de Peter me pediram para me responsabilizar por ele. Minha mente estava confusa mas eu queria muito ver Peter cem por cento recuperado, concordei com eles e o médico o liberou para a casa. Na dúvida entre a casa de Peter e a minha, eu preferi levá-lo para a minha, pois seria mais fácil cuidar dele.
Antes de mais nada, pedi ao Pedro para buscar uma mala de roupas e coisas de usos de Peter para levar para minha casa. No dia seguinte, estávamos nós dois em casa, ele na cama e eu preparando seus medicamentos na cozinha. Ouvi um pequeno barulho vindo do quarto e fui até lá apressadamente. Assim que cheguei vi Peter olhando seu celular caído no chão.
— Meu celular caiu...  — disse ele
— Você tentou pegá-lo na cômoda?
— Sim, eu queria ver as notificações
— Do Whatsapp?
— Sim
— Eu vejo para você se quiser
— Por que? Eu quero ver eu mesmo
— Peter, você tem uma namorada não é?
— Como você sabe disso?
— Eu não nasci ontem — disse eu sorrindo
— Você olhou meu celular?
— Sim, por que não? Ele estava descarregado, e outra, como você achou que ele veio parar aqui?
— Ollie, você é incrível não é? — disse ele ironicamente
— Peter, sua namorada se chama Carol, ela terminou com você há semanas atrás
Ele fixou o olhar em mim e fez uma cara de desconfiado.
— Como assim?! Ela terminou comigo do nada?
— Não foi por acaso...
— O que aconteceu? Você falou algo para ela?
— Vc se lembra do dia em que nos conhecemos?
— Sim, mas o que tem a ver?
— Eu havia brigado com meu namorado aquele dia e nós terminamos... Dave me ajudou por que ele sabia que o meu namorado não me fazia bem... Alguns dias atrás minha amiga Alice viu ele e a nova namorada dele, chamada Carol...
— Espera, mas o que isso tem a ver com a minha namorada?
— Carol... É namorada do meu ex, quando ela estava com você, ela já estava com ele, o nome dele é Alisson.
Peter ficou olhando para o cobertor enquanto pensava tristemente sobre o que eu havia falado.
— Ela estava me traindo...?
— Isso mesmo...
— Eu sabia que havia algo errado, mas não sabia o que era...
— Você realmente gostava dela?
— Você quer ouvir a verdade?
— Claro, pode dizer
— Meu pai arranjou ela para mim, eu nem queria mas fui forçado a namorar ela... Comecei a gostar dela aos poucos mas não conseguia amar ela... Eu tive uma briga séria com meu pai e ela, poucos dias depois eu me acidentei no trabalho... E nunca mais nos falamos
— Eu entendo a dor que você passou Peter... Não é fácil se relacionar...
— E você? Está namorando?
— Ainda não... Afinal eu não tenho tempo para nada
— O meu primo gosta de você, por que não namora ele?
— Eu o considero como amigo, não sinto nada por ele a não ser amizade
— Entendi...mas você deve gostar de alguém...
— No momento não, eu só quero viver minha vida sem impedimentos e não quero mais problemas para mim... Dave é uma boa pessoa, mas nós não precisamos ter mais que amizade
— Eu entendo você... Realmente não é fácil
— Eu só quero que você se recupere bem, porque você é um amigo que gosto muito, assim como o Dave
— Você me considera apenas como amigo?
— Sim
— Entendi...
Coloquei o medicamento de Peter sobre a mesa e fui dando para ele  aos poucos.
— Esse remédio é ruim, não gosto
— Não tem que gostar, é sua obrigação tomar ele
— Hum...
— Tem mais dois comprimidos para você tomar, afinal... Você está muito fraco ainda e precisa se alimentar, vou preparar algo para você
  — Faça algo que eu gosto de comer
  — Está bem... — disse eu suspirando

MIL FACESOnde histórias criam vida. Descubra agora