CAPÍTULO 10

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  No dia seguinte, acordei com muita dor de cabeça e assim que olhei as notificações em meu celular vi que haviam umas trinta chamadas perdidas de Dave. Me apressei em me arrumar e fui até a cafeteria encontrar com ele.
  Assim que cheguei vi Dave e Alice sentados vestidos formalmente me aguardando. Me sentei com eles e Dave me trouxe um copo de leite com chocolate.
  -- Bom dia Ollie -- disseram eles
  -- Bom dia amigos
  -- Vamos na joalheria ou na casa de seu pai, Ollie? -- perguntou Dave
  -- Vamos ter que ir na joalheria Dave -- disse eu
  -- Então vamos Ollie! -- disse Alice se levantando da cadeira
  Entramos nós três no carro de Alice, um Corolla prata que havia acabado de sair do lava jato. Alguns minutos se passaram e chegamos na enorme joalheria, Diamond. Era a maior da cidade e a mais conhecida na região por suas joias de prata e ouro.
  Suspirei e entrei ao lado de Dave e Alice, fomos recebidos pela atendente que foi muito bem educada e gentil conosco, nos levando até a sala de gerência. Alice e Dave ficaram me esperando do lado de fora enquanto eu entrei para falar com o secretário de meu pai, Thalles.
  -- Bom dia, você é Ollie? Certo?
  -- Bom dia, sim, sou filha do dono daqui
  -- Que legal, eu te reconheci pela câmera -- disse ele sorrindo
  -- Isso é bom, eu vim pedir algo ao meu pai...
  -- Eu posso lhe ajudar
  -- Eu preciso falar com ele pessoalmente, poderia me providenciar isso?
  Ele suspirou e pegou uma pasta de documentos em uma gaveta.
  -- Há algum problema Sr Thalles?
  -- Não, só estou verificando a agenda de horários do sr Arthur
  -- Espera, eu preciso urgente falar com ele, não há tempo de marcar horário
  -- É muito urgente?
  -- Sim, muitíssimo
  -- Então irei ligar para ele vir aqui...
 
Minutos depois...

Ouvi a porta do escritório se abrindo e vi que era meu pai Arthur. Ele passou a mão pelo terno preto e se sentou na cadeira. Thalles pediu licença e se retirou da sala e Dave e Alice entraram.
  -- O que foi com você Ollie?
  -- Eu preciso da sua ajuda agora
  -- Como eu posso te ajudar?
  -- Nós três estamos ampliando o consultório da Alice e em breve irei trabalhar com ela... Então precisamos de dinheiro
  -- Consultório? -- perguntou confuso
  -- Sim...
  -- Quanto você quer?
  -- Dez mil...
  -- Isso é para a reforma?
  -- Sim -- disse Alice
  -- Então está aqui o valor de dez mil -- disse meu pai colocando um envelope sobre a mesa
  -- Obrigada pai, agradeço sua generosidade
  -- Por nada, só não me peça mais dinheiro porque estamos reformando a joalheria também...
  -- Não irei mais precisar, fique tranquilo
  -- Obrigado Sr Arthur -- disse Dave.
  Nos despedimos e saí com a mente aliviada, entramos no carro e fui direto ao hospital providenciar a transferência de Peter para fora.

Minutos depois...

O valor total foi de dezenove mil reais e juntamos tudo que podíamos para inteirar o dinheiro. Graças a Deus conseguimos realizar a transferência dele e tudo correu bem.

Uma semana depois...
  Estava descansando em casa quando ouvi o interfone tocar, me levantei e fui atender.
  -- Quem é?
  -- Alisson Gonzales
  -- O que você quer, Alisson?
  -- Quero discutir algo com você
  -- É muito importante?
  -- Sim
  Suspirei e liberei a entrada para ele. Nos entreolhamos e sentamos no sofá da sala, o silêncio dominou por alguns instantes mas logo ele começou a falar.
  -- Ollie, por que você terminou comigo?
  -- Porque achei que fosse necessário
  -- Você sabe que eu nunca quis isso e nunca concordei
  -- Não importa se concorda ou não, você tem a Carol agora
  -- Independente disso, eu e Carol terminamos a uma semana
  -- E o que eu tenho a ver com isso?
  -- Eu queria que voltássemos como era antes...
  -- Pois eu não quero
  -- Você está com alguém?
  Suspirei e nada disse.
  -- Você está agindo de forma suspeita Ollie -- disse ele cruzando os braços
  -- Afinal... Eu não sei o que lhe dizer
  -- Por que?
  -- Eu não sei o que se passa em sua mente Alisson
  -- Não sei do que está dizendo, Ollie
  -- Você disse que queria voltar como éramos antes... Mas eu não concordo com isso, não posso simplesmente confiar em você assim, novamente...
  -- Eu sei que fiz você perder sua confiança em mim, mas prometo mudar Ollie
  -- Alisson, eu não quero voltar, entenda isso
  -- Não entendo por qual motivo você não me quer mais...
  Alisson se levantou indo em direção a cozinha e viu todos os medicamentos de Peter na estante. Dei alguns passos e vi ele vindo em minha direção com uma expressão preocupada.
  -- O que é isso, Ollie?
  -- Isso... Não é meu
  -- Então por que está na sua casa?
  -- É de um amigo meu... Meu paciente -- disse eu me virando de costas
  Alisson me abraçou com força por trás é fiquei sem reação naquele momento, não sabia o que dizer, nem o que pensar para falar algo para ele.
  -- Ollie, me diga o que isso significa...
  -- Eu já te disse o que significa
  -- Como eu posso acreditar nisso Ollie?
  -- Eu disse a verdade Alisson... Se quiser mais provas, vá ao meu quarto
  -- O que tem no seu quarto?
  -- Veja você mesmo
  Alisson foi até meu quarto e o acompanhei lentamente. Ele se sentou na cama e viu os acessórios e roupas de Peter sobre a cômoda.
  -- Quem é ele?
  -- Meu paciente
  -- Paciente? Você esteve cuidando de um paciente na sua casa?!
  -- Sim, meu paciente teve um acidente muito grave, ele foi internado novamente...
  -- Quem é ele? -- perguntou novamente
  -- Peter, primo de Dave
  -- Você gosta dele, não é?
  -- Isso não é da sua conta
  -- Eu apenas perguntei, Ollie
  Alisson me abraçou e comecei a chorar, sem conseguir segurar as lágrimas e os soluços que sempre acontecia.
  -- Ollie, eu me lembro das vezes que você chorou dessa mesma maneira e eu fui o único que esteve lá para te confortar...
  -- Isso está no passado Alisson...
  -- Mas eu te entendo agora, você mudou muito Ollie. Eu não sei quem está em seu coração nesse momento mas... Eu te entendo Ollie...
  -- Obrigada Alisson, nós podemos ser apenas amigos, sem brigas e discussões, sem voltar ao nosso passado...
  -- Como você quiser Ollie, apenas me deixe te abraçar agora.
  Não sei o que aconteceu naquele momento, mas meus pensamentos estavam em branco, meu coração triste e apenas chorei para aliviar a alma e acalmar minha mente.

  Semanas depois...
  Dave, eu e Alice estávamos na lanchonete de Dylan conversando e jogando alguns jogos que Dave havia comprado. Ouvi meu telefone tocar e pedi licença aos meus amigos para atendê-lo em um canto.
  -- Quem está falando?
  -- Sou Sofia, gostaria de informar que Peter não suportou a cirurgia e faleceu...
  -- Como assim? Que cirurgia?
  -- Não tenho muitos detalhes, apenas essa notícia...
  -- Sofia, você é do hospital, como pode não ter informações?
  -- Eu não tenho, infelizmente... Mas é isso Dra Ollie
  -- Eu não posso acreditar nisso...
  Ela desligou a chamada e comecei a chorar sem limites, meus amigos vendo eu no canto, encostada na parede em meio as lágrimas, vieram e me abraçaram perguntando o que havia acontecido. Disse a eles algumas palavras em meio as lágrimas e todos ficaram chocados. Aquele foi o maior choque que tive.
  Dois dias se passaram e recebi uma carta anônima escrito algumas palavras lindas de carinho e conforto. Não imaginava quem era, pensei que poderia ser Alisson mas não podia tirar conclusões precipitadas.
  Os dias foram passando e mais e mais cartas aparecendo, todas anônimas. Estava começando a ficar confusa e decidi chamar Dave para ir comigo até a casa de minha mãe. Saímos cedo e chegamos rapidamente, minha mãe nos recebeu com um rosto suspeito mas eu não fazia ideia do que aquilo significava. Nos sentamos no sofá e uma das criadas nos serviu xícaras de café.
  -- O que aconteceu filha? você não parece bem... -- perguntou Jack
  -- Eu só estou muito cansada mãe, não se preocupe
  -- Ollie, você nunca conta o que realmente aconteceu para mim...
  -- É algo pessoal da Ollie Sra Jack, espero que a senhora possa entender... -- disse Dave
  -- Entendo sim Dave, sem problemas
  -- Minha mãe está agindo suspeita, não acha Dave? -- sussurrei no ouvido de Dave
  -- Também percebi, Ollie -- sussurrou ele
  -- O que vocês estão falando? -- perguntou Jack
  -- Sobre nosso projeto novo Sra Jack -- disse Dave
  -- Vocês parecem estar tão aéreos hoje -- disse Jack
  -- É que estamos muito atarefados -- disse eu
  Nos despedimos de minha mãe e saímos andando de moto pelas ruas da cidade até chegar a cafeteria de Dave.
  -- Ollie, estou começando a suspeitar da morte de Peter ser falsa... -- disse Dave
  -- Você acha que isso foi um jogo?
  -- Imagino que sim
  -- Se quisermos saber a verdade, temos que investigar isso de uma forma profunda...
  -- Você está certa Ollie, temos que investigar, não estou acreditando muito nessa notícia.
 


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