Quando as crianças nasceram, os pais brincaram sobre como seria se eles acabassem namorando.
Acho que eles não imaginavam que realmente pudesse acontecer.
Mas Beatriz e Benício não conseguiram fugir.
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Eu não consegui dormir durante o vôo, eu não comi durante o vôo e eu não bebi água durante o vôo. Eu só conseguia pensar em uma única coisa, o que é que eu iria fazer agora?
Eu nem terminei a faculdade ainda e pra facilitar, eu faço uma faculdade que é longe pra caralho de casa.
Será que não pode ter dado errado? E se deu o famoso falso positivo? Isso existe não existe? Eu sei que é raro, mas vai que acontece e eu sou a felizarda?
De qualquer forma, eu tinha que conversar com Benício antes de pensar muito e me desesperar.
A quem eu quero enganhar né? Eu já pensei muito e já me desesperei o dobro. Se eu estiver grávida, vai ser tão difícil, mais do que já é.
Minha mãe vai me matar. Ela nem sabe que eu tenho um namorado, quem dirá que eu estou grávida do meu namorado. E quem dirá que meu namorado é o Benício.
Eu tinha muita coisa pra por no lugar quando o avião pousasse, isso com certeza. Eu teria que conversar com Benício primeiro, é claro, depois com os meus pais e depois ainda tinha os meus irmãos.
Benício também tinha uma tarefa difícil, primeiro meus pais tentariam enforca-lo, depois meus irmãos e a minha mãe tentaria impedir todos para que o neto dela não cresça sem pai. E eu, bom, eu sei lá como eu vou fazer agora. Só sei que.. já tá aqui né?
Ou não. Talvez eu faça outro teste e dê negativo, quem sabe.
Estavam todos me esperando como de costume, minha mãe, meu pai, Miguel e Laura com a pequena Olívia dormindo no colo do pai dela.
—Oi mi amor. – mamãe me diz me abraçando apertado e eu caio no choro assim que seus braços me circulam. — Ah amor.. não precisa chorar. Você tá aqui com a gente já.. – ela alisa meu rosto quando me solta e beija a ponta do meu nariz. — Você está tão linda.. mas está meio magra. Tem comido direito?
—Se não comeu, aqui ela come melhor. – meu pai diz me abraçando tão apertado que me tira do chão sem dificuldade. — Oi minha bonequinha.
—Oi pai.. – tento secar as lágrimas mas elas saem involuntáriamente.
—Olha, Oli.. – Miguel alisa as costas da bebê loura em seus braços e ela abre os olhos de forma sonolenta. — A titia bia chegou.
—A Tia Bia? – ela pergunta se movendo no colo do pai e me procurando, sorrio para ela quando os olhinhos azuis redondos como duas bolinhas de gude me encontram, abro os braços e ela pula para o meu abraço.
—Oi titia. – ela me diz com a vozinha cansada e se aconchega em meu colo.
—Oi bibia. – Mimi me diz beijando o topo da minha cabeça junto a Laura. — A gente esteve com saudade.
—Estivemos mesmo. – Laura me diz. — É sempre bom te ter de volta, cunhada.
Ela me abraça apertado e eu retribuo o abraço com um braço só, o outro mantinha a minha pequena sobrinha em meu colo. Olívia era tão doce.. será que meu filho serial igual a ela? Será que seria um menino para a minha mãe ter um casal de netos?
